Suinocultura: Crise fecha granjas no sul de Santa Catarina
Para um produtor de alimentos, suinocultor, pensar em desistir e abrir mão de muitos investimentos, é porque a situação realmente vem somando muitos prejuízos. Na Região Sul do Estado dezenas de granjas estão em processo de fechamento. Em Braço do Norte, cerca de 200 granjas de suínos estavam ativas, hoje, já são apenas 133. E a cada novo dia, uma nova desistência.
Nossa reportagem foi até a propriedade da família Schilikman que encerra neste 2016 uma história de mais de 100 anos na suinocultura. O pai acompanha os passos dos filhos e netos na propriedade e reconhece que a família já não colhe os mesmos frutos que a suinocultura já produziu. Sem condições, os mesmos olhos que viram tudo ganhar forma, agora se despedem da atividade.
Perto desse local, outra granja independente referência em suinocultura. Instalações de excelência, modernas, da forma como exigem os países importadores de carne suína. Tanto investimento para terminar em nada. A família começa desta forma o segundo semestre de 2016. Decididos, o caminho até o fechamento por completo vai ser longo, e ainda vai somar muitos prejuízos.
A ACCS vem acompanhando esse cenário de crise de perto. 2008, 2012 e 2016, esses foram anos que levaram muitas histórias na suinocultura, e o motivo disso, o descaso com a pecuária brasileira. Os reflexos já podem ser sentidos nas cidades em que a produção de suínos ou aves é a base econômica. Em Braço do Norte são R$ 48 milhões que deixarão de entrar somente nesse ano nos cofres da Prefeitura, dinheiro diretamente ligado a remuneração do suinocultor. Sem contar o que isso vai causar para o comércio e as indústrias, ligadas ao trabalho que não será mais realizado.
A crise foi provocada especialmente pelo alto custo de produção. O Sul do Estado é a Região do Estado, com a maior concentração de propriedades independentes e frigoríficos, também é a Região com a maior dificuldade logística no recebimento de insumos como milho e farelo de soja, resultado disso, muita demanda, para pouca oferta.
Nos silos de armazenamento de grãos, caminhões chegam a todo o instante. Milho vindo da Região Central do Brasil, qualidade excelente, mas chegando a R$ 47,50 reais a saca posto propriedade hoje. Valor que nesta região já chegou à 58,00 a saca. Agora outro descaso, as imagens mostram outro descarregamento, aqui, milho Conab, aquele que chega a um preço melhor para o produtor, porém na qualidade longe do ideal para os animais. Tanta poeira, de uma carga de milho Safra 2008. Dura realidade que justifica tamanho desgosto do suinocultor com a sua atividade.
Veja a nota de esclarecimento da Conab:
Gostaríamos de esclarecer que a Conab mantém em seus armazéns em Santa Catarina 39.800 toneladas de milho da Safra 2012/2013, de excelente qualidade, a venda para pequenos e médios criadores catarinenses por meio do Programa de Vendas em Balcão, ao preço de R$ 44,40.
Há apenas um pequeno lote de 3.900 toneladas da Spafra 2008 que, justamente por ser mais antigo, está sendo comercializado na unidade armazenadora de Braço do Norte com deságio, ao preço de R$ 39,90.
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