EUA: Plantio avança rápido, enquanto mercado espera definição de área e novo USDA
"Plantio rápido ajuda, mas não é garantia de safra cheia", afirma o consultor de mercado Aaron Edwards, da Roach Ag Marketing, direto dos EUA, em sua avaliação semanal sobre os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que apontam o avanço dos trabalhos de campo da safra 2023/24. O plantio, principalmente de soja, começou a temporada bastante acelerado, superando o índice do mesmo período do ano passado e o número também de média das últimas cinco safras. No milho, o ritmo também é bastante expressivo.
Ainda assim, como explica Edwards, embora estas primeiras notícias sejam muito positivas, a necessidade do monitoramento sobre a nova safra dos Estados Unidos muito forte é constante e crescente.
"No caso da soja, o plantio rápido é, em parte, um ajuste no comportamento de produtores americanos que têm dado preferência por plantar a soja mais cedo. Para quem quer uma história altistas, vale destacar que os estados mais ao norte estão atrasados em função do tempo frio e úmido que tem arrastado os trabalhos no campo. Embora o plantio até o fim de maio, começo de junho nessas regiões ainda possa produzir uma safra cheia, o clima precisa começar a colaborar logo", diz o consultor.
Do mesmo modo, complementa dizendo que "o plantio na região oeste do cinturão do milho está sendo feito no pó, na seca, na previsão de chuvas. Se as chuvas previstas chegarem a tempo pode ser maravilhoso, mas é um risco. De olho na lavoura, de olho no mercado", orienta Edwards.
Os mapas atualizados pelo Commodity Weather Group nesta quinta-feira (4) mostram que, no intervalo dos próximos cinco dias, algumas chuvas poderiam chegar aos estados mais ao norte, como as Dakotas e Minnesota. No entanto, nos período seguintes - de 6 a 10 dias, de 9 a 13 de maio, e 11 a 15 dias, de 14 a 19- as precipitações já voltam a ficar escassas na região, como mostram as imagens abaixo, na segunda linha de mapas.
Já as temperaturas devem melhorar e ficar um pouco acima da média para o período, o que pode ser bem recebido, principalmente para as áreas já semeadas.
As chuvas mais volumosas destes próximos dias são esperadas para o sudeste do Meio-Oeste americano e para o norte do Delta, entre sexta-feira e sábado, dias 5 e 6 de maio. Já nas áreas norte e leste, são esperadas apenas algumas pancadas, bem como para o restante do Delta, até segunda-feira.
Com este cenário, os especialistas do CWG afirmam que, nos próximos 10 dias são mínimos os riscos de interrupção do plantio em função de adversidades climáticas. O que poderia preocupar um pouco mais é o excesso de umidade no Delta nos próximos 10 dias.
Maio é um mês bastante importante para a definição da safra americana, em especial da disputa por área entre soja e milho. Embora a produtividade seja definida nos meses de julho e agosto, o produtor americano está diante de um dilema entre as janelas ideais de plantio e o seguro de não plantar fora da janela frente aos atuais patamares de preços e a pressão sobre os futuros tanto da soja, quanto do milho na Bolsa de Chicago.
E sem ameaças significativas no horizonte, o mercado climático garante pouco ou nenhum prêmio de risco ao mercado. "Ao se olhar a volatilidade das opções, que é um bom indicador de como o mercado vem considerando a possibilidade de uma redução de oferta, e não há qualquer sinal de medo, de apreensão do mercado sobre uma redução de área", explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
Para o milho, mesmo com uma eventual redução de área, a produtividade poderia compensar para garantir a safra esperada até este momento, ou ao menos um número bem próximo dela. Já para a soja que, segundo o último Prospective Plantings, reporte que traz a intenção de área nos EUA, não deve ter aumento de área, "aí sim poderia haver uma área final menor", como explica Vanin. Isso, confirmado e somado com a possibilidade de um possível problema de produtividade, caso venha, poderia trazer a adição de algum prêmio de risco a frente.
"O mês de maio é o definidor da produção. Agosto pode definir a produtividade, mas se tivermos uma redução de área causada por um atraso de plantio em maio, isso terá impacto maior do que a queda na produtividade", detalha o analista.
Assim, o reporte mensal de oferta e demanda que o USDA traz no dia 12 de maio tem um peso importante e considerável para mercado, ainda como explica Vanin. "Esse relatório indica como o USDA vai ver os próximos 18 meses, a concorrência entre o Brasil e os EUA. Os prêmios americanos têm que cair muito para atrair demanda, na soja e no milho. Se isso não acontecer, o Brasil vai continuar vendendo e os EUA não, que é exatamente o que está acontecendo agora. Temos que olhar para a safra nova e as vendas deles estão bastante atrasadas. Isso só vai se recuperar se os EUA forem competitivo, se não, não".
Dessa forma, a expectativa é de que, nestes próximos dias, com boas previsões climáticas, os produtores americanos deverão acelerar com os trabalhos de campo e garantir, a frente, toda essa competitividade.
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