Temporal no RS provoca estragos e morte na Serra Gaúcha, com danos também para a agricultura

A frente fria prevista para chegar no último domingo (12) no Rio Grande do Sul veio em forma de nuvens carregadas que provocaram temporais em várias regiões do estado. Na Serra Gaúcha, entretanto, o estrago foi maior, sendo o município de São Francisco de Paula o mais atingido: 1,6 mil pessoas estão desabrigadas ou desalojadas e uma morreu em consequência do temporal, atingida por uma estrutura de ferro que voou com as fortes rajadas de vento.

De acordo com o jornal gaúcho Zero Hora, os meteorologistas e os especialistas ainda "não se sentem à vontade" para dizer de imediato o que ocorreu na região, que recebeu ventos de 100km/h nas áreas mais atingidas. Entre os questionamentos, cogita-se que o fenômeno seria uma tempestade severa, o que poderia gerar uma microexplosão ou, até mesmo, um tornado, de acordo com análise do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Antes de São Francisco de Paula, a situação também foi registrada no município de Canela (RS), com rajadas de 65km/h, onde mais de 20 casas foram danificadas pela força do vento e da chuva. "Só uma análise mais minuciosa, com imagens aéreas do local e mais dados é que podem nos dar condições de dizer alguma coisa com mais precisão. O resto é especulação", disse Vagner Anabor, professor do curso de Meteorologia na Universiade Federal de Santa Maria (UFSM), em entrevista ao Zero Hora.

Anabor lembrou ainda que a situação não é tão incomum no estado e que ocorrências desse tipo, de acordo com as probabilidades, podem ser registradas em, pelo menos, 20 dias por ano no Estado, "com chance de danos típicos de um tornado". "Somos a área com maior incidência de tempestades severas na América do Sul", informou o professor, destacando que o estado só perde para o corredor de tornados dos Estados Unidos.

Décio Teixeira, presidente da Aprosoja no Rio Grande do Sul, disse também que "nos últimos anos, o Rio Grande do Sul tem sido atingido por eventos semelhantes a esses muitas vezes, trazendo enormes prejuízos não só na área urbana, como também na área rural".

Na Agricultura

Os relatos começam a chegar na Aprosoja do estado, mas sabe-se que o temporal deste domingo também trouxe danos para as lavouras da região. "Há lavouras prontas para serem colhidas em 20 dias que foram completamente derrubadas, tanto de soja quanto de arroz", disse Teixeira, que também demonstrou uma preocupação com a falta de cobertura dos seguros agrícolas a esse tipo de evento e a necessidade de se ter modelos mais seguros para garantir a lavoura.

"Sempre que tem uma safra chegando, o risco é eminente", acrescentou o presidente, detalhando que deve-se ter uma atenção às entradas de massa de ar frio, que trazem prejuízos para a agricultura e para a pecuária, principalmente.

Veja algumas fotos recebidas pela Aprosoja-RS que mostram os danos nas culturas de soja e, principalmente, no arroz, que se apresenta "totalmente deitado, com riscos para a atividade":

Santa Catarina

O litoral do estado de Santa Catarina também foi atingido pela passagem da frente fria. Dez municípios receberam chuvas fortes e ventos de mais de 60km/h.

Não houve feridos no estado, de acordo com a Defesa Civil de Santa Catarina. No entanto, 83 residências foram atingidas e 293 pessoas foram afetadas. As regiões de Blumenau, Florianópolis, Itajaí e Videira foram as que mais sofreram com os danos do temporal.

Trégua nos próximos dias

Nesta segunda-feira (13), o sistema de frente fria se afasta do Sul do país e dá lugar a uma massa de ar seco, de origem polar, como aponta o boletim da Climatempo.

O boletim de Perspectivas Agroclimáticas Para Argentina e Brasil da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, divulgado na última quinta-feira (9), previu também o resfriamento das temperaturas na região. Em uma estimativa que deve durar até o próximo dia 15, a temperatura mínima na Região Sul deve ficar entre os 5ºC a 10ºC.

Hoje, a frente fria iniciada no Sul do país também avança para o Sudeste.

São Francisco de Paula, depois da tempestade

A prefeitura do município deverá decretar estado de calamidade pública. As pessoas desabrigadas pela tempestade acabaram passando a noite no ginásio da cidade, como informa o G1.

Também em entrevista ao G1, o secretário de desenvolvimento social da cidade, Arquimedes Aguiar, afirmou que não há desaparecidos.

Com informações do Zero Hora, G1, Diário Catarinense e Climatempo