Café: Com safra maior no Brasil, consultorias acreditam em preços ainda pressionados
Os preços futuros do café caíram no ano passado, apesar (dependendo de qual análise você segue) das ideias de mais um déficit na produção mundial.
O impacto desse déficit, evidente nos dados de exportação decadentes do Brasil e do Vietnã, foi diminuído a medida em que os países importadores já haviam armazenado o grão.
As previsões de recuperação na produção em ambos os países também prejudicaram o montante, com o mercado do robusta, em geral, particularmente fraco - caindo 21% - com ideias de forte produção no Vietnã, o principal produtor da variedade, já que teve suporte das informações prévias da colheita.
Os futuros do arábica caíram modestos 7,9%, com uma colheita que promete ser forte no Brasil, o maior produtor de arábica, mas que ainda faltam alguns meses para ser iniciada.
Mas, com os futuros do café, agora relativamente baixos para os padrões históricos, a tendência de baixa está finaliza? Ou os valores vão cair ainda mais?
Os principais analistas dão suas opiniões.
ABN Amro
"O preço do robusta estava deprimido ... principalmente devido à boa colheita no Vietnã."
"As condições climáticas favoráveis ??(secas e ensolaradas) levaram a uma excelente colheita no segundo maior país de produtor de café do mundo e as exportações também aumentaram. Isso empurrou o preço robusta."
"Os relatórios do Brasil, o maior produtor de café do mundo, foram menos positivos. As exportações de café ficaram atrás das expectativas."
"A temporada de 2017/18 que termina em junho é um ano de bienalidade negativo. Isso significa menor [produção], enquanto a demanda deverá continuar crescendo."
"Os preços subirão como consequência, mas apenas em uma extensão limitada, como 2018/19 será um ano com todos os sinais apontando para uma safra recorde no Brasil."
Cepea
"O clima é favorável para o desenvolvimento da safra 2018/19 no Brasil, e sendo um ano de alta no ciclo alternativo de alta e baixa de produção, deve resultar em produção similar ou mesmo maior que a temporada 2016/17."
"Neste cenário, os preços domésticos e externos do café podem ser pressionados em 2018."
"Embora não haja estimativas oficiais de produção, as primeiras especulações já indicam que a colheita deve ser boa, podendo superar as 51,3 milhões de sacas indicadas pela Conab para a temporada 2016/17 [o último ano de bienalidade positiva]."
"Além do efeito bienal positivo, as chuvas desde outubro estão mais generosas, permitindo o desenvolvimento das cerejas e o início do enchimento em algumas regiões."
"Para o arabica, apesar das preocupações iniciais com a floração, que foram prejudicadas em setembro pelo clima mais seco, o retorno da chuva em outubro favoreceu o desenvolvimento da cultura."
"Em relação ao robusta, especialmente no Espírito Santo, o clima mais favorável nos últimos meses de 2017 permitiu a recuperação das plantações de café, que foram prejudicadas pela seca dos anos anteriores".
Citi
"Esperamos que a produção global fique em cerca de 152,5 milhões de sacas [em 2017/18], com queda de 1,4 milhão de um ano para o outro por conta do Brasil e parcialmente compensadas por ganhos no Vietnã e no resto do mundo."
"A relação entre arabica e robusta deve voltar-se ligeiramente a do ano passado para cerca de 60-40. Espera-se que o crescimento da demanda permaneça estável em 1,3-1,5% ao ano uniformemente distribuído entre importadores e exportadores, em média."
"Enquanto o tempo coopera no Brasil, o mundo poderia ver uma pausa no ciclo de déficit de café após cinco anos e com um clima quase perfeito, poderíamos até ver os saldos globais levados a superávit."
"No entanto, como ainda esperamos um déficit de cerca de 3,6 milhões de sacas globalmente em 2017/18, ainda temos uma perspectiva neutra para otimista para 2018."
"A curto prazo, o fornecimento da colheita precoce é esperado para ser lento este ano no Vietnã e na Colômbia, devido à precipitação. Juntamente com a probabilidade de cobertura vendida, esperamos ver os preços em recuperação no primeiro trimestre de 2018."
"Para o ano inteiro, estabelecemos a nossa perspectiva de preço anual em 2018 para o café na ICE em 135 centavos a libra-peso... esperando preços estáveis em 2019."
Commerzbank
"Há um consenso de que o mercado do café provavelmente voltará a ter um déficit em 2017/18, o que deveria realmente ter um efeito favorável aos preços."
"Isso não está acontecendo pelo fato de que... a atenção já está voltando para as perspectivas da próxima safra do Brasil. No caso de arábica [será] um ano de alto rendimento no ciclo de dois anos. O robusta também deverá recuperar após dois anos fracos."
"O preço também está suscetível as influencias dos estoques de café nos países consumidores, acima de tudo nos EUA e na UE, onde se encontram em um nível alto - em uma alta de oito anos de acordo com a Organização Internacional do Café."
"A fraqueza no preço do robusta pode continuar por um tempo como resultado da safra vietnamita alta, enquanto a perspectiva de uma melhor safra 2018/19 no Brasil também não é provável que justifique qualquer aumento de preços forte por enquanto."
"Especialmente o clima no Brasil provavelmente influenciará fortemente a tendência dos preços do café nos próximos meses, também."
"Prevemos o preço do café arabica em 145 centavos por libra-peso e um preço do café robusta de US$ 1.900 por tonelada no quarto trimestre de 2018."
"Acreditamos que o risco está mais do lado positivo - ou seja, se as fracas exportações e os relatórios meteorológicos desfavoráveis desencadearem alguma mudança de sentimento que, apoiada pela remodelação das posições por parte dos participantes no mercado de curto prazo, pode causar aumento de preço."
Goldman Sachs
"A recuperação na produção da safra 2016/17, que impactou negativamente a produção de robusta do Brasil, resultou em uma moderação substancial nos preços."
"A partir daí, vemos os preços estáveis a um pouco mais altos."
"Os dois principais impulsionadores do nosso ponto de vista são: primeiro, um crescimento global mais forte em 2018/19, bem como a contínua rotação do consumidor em mercados emergentes importantes como a China; e em segundo lugar, a estabilização da taxa de câmbio do real brasileiro versus o dólar americano e os preços da energia."
"Mantivemos nossas previsões em 135, 140 e 140 centavos a libra-peso em um horizonte de 3 meses, 6 meses e 12 meses, respectivamente."
Rabobank
"O Brasil pode produzir um recorde de 59 milhões de sacas em 2018/19 - 42,4 milhões De arábica e 16,6 milhões de conillon [robusta]."
"Esses números são precoces e baseados em uma cultura potencialmente recorde no Sul de Minas e Alta Mogiana, mas não tão perfeita no Cerrado, Zona da Mata e Espírito Santo."
"O Vietnã provavelmente terá produção recorde em 2017/18, que estimamos em 28,7 milhões de sacas. Também é possível que o Vietnã produza uma safra ainda maior em 2018/19, especialmente porque um potencial La Nina poderia trazer umidade às terras altas vietnamitas."
"No entanto... nós ainda não vemos muito um superávit global do robusta, considerando alguma recuperação na participação do robusta [da demanda]."
"Mas os preços na segunda metade de 2018 já podem começar a cair com um potencial recorde na colheita de conilon em 2019/20."
Societe Generale
"Prevemos a produção global de café arabica em 93,6 e 99,8 milhões de sacas de 60kg em 2017/18 e 2018/19, respectivamente, com café robusta em 62,8 e 64,8 milhões de sacas, respectivamente, no mesmo período."
"Nós estimamos um déficit de café robusta de 4,8 milhões de sacas de 60 kg e um excedente de 2,6 milhões de 60 kg de café arabica em 2017/18."
"Esperamos que o déficit de café robusta diminua para 3,4 milhões de sacas de 60 kg e o excedente de café arábica deve aumentar para 6,3 milhões de 6 0kg em 2018/19."
"Essa é a principal razão para o nosso rebaixamento no arábica e propagação no café robusta em 2018. Estamos com baixa na propagação de café arabica sobre robusta movendo-se acima de 50 centavos por libra-peso devido aos estoques recordes e o potencial para uma mudança de demanda de arábica para robusta em meio à melhoria dos fornecimentos de café robusta."
"Se prevalecer o nosso maior risco de preço ascendente (clima adverso no Brasil), podemos ver o preço do café arábica movendo-se entre 135-145 centavos por libra-peso."
"Se o maior risco de desvantagem (tempo favorável no Brasil) prevalecer, podemos ver os preços movendo-se entre 110-120 centavos por libra-peso."
Tradução: Jhonatas Simião
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