CNC: Dólar e futuros do robusta influenciaram o comportamento dos preços do café arábica em junho
Os futuros do café arábica, negociados na ICE Futures US, encerraram junho com discreta valorização em relação ao fechamento do mês anterior. Os movimentos do dólar e das cotações da variedade robusta na ICE Futures Europe foram os principais fatores que ditaram o comportamento dos preços internacionais do arábica.
No Brasil, o dólar comercial apresentou tendência de queda ante o real ao longo de junho. No encerramento do mês, a divisa norte-americana foi cotada a R$ 3,1089, acumulando desvalorização de 2,4%, nos últimos 30 dias. As perspectivas de continuidade do aperto monetário no Brasil, as especulações sobre o momento de alta dos juros da economia dos Estados Unidos e, em menor escala, a possibilidade de “default” na Grécia foram os principais fatores que influenciaram a precificação da moeda norte-americana.
Até a semana encerrada em 23 de junho, os fundos que operam no mercado futuro e de opções de café arábica da ICE Futures US mantinham elevado número de posições vendidas. Apesar da indicação de aposta na queda das cotações, o saldo líquido vendido no patamar mais elevado dos últimos 12 meses contribuiu para não incentivar novas ondas de vendas, auxiliando na sustentação das cotações do Contrato C.
O estreitamento da arbitragem entre os terminais de Nova York e Londres também ofereceu sustentação às cotações internacionais do café arábica. Em junho, os preços futuros do robusta apresentaram valorização bem mais elevada que os do arábica. Com isso, a arbitragem entre as bolsas atingiu o patamar mais baixo dos últimos três meses, próximo a US$ 0,5.
O vencimento setembro/2015 negociado na ICE Futures Europe acumulou alta de US$ 131, sendo cotado a US$ 1.784 por tonelada no último dia do mês. Porém, a cotação média mensal, de US$ 1.762/t, foi 10,4% inferior à de junho de 2014. Os preços em patamares menores que os do ano passado têm desencorajado as vendas pelos produtores, principalmente dos vietnamitas.
O Escritório Geral de Estatísticas do Vietnã (GSO, em inglês) estima que as vendas externas no primeiro semestre de 2015 somarão 691 mil toneladas, o menor volume registrado para este período desde 2010. A retração da oferta do país asiático, aliada à quebra da safra brasileira de robusta, tem causado preocupação com a disponibilidade da variedade no curto prazo, evidenciada pelos maiores valores do vencimento julho em relação ao setembro na ICE Futures Europe.
No entanto, apesar da redução dos volumes vendidos pelo Vietnã, os estoques certificados de robusta monitorados pela Bolsa de Londres mantiveram a tendência de alta e atingiram cerca de 3,1 milhões de sacas em junho, quase o triplo do volume contabilizado no mesmo período do ano passado.
Na ICE Futures US, o vencimento setembro do Contrato C acumulou valorização de 380 pontos, sendo cotado a US$ 1,324 por libra-peso no último dia do mês. A cotação média mensal, de US$ 1,34, foi 23% inferior à do mesmo período de 2014. Porém, quando convertidas para reais, as cotações de Nova York superam o patamar médio de junho do ano passado, devido ao fortalecimento do dólar no Brasil.
Os estoques certificados de arábica da bolsa nova-iorquina apresentaram aumento de 10,75 mil sacas, encerrando o mês em 2,15 milhões de sacas. O volume estocado encontra-se em patamar 14% inferior ao observado no mesmo período do ano anterior, de 2,5 milhões de sacas.
No mercado físico brasileiro, a comercialização continuou fraca, já que os preços se mantêm aquém das expectativas dos vendedores. Os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) para as variedades arábica e conilon foram cotados no final de junho a R$ 417,11/saca e a R$ 307,58/saca, acumulando alta de, respectivamente, 1,8% e 6,3% no mês. Devido à maior valorização do café conilon, o diferencial de preços entre as variedades apresentou significativa redução, atingindo os menores patamares desde fevereiro de 2014. Esse cenário reflete a preocupação com a quebra de safra no Espírito Santo.
O Centro de Comércio de Café de Vitória estima que a produção capixaba de café conilon, em 2015, registrou perdas da ordem de 4 milhões de sacas, gerando impacto negativo de R$ 1,2 bilhão na economia estadual. Há expectativas de redução do volume de café exportado pelo Espírito Santo a partir do mês de agosto.
No tocante à política cafeeira, no início de junho foi publicada a Resolução BACEN nº 4.414, que oficializou e distribuiu em linhas de financiamento o orçamento recorde do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) para a safra 2015/16. Foram destinados R$ 4,136 bilhões para a atual temporada, montante 8,1% superior ao de 2014. Esse incremento foi puxado pela elevação dos recursos destinados às linhas de financiamento de Estocagem (+15,8%) e Custeio (+12,4%), conforme ilustrado no quadro abaixo.
Acompanhando a conjuntura macroeconômica nacional, as taxas de juros para as linhas de Custeio, Estocagem, Opções Privadas e Operações de Mercados Futuros e Recuperação de Cafezais Danificados foram fixadas em 8,75% a.a., ante os 6,5% a.a. que vigoraram na safra passada. Os juros para as linhas de Capital de Giro e de Aquisição de Café (FAC) destinada às indústrias e exportadores aumentaram de 7,5% a.a. para 10,5% a.a.
Já em 25 de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) ajustou as normas para contratação de operações de crédito rural a partir de 1º de julho de 2015 e, pela publicação da Resolução BACEN nº 4.421, reduziu de 10,5% para 8,75% ao ano a taxa efetiva de juros da linha de Aquisição de Café (FAC) destinada exclusivamente para as Cooperativas de Cafeicultores que exerçam as atividades de beneficiamento, torrefação ou exportação de café.
A Resolução 4.421 também definiu como limite por beneficiário de crédito de Custeio, ao amparo do Funcafé, o valor de R$ 1,2 milhão. Já o limite do crédito por tomador para as operações de Estocagem foi fixado em R$ 2,4 milhões.
* Conteúdo elaborado pela assessoria técnica do CNC.
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