JBS melhora volume de compras em MS e SP com pecuaristas aceitando vender no prazo
A JBS, líder mundial no processamento de proteína animal, tem melhorado seus volumes de compra nesta semana, em Mato Grosso do Sul e São Paulo. Preocupados com a extensão da queda no mercado do boi gordo e sem opções de vendas, pecuaristas estão cedendo à pressão e entregando seus animais com pagamento para 30 dias.
A informação foi confirmada pelo analista, Douglas Coelho, da Radar Investimentos. Segundo ele, os pedidos de redução de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) em alguns estados ainda não se confirmaram e podem ser bastante difíceis de ocorrer.
Sem muita expectativa de viabilização de novos mercados e com os frigoríficos de médio e pequeno porte sem necessidade de compra, alguns pecuaristas voltaram a negociar com a JBS mesmo com pagamento no prazo.
Esses entregas ocorrem com mais freqüência no Mato Grosso do Sul e, pontualmente, em São Paulo, segundo levantamento da Radar. Douglas afirma não ser possível prever se esse movimento pode tomar conta de outros estados na próxima semana.
Mas, ainda que o volume de negócios tenha aumento ligeiramente em algumas regiões, as escalas da JBS continuam curtas. Em São Paulo atendem em média dois a três dias úteis.
O fato é que "os frigoríficos menores compraram bem até 19/20 desse mês" e aproveitam para testar o mercado. Na perspectiva do analista não há 'no radar' nenhum fator capaz de motivar recuperações nos preços do boi gordo na próxima semana. “Semana que vem, deveremos ter um mercado bem parecido com o que aconteceu nos últimos dias”, diz.
Prejuízos
Desde meados de março, o produtor brasileiro vem enfrentando uma trilogia de problemas, que começou com a operação Carne Fraca, passou pelo retorno do Funrural e chegou até as delações dos irmãos Batista, donos do JBS. Soma-se a isso, os efeitos sazonais do final de safra.
Desde então, os preços da arroba caíram em todo o país. Do dia 16 de março (dia anterior à operação Carne Fraca) até o dia 1 de junho, na média geral das 32 praças pesquisadas pela Scot Consultoria, a queda da cotação da arroba do boi gordo foi de 6,3%. E em alguns casos ultrapassou os 10,0% de queda, como em Dourados (MS) cuja retração foi de 10,5%.
O problema é que a desvalorização da arroba superou o movimento de queda que vínhamos observados nos animais de reposição. A relação de troca piorou para o invernista e o poder de compra do pecuarista diminuiu.
Considerando esses fatores, a Scot estimou quantos bezerros um produtor deixou de comprar, levando em quanto o período de 16/03 e 01/06, na venda de mil bovinos. (Confira o gráfico).
"Em Goiás o pecuarista deixou de comprar o equivalente a três carretas de bezerros com a diferença de receita na operação de venda entre os dias 16 de março e 1 de junho", destaca a consultoria.
Enquanto os produtores sofrem com os preços deprimidos, desvalorizações para o boi gordo e estabilidade para a carne, só faz elevar a margem de comercialização das indústrias, que estão em patamares historicamente elevados.
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