Câmara da cadeia da cana conta com Tereza Cristina na questão do etanol importado
Na primeira reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e Etanol, não há dúvida entre os membros que a principal pauta da agenda continuará contando com o apoio da ministra Tereza Cristina: a manutenção da tarifa de importação de etanol que exceder a cota ou o seu fim desde que os Estados Unidos aumente proporcionalmente a compra de açúcar brasileiro.
A reunião, entre hoje e quarta (3), presidida por Alexandre Lima - que assumiu a Câmara, em rodízio agora representando os produtores rurais -, levará à titular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) a defesa do equilíbrio comercial entre o Brasil e os EUA, como vem sendo defendida há tempo.
"A ministra já apresentou às autoridades americanas (quando da visita recente da comitiva do presidente Jair Bolsonaro ao país) que sem troca não haverá discussão", comentou Lima, que lembra também do giro de Tereza Cristina nos últimos dias pelo Nordeste, acompanhando produtores de sucroenergia, no qual ela teria mais uma vez reafirmado sua posição.
O imposto de importação (i.i.) aplicado pelo Brasil é de 20% sobre o que exceder a cota, de aproximadamente 600 milhões de litros anuais. Em 2018, entraram 1,2 bilhão de litros, proporção que deve ser repetir nesta temporada, especialmente agora na entressafra do Nordeste.
Segundo Alexandre Lima, presidente da Feplana (produtores nacionais) e da AFCP (de Pernambuco), o etanol americano nunca favoreceu o consumidor, chegando mais barato à bomba, como deveria ser a lógica. Mesmo com o i.i. sobre o que ultrapassar a cota, e ainda em tempos de câmbio desfavorável, o etanol vindo dos EUA segue o preço do mercado, sujeito à influência da entressafra e do preço da gasolina, como já lembrou aqui no Notícias Agrícolas, Renato Cunha, presidente do Sindaçúcar PE e presidente da Associação de Produtores de Açúcar e Bioenergia, nova entidade formalizada nesta segunda (1).
A cota para o açúcar brasileiro nos EUA, a preços preferenciais levando em conta antigo e tradicional programa de apoio às questões sócio-ambientais, está em apenas 150 mil toneladas por ano. Se transformada em litros, é seis vezes menos que a cota de etanol que o Brasil já oferece, argumenta Alexandre Lima.
Em dólares, complementa Renato Cunha, é de seis a 7 vezes menor do que o Brasil gasta em divisas com as importações.
Para o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Açúcar e Etanol é muito difícil esperar que os EUA aceitam negociar esta troca, desprotegendo sua indústria de açúcar de custos altos e "subsidiada" pelo consumidor final.
E ainda poderá vir pressão sobre o açúcar brasileiro nestas cotas preferenciais. O governo de Donald Trump sugeriu que o Brasil deixe de ter produtos preferenciais para facilitar seu acesso na OCDE, o clube dos países ricos.
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