NY resiste a usar a alta do petróleo sobre o açúcar e mantém o superávit global (e indiano, em particular)
Por mais que agentes brasileiros e indianos tentem empurrar, o açúcar continua preso sempre ao degrau de baixo em Nova York, quando muito andando de lado na banda atual, longe 13 c/lp e próximo do piso de 12.50. Mesmo na relação direta com o petróleo passando um pouco dos US$ 60 em Londres, a commodity segue mais atrelada ao seu próprio fundamento: superávit mundial dos bons.
Diante de muitas tradings e usinas no Brasil e na Ásia com contratos de entregas e tendo que fixar preços mais dia menos dia, é do jogo tentar uma "tragediazinha" - na expressão em off (por irônica) de um analista dita ao Notícias Agrícolas -, e ver se os fundos atuantes na ICE compram o potencial déficit ou um superávit "adoçante" (magro).
Por enquanto, o mercado está alinhado ao relatório do USDA e às quase 36 milhões de toneladas de açúcar indiano, mantendo um excedente global de praticamente 9 milhões de toneladas.
Nesta quinta (13), depois de um rally na baixa, o contrato de março ficou praticamente no empate com a véspera, em 12.75 c/lp, com o barril do petróleo ganhando um pouquinho de fôlego mais para perto dos US$ 61.
Como já foi escrito aqui há alguns dias, há análises que tiram até 5 mil/t da Índia e ainda juntam retração marginais da Europa, Tailândia e Paquistão. Até uma possível quebra na safra indiana de 19/20 (por seca em algumas regiões neste plantio), que lá começa em setembro, tentaram trazer para as telas mais próximas de Nova York.
Entidades representativas da Índia também entraram nessa, evidentemente porque mesmo com os subsídios no campo e na comercialização, Nova York não fecha as contas no curto prazo.
O anúncio dos petroleiros da Opep dando corte de 1,2 bilhão de barris por dia, até o início oficial da próxima safra de cana brasileira, levou o brent para cima, mas como lembra Maurício Muruci, da Safras & Mercados, "não foi suficiente para tirá-lo do patamar de hoje e alta que de certa forma é anulada pelos superávtis previstos".
Sintomático, por exemplo, é o dado de novembro compilado por Muruci sobre a produção do segundo maior produtor de cana e nesta temporada líder na exportação de açúcar. Na segunda quinzena, o aumento foi de 141,6%, o que levou a um volume de 2,8 mi/t que saíram das fábricas.
Por dedução, assim, o mercado só precificaria melhor o alimento se acreditasse nos dados que mostram emagrecimento da produção.
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