Usinas de cana do Brasil reduzirão investimentos e empréstimos, diz Itaú BBA
SÃO PAULO (Reuters) - As companhias produtoras de açúcar e etanol do Brasil não devem aumentar os seus níveis de endividamento nos próximos meses, disse Pedro Fernandes, diretor do agronegócios do banco de investimento Itaú BBA, já que o ambiente operacional difícil durante esta colheita reduzirá o apetite do setor por investimentos e riscos.
O banqueiro disse nesta quinta-feira, durante apresentação para jornalistas, que as empresas de açúcar e etanol representam a parte mais importante da carteira de crédito do agronegócio do Itaú Unibanco , evitando elaborar.
Ainda nesta temporada, ele prevê que a carteira de empréstimos para o setor de açúcar e etanol não crescerá, já que as companhias estão com menos interesse de acessar capital.
Isso contrasta com o restante do setor agrícola do Brasil, que provavelmente procurará mais empréstimos, disse Fernandes.
Na temporada que terminou em março passado, os produtores brasileiros de açúcar e etanol reduziram seus níveis e endividamento em 3 reais por tonelada, conseguindo gerar receita e pagar as dívidas, disse o banqueiro.
A projeção este ano é incerta, já que, de acordo com analistas, a moagem de cana-de-açúcar no centro-sul, a maior região produtora de cana do mundo, deve cair para uma mínima em quatro safras, em decorrência do envelhecimento dos canaviais e do tempo seco.
"Nós acreditamos que o balanço da dívida das companhias produtoras de açúcar e etanol não aumentará porque os investimentos serão reduzidos", ele disse.
A carteira de crédito do agronegócio do Itaú Unibanco para o setor, incluindo agricultores e processadores de grãos e carnes, foi de 30 bilhões de reais no fim do ano passado, informou.
Enquanto a carteira para o setor de agronegócio, no geral, deve crescer, o nível para as empresas de açúcar e etanol deve ficar estável, disse Fernandes.
(Por Ana Mano)
Job vê produção recorde de etanol do centro-sul apesar de queda de 8% na moagem
SÃO PAULO (Reuters) - A produção total de etanol do centro-sul do Brasil foi estimada nesta quinta-feira em recorde com 29,2 bilhões de litros, sendo 0,8 bilhão de litros do biocombustível feito a partir do milho, de acordo com levantamento da consultoria especializada Job Economia e Planejamento, que elevou sua projeção apesar de uma redução de 8 por cento esperada na moagem de cana devido à seca.
A Job estimou a produção de etanol de cana do centro-sul na safra atual em 28,4 bilhões de litros, ante 28 bilhões na previsão anterior, e a do biocombustível feito a partir de milho em 0,8 bilhão, 100 milhões de litros acima da previsão anterior.
"Preços do petróleo e gasolina mais elevados dão suporte para preços do etanol e aumentam sua competitividade na bomba", afirmou o sócio-diretor da Job, Júlio Borges, explicando que a rentabilidade do biocombustível leva as usinas e destinarias a direcionarem mais cana para o produto.
O aumento da estimativa da produção de etanol ocorreu apesar de uma redução na previsão de moagem de cana de 585 milhões de toneladas para 549 milhões de toneladas, por conta da seca entre abril e julho.
"A quebra de safra pode ser maior que a prevista se chover abaixo da média no período agosto/18-novembro/18", acrescentou.
Na comparação com a temporada anterior, se confirmada, a previsão atual indica uma redução de 8 por cento na moagem da principal região produtora do Brasil, maior player global do setor sucroalcooleiro.
A produção de açúcar foi reduzida de 30 milhões para 27 milhões de toneladas, em função do forte viés alcooleiro da safra e da quebra de cana, e com a fabricação álcool hidratado (concorrente da gasolina) sendo maximizada.
Na safra passada, a produção de açúcar atingiu 36,1 milhões de toneladas.
"Esta forte redução na produção de açúcar deve surpreender o mercado mundial, que prevê um superavit para a nova safra em torno de 7 mi t . À medida em que esta quebra de safra ficar evidente para os mercados externos de açúcar, provavelmente os preços serão afetados positivamente."
A consultoria também destacou que, como consequência do clima seco, o rendimento industrial (ATR/tonelada de cana) foi elevado de 135,1 para 139,4 kg/tc.
EXPORTAÇÃO
Como consequência da situação do mercado, a previsão da exportação de açúcar foi reduzida de 20,4 milhões para 17 milhões de toneladas.
"Volume desta ordem só foi verificado dez anos atrás. Por outro lado, as vendas de etanol no mercado interno foram aumentadas de 25,8 bilhões para 27,9 bilhões de litros", afirmou a Job.
Na temporada passada, a exportação de açúcar atingiu 26,3 milhões de toneladas.
Já as exportações de etanol foram estimadas em 1,5 bilhão de litros, leve alta ante a temporada passada.
(Por Roberto Samora)
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