Abiove: excedente de biodiesel no Centro-Oeste favorece consumo voluntário de B20 e B30
No seminário “Biodiesel: Oportunidades e Benefícios do Uso Voluntário", que acontece hoje, em Cuiabá, na Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (FIEMT), o assessor econômico da Abiove, Fábio Guerra, traça um cenário de tranquilidade para os potenciais usuários da mistura voluntária regulamentada de B20 (20% de biodiesel por litro de diesel) para veículos de prefeituras, governos estaduais, empresas de transporte coletivo de passageiros, companhias de coleta de lixo etc. - e de B30, no caso de transporte ferroviário, tratores, máquinas agrícolas e industriais. De acordo com Guerra, há segura disponibilidade de matéria-prima (soja) para a produção de biodiesel no Centro-Oeste. Nessa região, a oferta do biocombustível é muito superior à sua demanda compulsória.
São Paulo, 04 de maio de 2016 – A oferta abundante de biodiesel no Centro-Oeste, principal região produtora de soja do País, é apontada como um diferencial para se tornar uma das mais propícias ao consumo voluntário de B20 e B30. Segundo a Resolução nº 3 do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), do Ministério de Minas e Energia, de setembro do ano passado, o biodiesel agora pode ser consumido em quantidades superiores aos 7% por litro já adicionados obrigatoriamente ao óleo diesel. Por ser um combustível renovável produzido principalmente a partir do óleo de soja, o uso de biodiesel em misturas superiores à obrigatória apresenta vantagens econômicas e benefícios de saúde pública e socioambientais.
Esses assuntos estão sendo discutidos, hoje, no seminário promovido pelo Sindicato das Indústrias de Biodiesel no Estado do Mato Grosso (Sindibio-MT), pela Associação dos Produtores de Biodiesel do Brasil (Aprobio), pela Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) e pela União Brasileira de Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio). O evento busca mobilizar lideranças de organizações empresariais, dirigentes de federações, cooperativas, sindicatos e grandes empresários do estado e da região em torno das vantagens do uso diferenciado de biodiesel.
Em sua apresentação, o assessor econômico da Abiove, Fábio Guerra, disse que em termos nacionais a atual capacidade industrial instalada é capaz de aumentar, de imediato, a produção de biodiesel em mais de 80%. Ele apresentou um quadro de oferta e demanda de biodiesel no Centro-Oeste, em 2015. A oferta na região é muito superior à demanda compulsória. A capacidade nominal é de 2,9 bilhões de litros, enquanto a produção é de 1,7 bilhão de l e a demanda compulsória é de 500 milhões de litros. Há, portanto, excedente de biodiesel no Centro-Oeste, que consome volumes elevados de diesel adquirido de outras regiões e arca com preços elevados, em função do cujo logístico.
A produção de biodiesel guarda relação positiva com o processamento de soja, ou seja, quanto mais biodiesel, mais soja processada e maior agregação de valor da agricultura nacional, com geração de emprego e renda no interior do país, resumiu Fábio Guerra.
Ele destacou o estudo “Usos de Biodiesel no Brasil e no Mundo”, coordenado pela Abiove e produzido pela Câmara Setorial da Cadeia de Oleaginosas e Biodiesel do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), concluído em dezembro de 2015.
Os diversos testes reportados nos trabalhos selecionados e apresentados no estudo mostram que misturas de até 30% não comprometem significativamente os motores em qualquer um dos cinco critérios analisados. Em termos de emissões, quanto maior o percentual de biodiesel na mistura, melhor é o desempenho ambiental, à exceção da emissão de óxidos de nitrogênio (NOx). Esse aspecto, contudo, é alterado apenas marginalmente.
Os números apresentados esclarecem que o uso de misturas elevadas de biodiesel é seguro para os motores e vantajoso para a saúde pública e o meio ambiente, desde que sejam respeitados os parâmetros presentes nas especificações tanto do biodiesel como do próprio diesel, bem como adotadas práticas adequadas no manuseio desses combustíveis ao longo de toda a cadeia, especialmente na tancagem e no transporte. Isso reforça a pertinência da regulamentação do B20 e do B30, que visa a ampliar os benefícios do biodiesel à sociedade sem colocar em risco o funcionamento dos motores, respeitando os direitos dos motoristas e valorizando a qualidade de vida dos cidadãos, que terão acesso a um ar mais limpo.
No seminário sobre o consumo voluntário de B20 e B30 em frotas cativas, transporte ferroviário, tratores, máquinas agrícolas e industriais, além das indústrias de biodiesel, participam, também, as distribuidoras, que apresentam as suas práticas de aquisição do biocombustível, e as montadoras de veículos e usuários de diesel, que detalham as garantias e experiências bem-sucedidas com misturas superiores de biodiesel.
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