Cooperação entre Brasil e Bangladesh deve impulsionar o mercado para o algodão brasileiro
Quarto maior mercado para o algodão brasileiro e destino de 12% de toda a fibra embarcada pelo Brasil para o mundo, Bangladesh é um país prioritário para a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa). O presidente da entidade, Alexandre Schenkel, foi um dos representantes dos setores econômicos exportadores nacionais que participaram, na manhã desta quarta-feira, 1º de fevereiro, da assinatura do Memorando de Entendimento entre a Apex-Brasil e a Federation of Bangladesh Chambers of Commerce & Industries (FBCCI), instituição bengalesa equivalente à agência de fomento nacional.
Entre as partes que assinaram o memorando, a cerimônia teve presença, dentre outros, da embaixadora de Bangladesh para o Brasil, Sadia Faizunneza, do secretário sênior do Ministério do Comércio de Bangladesh, Tapan Kanti Gosh, e do presidente da FBCCI, Jashim Uddin. Do lado do governo brasileiro, participaram a diretora de Negócios da Apex-Brasil, Ana Paula Repezza, e o diretor do Departamento de Comércio e Promoção de Investimentos, embaixador Alex Giacomelli.
A expectativa da Apex e da FBCCI, com o acordo de cooperação, é de promover, fortalecer e dar visibilidade às relações comerciais entre os dois países. Atualmente, além do algodão, o Brasil é um fornecedor representativo de outras commodities, como açúcar, soja e minério de ferro. Já Bangladesh exporta produtos manufaturados para o Brasil, especialmente, têxteis.
Indústria crescente: mais algodão
De acordo com o presidente da FBCCI, Jashim Uddin, no biênio 2024/2025, a indústria têxtil de Bagladesh deve dobrar em tamanho. “Vamos precisar de mais algodão. Hoje, estamos comprando a fibra do Brasil, África e Índia, e o memorando assinado aqui favorece o comércio entre nós”, afirmou. A FBCCI representa 80% das indústrias da iniciativa privada de Bangladesh, tem mais de 400 associados e cerca de 38 acordos bilaterais, como o firmado em Brasília.
A instituição bengalesa completa 50 anos, em 2024, e prepara uma grande cerimônia para a qual mais de 200 delegações estrangeiras têm presença prevista. Na solenidade de assinatura do memorando, o Brasil foi convidado a participar da celebração.
Oportunidades sustentáveis
A sustentabilidade, um dos principais atributos do algodão brasileiro, foi apresentada como uma oportunidade para o comércio entre os dois países. O tema faz parte da agenda de Bangladesh, que vem reforçando suas ações neste sentido, nos últimos dez anos, tendo já, em operação, várias plantas industriais consideradas “verdes”.
Em sua fala, Alexandre Schenkel destacou o fato do Brasil ser a origem de algodão com maior participação em toda a pluma licenciada pela ONG suíça Better Cotton Initiative (BCI). “Atualmente, 42% de todo algodão licenciado pela Better Cotton vêm de lavouras brasileiras e 86% de toda a pluma produzida pelo Brasil são certificados pelo programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR), que opera em benchmark com a BCI”, disse.
Schenkel ressaltou, ainda, que, de acordo com o International Cotton Association Committee (Icac), 95% do algodão brasileiro depende apenas da água da chuva para a sua produção. “A possibilidade de ter esse algodão sendo manufaturado em fábricas igualmente sustentáveis, em Bangladesh, abre novas oportunidades de comércio, faz os nossos clientes felizes e traz ganhos ambientais, sociais e econômicos”, afirmou o presidente da Abrapa.
Afinidades constatadas
Na noite anterior à assinatura do Memorando de Entendimento, Schenkel participou de um jantar oferecido pela embaixadora de Bangladesh e o marido dela, Michael Winter, na sede da embaixada. Na ocasião, o secretário sênior do Ministério do Comércio de Bangladesh, Tapan Kanti Gosh, e o presidente da FBCCI, Jashim Uddin, foram apresentados aos representantes do setor privado do Brasil. “Este encontro prévio foi interessante para que pudéssemos estreitar os laços e entender melhor as demandas deles, que são oportunas para o Brasil. Mais uma vez, constatamos a imensa receptividade do povo de Bangladesh. Já havíamos verificado isso em todas as missões de promoção do algodão brasileiro que empreendemos lá. Somos países com grandes semelhanças e afinidades”, concluiu Schenkel.
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