Produção de algodão 2020/21 deve cair 13% no Brasil com migração para soja e milho
Por Nayara Figueiredo
SÃO PAULO (Reuters) - A produção brasileira de algodão em pluma deve recuar 13% na safra 2020/21, para 2,5 milhões de toneladas, com produtores migrando para cultivos de soja e milho, cujos preços encontram-se mais remuneradores, estimou nesta segunda-feira a associação nacional do setor Abrapa.
Esse movimento de substituição tende a fazer com que a área de plantio de algodão alcance 1,4 milhão de hectares, queda de 12% ante a temporada de 2019/20.
As estimativas foram feitas durante reunião da Câmara Setorial de Algodão e seus Derivados, do Ministério da Agricultura, com a participação da Abrapa e demais elos da cadeia, como indústria e exportadores.
No início deste mês, representantes do setor --um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus-- ouvidos pela Reuters viram uma reação nos preços da pluma, mas ainda assim estimavam uma redução na área de plantio entre 10% e 15%.
"O setor amargou um grande baque com a pandemia da Covid-19. Agora, estamos vendo a rápida recuperação do mercado, mas a decisão (de reduzir o plantio) foi tomada dois meses atrás", disse em nota o presidente da Abrapa, Milton Garbugio.
Segundo ele, além da questão do cotação da commodity, atualmente em torno de 0,65 dólar por libra-peso, é preciso ter mercado para escoar a produção, tanto dentro quanto fora do Brasil.
"Os estoques mundiais deverão crescer em torno de 3% e, internamente, a previsão é de que tenhamos algo próximo de 422 mil toneladas de estoques de passagem, em 2020/21. Não adianta produzir muito e não vender toda a produção", explicou.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, disse que a retomada do consumo está se dando de forma acelerada, após o relaxamento nas medidas de contenção da Covid-19, com a reabertura --ainda que parcial-- do comércio e do setor de serviços.
No entanto, a Abit estima que a indústria têxtil brasileira já encolheu 19,8% no acumulado do ano em relação a 2019, na esteira de quedas de mais de 30% nos setores de vestuário e vendas do varejo, citou o comunicado da Abrapa.
"O mercado está reaquecendo e... precisamos estar coordenados nesse processo de retorno das atividades para ajustar o preço, o fornecimento e a demanda do mercado. Acredito que vamos precisar de uns 120 dias para ajustar essas equações", afirmou Pimentel, dissociando a alta nos preços ao consumidor final do valor do algodão e sem cogitar a possibilidade de falta da matéria-prima.
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