Ibovespa sucumbe à aversão a risco global após reação da China ampliar guerra comercial
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava para mínimas em três semanas nesta sexta-feira, sucumbindo à aversão a risco global, após a China retaliar tarifas comerciais anunciadas na véspera pelos Estados Unidos, elevando temores de desaceleração da economia global.
Por volta de 11h, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, cedia 2,72%, a 127.572,34 pontos, chegando a 127.344,59 na mínima até o momento e menor patamar desde 14 de março. O volume financeiro somava R$6,4 bilhões.
A China anunciou tarifas adicionais de 34% sobre os produtos norte-americanos nesta sexta-feira, bem como controles sobre as exportações de algumas terras raras e apresentou uma reclamação na Organização Mundial do Comércio.
Na visão do analista de investimentos Alison Correia, sócio-fundador da Dom Investimentos, o contra-ataque da China no estilo "olho por olho" ratificou o ambiente de guerra comercial.
Correia ressaltou que o Brasil passou ileso na véspera, uma vez que o país recebeu a alíquota mínima, de 10%, dos EUA, mas disse acreditar que dificilmente o mercado brasileiro conseguiria se descolar nesta sessão do forte pessimismo internacional.
"Sinceramente, acho que vai ser muito difícil", reforçou.
Em Wall Street, o S&P 500 recuava 2,61%, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro norte-americano marcava 3,9606%, de 4,055% na véspera. As bolsas na Europa também tinham quedas relevantes, seguindo o fechamento na Ásia.
Citando uma "considerável incerteza" após o anúncio das tarifas, economistas do JPMorgan afirmaram que estavam esperando para fazer qualquer revisão em suas previsões econômicas, afirmaram em relatório enviado a clientes
"No entanto, temos convicção suficiente para afirmar que o anúncio...eleva os riscos de recessão nos EUA e global para 60%, em relação ao risco previamente estimado de 40% há um mês", acrescentaram.
Em meio a tal cenário, dados do mercado de trabalho dos EUA mais forte do que as previsões, com a criação de 228.000 vagas de emprego em março, contra a previsão no mercado de abertura de 135.000 postos, ficaram em segundo plano.
DESTAQUES
- VALE ON recuava 3,26%, contaminada pelas preocupações com a economia global, em pregão com os mercados financeiros na China fechados por feriado. No setor de mineração e siderurgia, CSN ON perdia 7,95%, USIMINAS ON caía 6,08% e GERDAU PN cedia 3,52%. O Citi retomou a cobertura de Usiminas com recomendação neutra.
- PETROBRAS PN era negociada em baixa de 4,33%, conforme os preços do petróleo voltaram a desabar nesta sessão no exterior. O barril de Brent afundava 7,4%, a US$64,95. No setor de petróleo e gás, BRAVA ON desabava 14,29%, PRIO ON caía 9,18%, com dados de produção também no radar, e PETRORECONCAVO ON caía 6,24%.
- ITAÚ UNIBANCO PN cedia 1,97%, com os bancos como um todo sucumbindo à aversão a risco generalizada. BRADESCO PN caía 1,81%, BANCO DO BRASIL ON perdia 1,68% e SANTANDER BRASIL UNIT recuava 2,76%.
- CARREFOUR BRASIL ON disparava 10,9%, entre as poucas altas do Ibovespa na sessão, após o controlador, o grupo francês Carrefour, melhorar proposta para adquirir todas as ações em circulação da subsidiária brasileira, incluindo o aumento do valor em dinheiro que pagará por ação para R$8,50, de R$7,70 anteriormente.
- VAMOS ON caía 8,68%. Relatório do JPMorgan reiterou "overweight", mas cortou o preço-alvo de R$10 para R$8,50. Os analistas enxergam melhoria sequencial do desempenho operacional entre os pontos positivos, mas citam desafios impostos pelo aumento dos custos de depreciação e queda sequencial das margens em veículos usados.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)
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