Volume de crédito agrícola contratado em julho cresce 30% em relação a 2014
O volume de crédito agrícola contratado em julho de 2015 é 30% superior ao mesmo mês do ano passado. O valor foi divulgado nesta terça-feira (25) pela ministra Kátia Abreu (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) durante reunião com entidades do agronegócio e representantes de bancos públicos e privados.
Em julho de 2014, o total financiado a juros controlados foi de R$ 8,886 bilhões (incluindo recursos obrigatórios, poupança rural e fundos constitucionais). Já no mês passado, esse valor saltou para R$ 11,596 bilhões, aumento de 30%. A fonte dos dados é o sistema de monitoramento do Banco Central (Sicor) e leva em conta custeio e comercialização, incluindo grandes, médios e pequenos produtores (Pronamp e Pronaf).
Em relação ao primeiro semestre, que leva em conta parte da safra atual e da anterior, houve queda de 7% de 2014 para 2015, passando de R$ 52,4 bilhões para R$ 48,7 bilhões. “Mas o mês de julho é o mês genuinamente da nova safra de 2015/2016, que foi onde encontramos aumento. Isso traz uma certa tranquilidade porque estamos em ascendência”, afirmou Kátia Abreu.
Kátia Abreu ponderou que o aumento de 30% no volume financiado neste mês em relação ao ano passado se deve, em parte, à menor disponibilidade do pré-custeio no primeiro semestre.
A reunião entre produtores e bancos foi convocada pela ministra após entidades agrícolas alegarem dificuldade na hora de tomar o empréstimo nas agências bancárias. “Quando uma luz amarela acende, temos obrigação de chamar os atores e ouvir todos os envolvidos, porque o mais difícil nós temos, que é o dinheiro e encontrar quem quer correr risco, que são os produtores. Então, este meio de campo tem que ser desembolado”, disse ministra.
Entre as reclamações apresentadas pelos produtores, está o aumento das exigências dos bancos na hora de contratar financiamento, inclusive com garantia real. Além disso, há queixas sobre venda casada e sobre “mix” de taxas, quando há mistura entre recursos controlados e crédito livre.
“Nada mais justo do que ouvir o choro. Ninguém chora sem motivo”, afirmou a ministra ao fim da reunião. “Mas estamos passando por uma crise na China e por ajustes sérios na nossa economia. Todo o mercado, obviamente, se sensibiliza. Então é normal que os bancos, temorosos com os riscos, fiquem mais exigentes e preocupados. Mas não é nenhuma dificuldade incontornável”, completou
A ministra marcou para daqui um mês nova reunião a fim de avaliar a evolução das contratações. “Tenho certeza que a realidade em agosto estará melhor”, disse. “Apesar do preço das commodities terem caído, estamos vendendo nossos produtos, abrindo nossos mercados”.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Tarcísio José Massote de Godoy, afirmou que a agropecuária “só tem trazido alegrias” para a economia brasileira e que o governo federal tem considerado o bom desempenho do setor na hora de dotar recursos.
“Prova disso é que, apesar da situação rigorosa das contas públicas, a presidente Dilma Rousseff, juntamente com a ministra Kátia Abreu, disponibilizou recursos bastante relevantes para o Plano Agrícola e Pecuário”, afirmou Godoy. O volume destinado para a safra 2015/2016 foi de R$ 187,7 bilhões, valor 20% superior à safra anterior.
Banco do Brasil
O vice-presidente do Banco do Brasil, Osmar Dias, participou da reunião e informou aos agricultores que a diminuição do pré-custeio em 2015 se deveu à queda do deposito à vista e da poupança. “Não foi porque o banco não queria dar pré-custeio. Mas há necessidade de se ampliar o lastro para não faltarem recurs os”, explicou Dias.
Somente o Banco do Brasil, que opera 65% do crédito agrícola a juros controlados no país, aumentou em 28% o número de contratos firmados em julho de 2015 em relação ao mesmo mês do ano passado, passando de 47.317 para 60.625 contratos. Em volume de recursos, o acréscimo foi de 93%, salto de R$ 3,311 milhões em 2014 para R$ 6,396 milhões em 2015.
Para Osmar Dias, o crescimento do número de contratos mostra que não há concentração dos financiamentos apenas nos clientes considerados “classe a”, que apresentam menor risco ao banco. A instituição se comprometeu a levantar as contratações por produto, a fim de analisar concentração de problemas em determinadas cadeias.
A ministra ainda ponderou que os bancos devem respeito ao acordo de Basileia, por isso têm a obrigação e a responsabilidade de analisarem o nível de risco das contratações. “Os bancos precisam ficar no fio da navalha entre o cumprimento do Plano Safra e as determinações de Basileia. Agora, como a ministra da Agricultura vai interferir em um banco privado? Eu não posso fazer isso. Já em relação aos bancos públicos, eu não tenho visto diminuição dos financiamentos”, afirmou.
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