Entregas de fertilizantes no Brasil caem 7,7% até julho, diz associação
Por Gustavo Bonato
SÃO PAULO (Reuters) - As entregas de fertilizantes ao consumidor final no Brasil somaram 14,97 milhões de toneladas entre janeiro e julho, queda de 7,7 por cento ante o mesmo período em 2014, informou nesta quarta-feira a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
As entregas de julho atingiram 3,26 milhões de toneladas, praticamente estável ante o mesmo mês de 2014, uma marca historicamente elevada para o período, mas não foram suficientes para compensar a queda acentuada nos meses de abril e maio, segundo as estatísticas da Anda.
"Tivemos o segundo maior julho de todos os tempos. A recuperação se iniciou a partir de junho", disse à Reuters o diretor-executivo da associação, David Roquetti Filho.
Segundo ele, não há um atraso nas entregas, mas uma redução das antecipações comuns em anos recentes, quando produtores capitalizados buscavam fechar negócios ainda no primeiro semestre em busca de melhores preços e para evitar gargalos logísticos na entrega.
"Este ano o mercado voltou à sazonalidade normal, prévia à crise financeira internacional de 2008", disse Roquetti Filho.
Ainda assim, empresas do setor admitem que há um desafio logísticos para entregar grandes volumes de fertilizantes às vésperas do início do plantio --a safra 2015/16 de soja e de milho começa a ser semeada oficialmente em meados de setembro.
O presidente da Mosaic no Brasil, uma das maiores distribuidoras de fertilizantes do país, afirmou nesta quarta-feira que produtores em algumas áreas mais distantes que deixaram para fechar as compras na última hora podem ficar sem o insumo.
"Você precisa fazer as compras com bastante antecedência e isso não está acontecendo. Quando tudo se concentra, temos portos com capacidade que não é suficiente. Haverá áreas onde produtores não serão capazes de receber em tempo", disse o executivo da Mosaic, Floris Bielders.
Para Roquetti Filho, da Anda, "o desafio logístico persiste principalmente quando a antecipação é menor, como a deste ano".
A entidade não faz estimativas sobre negócios fechados, apenas entregas físicas.
Os números, contudo, reforçam a percepção de que produtores rurais começaram 2015 mais cautelosos com os investimentos em tecnologia para a safra 2015/16.
O presidente da Mosaic estimou que as vendas do setor em 2015 fechem em torno de 30 milhões a 31 milhões de toneladas, ante recorde de 32,2 milhões em 2014.
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