Portos brasileiros não atenderão demanda por fertilizantes para a safra de verão, afirma INTL FCStone

Publicado em 15/07/2015 10:02
Segundo consultoria, a necessidade de importação mensal de adubos até o mês de setembro está acima da capacidade portuária

A capacidade brasileira de importação é insuficiente para atender a demanda por fertilizantes até o fim do mês de setembro, que atende as aplicações da safra de verão de soja e milho. De acordo com a revisão da estimativa da consultoria INTL FCStone, a necessidade de importação mensal para julho, agosto e setembro está entre 2,7 e 3,3 milhões de toneladas – já acima da capacidade portuária brasileira.

O número anterior, entre 2,5 e 3 milhões de toneladas, teve reajuste devido aos dados de junho indicarem uma importação de 2,025 milhões de toneladas – número significativamente abaixo do necessário para atender integralmente à demanda para a safra de verão.

O atraso verificado nas compras de fertilizantes já havia tornado o ritmo de importações mais lento durante o primeiro semestre - foram 8,288 milhões de toneladas importadas, contra 10,513 milhões de toneladas em 2014. Porém, outros entraves podem agravar a situação de abastecimento no Brasil mesmo com a intensificação das compras para a próxima safra.

Como consequência da oferta limitada, o produto que entrar a partir de agora vai contar com custos mais altos de demurrage – a taxa cobrada por cada dia de espera do navio no porto, que em geral significa o acréscimo de 1 US$ por tonelada por dia de espera do navio – e parte da carga deve ser deslocada para portos mais distantes, aumentando o gasto com frete.

O atraso ocorrido para as importações de fertilizantes fomenta a possibilidade de sobrecarga dos sistemas de importação e distribuição domésticos. Os dados de line up de fertilizantes da semana anterior mostraram um forte aumento no tempo de espera nos portos e as condições climáticas desfavoráveis têm feito a atividade de desembarque ser paralisada frequentemente.

No principal porto de entrada de fertilizantes no país, Paranaguá, há mais de um milhão de toneladas de fertilizantes em espera para o desembarque. Além do atraso nas importações, a ocorrência de fortes chuvas ocasionou o fechamento por quatro dias e vem agravando a situação. “A perspectiva é de que a região siga apresentando volume de chuvas acima da média, não descartando a possibilidade de novas paralisações”, explica a analista de fertilizantes da consultoria Mony Belon.

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Fonte:
INTL FCStone

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1 comentário

  • Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS

    A situação (nos portos) é muito grave e afeta também a industria de defensivos. Os negocios estão parados no setor de insumos em todo o País. Há pelo menos 3 anos que o risco sistêmico do setor vem aumentando fortemente, em parte devido ao alto nível de endividamento, pelas aventuras comerciais de algumas revendas que fomentadas pela industria afrouxaram o crédito e/ou se expuseram sem lastro em operações de troca. O acirramento da recessão econômica trouxe como conseqüência imediata a redução das linhas de crédito. As Seguradoras de Crédito no Exterior que cobrem boa parte dos riscos comerciais de Importação reduziram a exposição ao Risco Brasil há 3-4 meses. Isso não é noticiado para o grande público porque são informações cujo entendimento poucas pessoas possuem. Há alguns meses venho alertando que um dos indicadores laterais que afetam o financiamento do setor agrícola é o Custo do Desconto de Duplicatas e a disponibilidade desse tipo de linha nos Bancos Privados.

    O Agronegocio, do ponto de vista de quem empresta dinheiro ou que concede prazos, não é a maravilha que muitos pensam.

    Nesse ano, mesmo com uma eventual recuperação dos preços em Chicago, as contas não fecharão para boa parte dos arrendatários no Centro-Oeste, ainda que obtenham elevados níveis de produtividade.

    Na média, a tecnologia aplicada nas lavouras vai ser menor nessa Safra do que em anos anteriores. Porém, a pressão das pragas é crescente, assim como é imprevisível o comportamento do clima.

    O cenário aponta concretamente para uma quebra de produção em várias regiões e um alto risco de deterioração da qualidade do produto a ser colhido.

    Quem estiver relativamente capitalizado e tiver a cabeça no lugar, poderá sair-se muito bem nesse horizonte adverso. Quem não estiver tão bem assim, está há tempo de revisar os planos de cultivo, eventualmente reduzindo a área plantada em algum nível, mas mantendo a tecnologia aplicada e algo de caixa para enfrentar as turbulências que poderão vir. Aqueles que se iludem ano após ano e que acham que o Governo acabará bancando a conta em última instância, dessa vez enfrentarão uma enorme possibilidade de irem a falência. Em tempos em que "a farinha é pouca", certamente que pirão do Governo virá primeiro. Como dizem os Americanos: "In crisis moment, the most important is to pay attention to the Break Even Point".

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    • Luiz Alfredo Viganó Marmeleiro - PR

      Compartilho dessa tua visão Eduardo, longe de ser alarmista ou pessimista como muitos pensam, acho que reflete bem os dias vindouros pro "agronegócio"...

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