Portos brasileiros não atenderão demanda por fertilizantes para a safra de verão, afirma INTL FCStone
A capacidade brasileira de importação é insuficiente para atender a demanda por fertilizantes até o fim do mês de setembro, que atende as aplicações da safra de verão de soja e milho. De acordo com a revisão da estimativa da consultoria INTL FCStone, a necessidade de importação mensal para julho, agosto e setembro está entre 2,7 e 3,3 milhões de toneladas – já acima da capacidade portuária brasileira.
O número anterior, entre 2,5 e 3 milhões de toneladas, teve reajuste devido aos dados de junho indicarem uma importação de 2,025 milhões de toneladas – número significativamente abaixo do necessário para atender integralmente à demanda para a safra de verão.
O atraso verificado nas compras de fertilizantes já havia tornado o ritmo de importações mais lento durante o primeiro semestre - foram 8,288 milhões de toneladas importadas, contra 10,513 milhões de toneladas em 2014. Porém, outros entraves podem agravar a situação de abastecimento no Brasil mesmo com a intensificação das compras para a próxima safra.
Como consequência da oferta limitada, o produto que entrar a partir de agora vai contar com custos mais altos de demurrage – a taxa cobrada por cada dia de espera do navio no porto, que em geral significa o acréscimo de 1 US$ por tonelada por dia de espera do navio – e parte da carga deve ser deslocada para portos mais distantes, aumentando o gasto com frete.
O atraso ocorrido para as importações de fertilizantes fomenta a possibilidade de sobrecarga dos sistemas de importação e distribuição domésticos. Os dados de line up de fertilizantes da semana anterior mostraram um forte aumento no tempo de espera nos portos e as condições climáticas desfavoráveis têm feito a atividade de desembarque ser paralisada frequentemente.
No principal porto de entrada de fertilizantes no país, Paranaguá, há mais de um milhão de toneladas de fertilizantes em espera para o desembarque. Além do atraso nas importações, a ocorrência de fortes chuvas ocasionou o fechamento por quatro dias e vem agravando a situação. “A perspectiva é de que a região siga apresentando volume de chuvas acima da média, não descartando a possibilidade de novas paralisações”, explica a analista de fertilizantes da consultoria Mony Belon.
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Eduardo Lima Porto Porto Alegre - RS
A situação (nos portos) é muito grave e afeta também a industria de defensivos. Os negocios estão parados no setor de insumos em todo o País. Há pelo menos 3 anos que o risco sistêmico do setor vem aumentando fortemente, em parte devido ao alto nível de endividamento, pelas aventuras comerciais de algumas revendas que fomentadas pela industria afrouxaram o crédito e/ou se expuseram sem lastro em operações de troca. O acirramento da recessão econômica trouxe como conseqüência imediata a redução das linhas de crédito. As Seguradoras de Crédito no Exterior que cobrem boa parte dos riscos comerciais de Importação reduziram a exposição ao Risco Brasil há 3-4 meses. Isso não é noticiado para o grande público porque são informações cujo entendimento poucas pessoas possuem. Há alguns meses venho alertando que um dos indicadores laterais que afetam o financiamento do setor agrícola é o Custo do Desconto de Duplicatas e a disponibilidade desse tipo de linha nos Bancos Privados.
O Agronegocio, do ponto de vista de quem empresta dinheiro ou que concede prazos, não é a maravilha que muitos pensam. Nesse ano, mesmo com uma eventual recuperação dos preços em Chicago, as contas não fecharão para boa parte dos arrendatários no Centro-Oeste, ainda que obtenham elevados níveis de produtividade. Na média, a tecnologia aplicada nas lavouras vai ser menor nessa Safra do que em anos anteriores. Porém, a pressão das pragas é crescente, assim como é imprevisível o comportamento do clima. O cenário aponta concretamente para uma quebra de produção em várias regiões e um alto risco de deterioração da qualidade do produto a ser colhido. Quem estiver relativamente capitalizado e tiver a cabeça no lugar, poderá sair-se muito bem nesse horizonte adverso. Quem não estiver tão bem assim, está há tempo de revisar os planos de cultivo, eventualmente reduzindo a área plantada em algum nível, mas mantendo a tecnologia aplicada e algo de caixa para enfrentar as turbulências que poderão vir. Aqueles que se iludem ano após ano e que acham que o Governo acabará bancando a conta em última instância, dessa vez enfrentarão uma enorme possibilidade de irem a falência. Em tempos em que "a farinha é pouca", certamente que pirão do Governo virá primeiro. Como dizem os Americanos: "In crisis moment, the most important is to pay attention to the Break Even Point".Compartilho dessa tua visão Eduardo, longe de ser alarmista ou pessimista como muitos pensam, acho que reflete bem os dias vindouros pro "agronegócio"...