CHICAGO (Reuters) - A Cargill enviará 50 mil toneladas de milho brasileiro aos Estados Unidos na próxima semana, mostram nesta quarta-feira dados de escalas de navios, no que deverá ser o primeiro de muitos navios carregados que chegarão ao país com grãos da América do Sul este ano.
Produtores de carne suína e avicultores do sudeste dos EUA já compraram dois navios de milho sul-americano com chegadas previstas para agosto e setembro, enquanto pelo menos uma terceira embarcação tem chegada prevista para março, de acordo com operadores de exportação de milho norte-americano.
A Cargill está listada como contratante do navio Nord Voyager, que deverá descarregar 50 mil toneladas de milho originado no porto de Santarém (PA), segundo dados da agência marítima Williams. A Cargill, que tem um terminal portuário na cidade paraense, disse que não iria comentar.
O navio deverá atracar no porto de Wilmington, na Carolina do Norte, disseram os operadores.
A procura se explica porque, embora os EUA sejam os maiores produtores mundiais de milho, o grão é produzido na parte central do país, longe do sudeste, onde se concentram as criações de suínos e frangos, que consomem grandes quantidades de ração produzida com milho e soja.
A importação de pequenas quantidades de milho, soja e farelo de soja da América do Sul por criadores norte-americanos teve início em 2012, por culpa de uma seca que afetou a produção dos EUA.
Brasil avança em acordo para importar trigo da Rússia
BRASÍLIA (Reuters) - O Brasil concluiu as análises para liberar a importação de trigo da Rússia, informou nesta quarta-feira o Ministério da Agricultura, em meio a uma viagem da ministra Kátia Abreu a Moscou.
Em teleconferência com jornalistas, a ministra afirmou que o aval final para o trigo russo será concedido "nas próximas semanas".
Questionada sobre eventual encarecimento do produto devido ao custo do frete, a ministra ponderou que a decisão de comprá-lo, ou não, caberá ao mercado.
"Se o mercado brasileiro achar que os preços de qualquer país são inviáveis, não é o governo brasileiro que vai impor essa compra. Nossa função é habilitar, não tratamos de subsídios em nenhum momento", disse.
O governo brasileiro também avançou nos trâmites para liberar a importação de pescado russo como contrapartida para a abertura daquele mercado para produtos lácteos do Brasil.
"Atualmente compramos trigo de países que não têm comércio intenso com o Brasil, como o Canadá. Vamos mudar isso e priorizar os mercados que nos oferecem reciprocidade, como é o caso da Rússia, um dos principais destinos de carnes bovina, suína e de aves", disse a ministra, em nota.
Habitualmente o Brasil compra no exterior mais da metade dos quase 12 milhões de toneladas de trigo que consome anualmente. Contudo, a Argentina --que goza de isenção tarifária nas vendas para o Brasil-- é o principal fornecedor.
Nos últimos dez anos, as únicas importações de trigo russo pelo Brasil ocorreram em 2010 e em um volume pequeno, de quase 29 mil toneladas, segundo registros do Ministério da Agricultura.
"Confirmamos nossa disposição em princípio para assinar um acordo entre a Rússia e o Brasil relacionado às exigências fitossanitárias para o trigo fornecido pela Rússia ao Brasil, de acordo com as mudanças propostas pela comitiva brasileira", disse um porta-voz do Ministério da Agricultura da Rússia à agência Tass, após encontro entre Kátia Abreu e o ministro russo de agricultura Alexander Tkachev.
LÁCTEOS
Onze empresas brasileiras receberam nesta quarta-feira autorização da Rússia para exportar, pela primeira vez na história, leite em pó àquele mercado.
Junto com outras companhias que já tinham essa liberação mas não estavam exportando leite em pó para a Rússia, 22 empresas brasileiras no total poderão embarcar o produto para o país.
A Associação Brasileira de Laticínios (Viva Lácteos) espera atingir, a médio prazo, metade do mercado russo, que importa anualmente 630 mil toneladas de leite em pó, no valor de 1,2 bilhões de dólares, segundo nota do Ministério da Agricultura do Brasil.
Durante a teleconferência, a ministra Kátia Abreu estimou que isso deve ocorrer dentro de dois a três anos.
Em nota, o ministério havia informado que o leite em pó fará parte de protocolo de "prelisting" entre os dois países, ou seja, empresas brasileiras poderão ser autorizadas a exportar sem necessidade de fiscalização prévia, desde que atendam aos requisitos da legislação russa.
Segundo a ministra, contudo, as empresas que receberam aprovação nesta quarta-feira para exportar para a Rússia não ganharam o aval sob esse sistema.
"Se novas empresas aparecerem no ministério pedindo, solicitando, aí será sob a modalidade de prelisting. Mas nós agora, ao todo, estamos com 22 empresas", pontuou ela.