Produção industrial no Brasil cai em novembro pelo segundo mês seguido
Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A produção da indústria no Brasil caiu um pouco mais do que o esperado em novembro, marcando o segundo mês seguido de perdas, sob forte pressão do setor de veículos em meio ao ciclo de aumento da taxa básica de juros e à inflação elevada.
A indústria registrou queda de 0,6% na produção em novembro na comparação com o mês anterior, na série com ajuste sazonal, contra expectativa em pesquisa da Reuters, de recuo de 0,5%.
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira mostraram ainda avanço de 1,7% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, contra expectativa de alta de 1,8% na pesquisa.
"O fim de ano para indústria foi de perda de intensidade, isso está claro. As razões para isso são diversas. A confiança do empresário e do consumidor caiu, e por trás disso tem o efeito da política monetária. Não é o impacto direto dos juros, mas isso mexe com as expectativas das pessoas e empresas”, explicou o gerente da pesquisa, André Macedo.
Ele citou ainda o impacto sobre o custo de produção da depreciação do real ante o dólar.
A indústria brasileira, que está 15,1% abaixo do nível recorde alcançado em maio de 2011, enfrenta agora um ambiente de taxa de juros elevada, depois de o Banco Central ter subido a Selic a 12,25% ao ano e indicado mais duas altas de 1 ponto percentual, bem como uma inflação elevada no país.
Mas, por outro lado, tem como fatores positivos o aquecimento da demanda interna com um mercado de trabalho forte, além de políticas de estímulo do governo.
"A inflação mais alta, especialmente de alimentos, também inibe o consumo e as expectativas. Quem evitou um desempenho mais negativo da indústria no fim do ano foi o mercado de trabalho, com aumento de emprego, massa e renda", completou Macedo.
"Apesar da queda e perda de ritmo no fim de 2024, a indústria terá um ano positivo e rebatendo em 2021, que avançou 3,9%", disse.
VEÍCULOS
Para novembro, os dados do IBGE mostram que, na comparação com outubro, as principais influências negativas entre as atividades pesquisadas foram exercidas por veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,5%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,5%).
Somente seis das 25 atividades tiveram aumento na produção, com destaque para máquinas e equipamentos (2,3%).
Entre as categorias econômicas, a produção de bens de consumo semi e não duráveis recuou 2,8% em dezembro sobre o mês anterior.
Os produtores de bens de consumo duráveis apresentaram retração de 2,1%, os de bens de capital tiveram queda de 1,7% e os de bens intermediários apresentaram perdas de 0,7%.
"A perspectiva para 2025 não é tão positiva, com o setor tendendo a sofrer com o aperto monetário e a piora das condições financeiras observadas nos últimos meses. Por outro lado, a desvalorização do câmbio pode ser um alívio para o setor, tornando as exportações industriais mais atrativas", avaliou André Valério, economista sênior do Inter.
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