Taxas futuras de juros voltam a ceder com aprovação do pacote fiscal e comentários de Lula
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em queda firme, de 40 pontos-base em contratos mais longos, refletindo a aprovação do pacote de contenção de gastos do governo no Congresso e, durante a tarde, comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o Banco Central e a área fiscal.
Foi o segundo dia consecutivo de forte queda das taxas, após o movimento mais recente de elevação dos prêmios.
No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2026 estava em 14,94%, ante 15,06% do ajuste anterior. Já a taxa do contrato para janeiro de 2027 marcava 15,04%, em queda de 27 pontos-base ante o ajuste de 15,308%.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 14,3%, ante 14,672% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 14,07%, em baixa de 40 pontos-base ante 14,474%.
Na véspera, as taxas já haviam recuado mais de 60 pontos-base em alguns vencimentos, em meio ao avanço do pacote fiscal, a comentários do futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, e a operações de recompra de títulos pelo Tesouro Nacional. A queda firme do dólar também era reflexo deste cenário, contribuindo para a baixa das taxas.
Nesta sexta-feira o Senado aprovou o projeto de lei que restringe o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e limita o aumento real do salário mínimo, concluindo a votação das três propostas do ajuste fiscal proposto pelo governo antes do recesso parlamentar.
Na véspera os senadores já haviam aprovado as outras duas matérias do pacote: a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) reduzindo despesas obrigatórias do Executivo e um projeto de lei complementar com uma trava para a despesa pública. A PEC foi promulgada pelo Congresso Nacional no início da tarde desta sexta-feira.
Operador de um banco de investimentos afirmou durante a tarde à Reuters que o andamento do pacote no Congresso contribuía para o fechamento da curva a termo brasileira, assim como a queda do dólar ante o real e a baixa dos rendimentos dos Treasuries no exterior.
Outro fator que justificou o alívio na curva foi o leilão de recompra de títulos pelo Tesouro, que nesta sexta-feira envolveu Letras do Tesouro Nacional (LTNs) e Notas do Tesouro Nacional - Série F (NTN-Fs).
No meio da tarde o movimento se intensificou, após Lula afirmar em um vídeo publicado no Instagram que Galípolo tem sua confiança e de "toda a equipe" e que será o mais importante presidente do BC.
"Quero que você saiba, Galípolo, que jamais haverá qualquer interferência da Presidência no trabalho do BC", disse Lula no vídeo.
Lula também afirmou que seu governo segue atento a eventual necessidade de novas medidas na área fiscal, após as ações tomadas para proteger o arcabouço. Ao lado de Lula no vídeo estavam Galípolo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
Essa tentativa de demonstração de unidade entre Lula, os membros da equipe econômica e o BC fez a taxa do DI para janeiro de 2033 atingir a mínima de 13,96% às 15h53, pouco depois do vídeo, em baixa de 51 pontos-base ante o ajuste da véspera.
Apesar do movimento, a parte curta da curva seguiu precificando que o Banco Central, em sua reunião de política monetária de janeiro, será forçado a acelerar novamente o ciclo de altas da Selic, hoje em 12,25% ao ano.
Perto do fechamento a curva brasileira precificava 73% de probabilidade de alta de 125 pontos-base da Selic em janeiro, contra 27% de chance de elevação de 150 pontos-base.
No exterior, os yields cediam na esteira de novos números sobre a inflação norte-americana. Às 16h39, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento -- caía 5 pontos-base, a 4,516%.
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