Reuters: China enfrenta excesso de soja conforme pico da temporada de exportação dos EUA se aproxima
Por Naveen Thukral e Mei Mei Chu
CINGAPURA/PEQUIM - A China está enfrentando um excesso de oferta de soja, conforme as importações em níveis recordes aumentam os estoques em um momento em que a demanda por ração animal continua fraca, com os preços de produtos como o óleo de soja e o farelo de soja devendo cair ainda mais.
O excedente de soja também ameaça reduzir o apetite da China por importações no período de setembro a dezembro, o pico da temporada de comercialização dos grãos dos EUA, pressionando ainda mais os preços que já estão perto das mínimas de quatro anos, disseram traders e analistas.
"O principal problema é que a demanda por produtos de soja não está aumentando", disse um trader de Cingapura de uma empresa internacional que administra fábricas de processamento de sementes oleaginosas na China. "As margens de esmagamento estão sob pressão devido às enormes chegadas de grãos."
Os grãos de soja são processados para produzir farelo de soja, um ingrediente rico em proteínas usado para alimentar o maior rebanho de porcos do mundo na China, e óleo de soja, que é usado principalmente para cozinhar.
O crescimento econômico mais lento na China, que consome quase metade da carne suína do mundo, está prejudicando a demanda por carne.
As importações de soja da China em julho, principalmente do Brasil, provavelmente atingirão um recorde de alta devido aos preços mais baixos e à perspectiva de Donald Trump voltar à presidência dos EUA e reacender os atritos comerciais, disseram os traders.
"A demanda de carne suína da China não é forte", disse Pan Chenjun, analista sênior de pecuária do Rabobank em Hong Kong. "Os preços da carne suína subiram muito, mas isso não se deve tanto à melhora da demanda; deve-se principalmente ao fato de haver uma oferta restrita de suínos."
Os criadores de suínos estão reduzindo o tamanho do rebanho de porcas, de acordo com uma diretriz do governo para conter o excesso de capacidade, e atrasando o abate para vender com pesos maiores.
A produção de carne suína da China no segundo trimestre caiu em relação ao ano anterior, segundo dados oficiais, enquanto o rebanho de suínos caiu para 415,33 milhões de cabeças no segundo trimestre, de 408,5 milhões no trimestre anterior.
A referência do farelo de soja de Dalian perdeu quase 8% em três semanas, enquanto o óleo de soja caiu cerca de 4% na semana passada.
As margens de esmagamento, em território negativo desde o início de junho, caíram ainda mais neste mês. Os processadores de sementes oleaginosas no centro de Rizhao estão perdendo mais de 600 iuanes por tonelada, a maior queda desde fevereiro.
Desde fevereiro, cerca de 9,68 milhões de toneladas de soja importada foram colocadas em leilão pela Sinograin, a armazenadora estatal, mas apenas 2,08 milhões de toneladas, ou 21%, foram compradas por esmagadoras, de acordo com cálculos da Reuters baseados em anúncios de leilões e relatórios de analistas.
No ano passado, cerca de 27% da soja oferecida em leilão foi vendida e as taxas de participação também foram maiores, disse Darin Friedrichs, cofundador da Sitonia Consulting, sediada em Xangai.
"É muito difícil ser otimista porque, em praticamente todas as proteínas, os preços estão baixos e a demanda está fraca. Os consumidores não estão realmente querendo gastar dinheiro", acrescentou.
Em seu último relatório, o Ministério da Agricultura da China previu que o consumo de soja em 2024/25 cairia para 114,56 milhões de toneladas, em comparação com a estimativa de 115,24 milhões de toneladas durante o ano comercial de 2023/24, que termina em setembro. [/CASDE]
A soja de referência de Chicago, que caiu um quinto em 2024, pode enfrentar mais ventos contrários com as expectativas de fraca demanda chinesa e maior produção dos EUA. [GRA/]
O Brasil ultrapassou os EUA como o principal fornecedor de soja da China, respondendo por 70% das importações.
(Reportagem de Naveen Thukral e Mei Mei Chu)
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