Soja: Preços no BR têm até R$ 4/saca menos nos portos em semana que se inicia sem Chicago

Publicado em 15/01/2024 16:53

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Um levantamento da Brandalizze Consulting aponta que a semana começa com pressão sobre os preços da soja no mercado brasileiro, apesar da falta de referência na Bolsa de Chicago por conta do feriado do Dia de Martin Luther King nos EUA. Os indicativos são menores - em até R$ 2,00 por saca no mercado de balcão - mesmo com o dólar subindo frente ao real nesta segunda-feira (15). "E estes são os menores níveis em alguns meses", afirma Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting. "E o pessoal está se protegendo - balcão, cooperativa, comerciantes - porque está vendo o mercado de Chicago sensível, tudo abaixo dos US$ 12,50 e tudo apontando que os basis (prêmio) vão ficar mais pesados mais a frente com a chegada da safra". 

Com preços que, atualmente, estão de R$ 10,00 a R$ 15,00 por saca mais baixo do que há algumas semanas, os vendedores estão bastante reticentes em avançar e efetivar novos negócios, mantendo a comercialização ainda bastante lenta no mercado nacional. E assim, ainda como explica o consultor, será necessário pelo produtor que ele revise suas estratégias comerciais, em especial com a pressão que pode se acentuar a frente diante da chegada da nova oferta que vai se acentuando. 

"Continua chegando soja da safra passada nos portos, vemos muitas cerealistas, cooperativas, começando a derrubar balcão, justamente, para a produtor liquidar o que ele tem parado lá desde o ano passado, porque muitos não vão nem ter onde colocar soja, principalmente olhando para Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Há muito grão parado e os produtores comercializando muito lentamente. E este é um fator que acaba sendo mais negativo ainda para as cotações", detalha o consultor. 

Neste cenário, a semana começa com as referência para a soja no mercado de balcão variando entre R$ 100,00 e R$ 120,00, a depender da região e dos prazos de entrega e pagamento. Já no mercado de lotes, nos portos, os indicativos também estão menores - chegando a perder até R$ 4,00 por saca - como é o caso caso de Rio Grande, ou de R$ 122,00 em Paranaguá. "Hoje, ninguém está falando de negócios no mercado de lotes", afirma Brandalizze. 

"O mercado da soja, nesta nova semana, deve seguir calmo e com pressão negativa nos níveis internos em função da chegada da safra e produtores ainda com soja para negociar e outros vendendo a safra nova para fazer caixa. Com isso, o mercado segue com calmaria e assim poucas chances de grandes mudanças nos indicativos que devem seguir com leve viés de baixa", complementa o consultor.

Os dados reportados pela Pátria Agronegócios na última sexta-feira (12) dão conta de que esta é a colheita de soja mais adiantada no Brasil desde 20174, com 2,4% da área já colhida. Em 2023 o avanço semanal atingia 0,85% para esta mesma semana; 1,68% em 2022; e 1,10% na média dos últimos 5 anos. 

"Apesar do plantio lento, a colheita se mostra acelerada no Mato Grosso, o que tende a sinalizar que as culturas em campo anteciparam ciclo, indicando baixa saúde vegetal e redução das produtividades. Relatos dos clientes Pátria no estado mato-grossense apontam para decepções nos rendimentos", traz o reporte da consultoria. 

E por mais que ainda haja muitas incertezas sobre o real tamanho da safra brasileira de soja, ao passo em que a nova oferta vai chegando ao mercado, os preços vão sentindo uma pressão um pouco mais acentuada.

"O mercado olha para órgãos oficiais e acaba que ele não reage na mesma intensidade que gostaríamos. Cito o exemplo de 2021, quando nesta mesma época do ano uma boa parte do mercado ainda precificava uma safra cheia, de potencialmente 143 a 145 milhões de toneladas, nós fomos a campo e voltamos com nosso levantamento no dia 30 de janeiro apontando uma safra de 125 milhões de toneladas", explica Matheus Pereira, diretor da Pátria, explicando esse comportamento de pressão sobre os indicativos da soja. "Então, é comum. O mercado vai continuar digerindo". 

Ainda segundo dados da Brandalizze Consulting, o Brasil já tem, aproximadamente, 30% da safra comercializada, ainda atrasada em relação a anos anteriores, já que o índice deveria estar perto ou acima dos 45%. As vendas estão atrasadas e o ritmo deve continuar lento nos próximos meses, segundo Vlamir Brandalizze, com os produtores ainda muito reticentes. 

"Há demanda por esta soja, mas uma demanda escalonada. A China vai comprar, mas vai comprar de form mais escalonada", explica o consultor, afirmando que não deverá vir desta frente, portanto, um combustível mais intenso para os preços. Assim, acredita que os indicativos no mercado nacional deverão seguir pressionados no primeiro semestre, salvo alguma mudança muito significativa ainda se apresente para a oferta, em especial na Argentina. "Devemos ter um primeiro semestre de mercado acomodado. Quem já vendeu, vendeu melhor do que quem ainda está pra vender". 

Na Bolsa de Chicago, os negócios serão retomados na noite desta segunda (15), ainda terminando de refletir os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), que trouxe um relatório mensal de oferta e demanda bastante baixista para os futuros da soja, os quais terminaram o último pregão cedendo quase 2%. 

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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