Fed fica sozinho enquanto BCE e BC britânico insistem em juros "mais altos por mais tempo"

Publicado em 14/12/2023 14:24

Logotipo Reuters

Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) - Os principais bancos centrais europeus mantiveram nesta quinta-feira seus planos de manter suas taxas de juros mais altas por mais tempo para combater a inflação, que está se mostrando mais persistente em algumas partes do mundo do que em outras, acabando com qualquer esperança de que uma mudança de abordagem do Federal Reserve em direção a cortes de juros marcasse um ponto de virada global.

Ampliando a postura "hawkish" (agressiva contra a inflação) que tem dominado os bancos centrais globais por dois anos, o Banco da Inglaterra disse em comunicado que a taxa de juros permaneceria alta por "um período prolongado", enquanto o Banco Central Europeu (BCE) disse que as taxas de referência da zona do euro permaneceriam "em níveis suficientemente restritivos pelo tempo que for necessário".

Tanto o BC britânico quanto o BCE mantiveram suas taxas de juros inalteradas. Porém, a linguagem de suas decisões contrastou com a do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, que, após uma reunião de política monetária na qual o banco central norte-americano também deixou sua taxa básica estável, deu à decisão do Fed uma inclinação "dovish" (flexível com a inflação).

“Somos nós pensando que já fizemos o suficiente”, disse Powell na quarta-feira sobre novas projeções que mostravam que autoridades previam cortar sua taxa de referência em 0,75 ponto percentual até o fim de 2024.

A Europa, entretanto, está em um caminho diferente, com o banco central britânico com uma votação dividida em 6 a 3, em que três de seus membros favoreceram outra alta dos juros. Já o banco central da Noruega aprovou um aumento surpreendente de 0,25 ponto percentual, em meio a uma inflação mais persistente.

Porém, em sua última declaração de política econômica, o BCE disse que, embora as perspectivas de preços tenham melhorado no longo prazo, o aumento dos custos unitários de mão de obra continuou a representar riscos e a inflação "provavelmente voltará a subir temporariamente no curto prazo".

Embora as pressões sobre os preços estejam em queda, o BCE disse que espera um aumento da inflação no curto prazo, e a presidente do BCE, Christine Lagarde, em sua coletiva de imprensa, afirmou que alguns componentes da inflação não haviam mudado.

"Não discutimos cortes nos juros. Nenhuma discussão. Nenhum debate... Entre o aumento e o corte há um platô inteiro", disse Lagarde, destacando que alguns componentes da inflação "não estavam se movendo".

O Banco da Inglaterra disse que a expectativa é de que sua inflação geral permaneça em torno de 4,5% até o fim deste ano, ainda bem acima da meta de inflação de 2% que compartilha com o Fed e o BCE.

Isso também está bem acima das novas projeções do banco central norte-americano. Até o fim de 2024, autoridades do Fed projetam que tanto a inflação básica quanto a inflação global serão de 2,4%, o que está a uma distância próxima de sua meta e é baixa o suficiente para que as autoridades do Fed projetem reduções nos juros.

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário