Açúcar e Etanol: Abril, 1º mês da safra 2023/24, termina com preços em alta no mercado spot de SP
A safra 2023/24 começou no mês de abril no Centro-Sul do Brasil. Porém, diferente de como ocorre em outros anos, quando a oferta neste mês dispara com a colheita e a moagem em andamento – e pressiona as cotações do açúcar e etanol –, agora, os preços ainda seguiram em trajetória de alta que vem desde a entressafra.
“O impulso veio das chuvas do mês nas regiões produtoras de cana-de-açúcar, que dificultaram o transporte para as usinas, interromperam a produção e reduziram a oferta no mercado físico”, informou em nota o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, da Esalq/USP).
Diante desse cenário, a oferta de açúcar cristal para pronta entrega no mercado paulista, que é o principal do país, foi baixa durante quase todo o mês de abril e elevou os preços, embora a demanda não tenha sido considerável. “Alguns compradores optaram por trabalhar com o açúcar que tinham em estoque”, disse o Cepea.
No mês, o índice Cepea/Esalq para o adoçante registrou R$ 141,03 a saca de 50 kg, 6,84% superior à de março (R$ 132,00/saca). Porém, o indicador terminou em cerca de R$ 147 a saca, o maior patamar desde meados de fevereiro de 2022, entressafra da safra 2022/23.
Mesmo com a alta no mercado interno (spot de São Paulo), as exportações do açúcar têm sido ainda mais rentáveis para as unidades produtoras desde o início do ano. Entre os meses de janeiro e abril, as exportações acumuladas do Brasil já totalizaram 5,96 milhões de toneladas, ficando cerca de 2,5% maior do que no mesmo período do ano passado, apesar de abril ter tido um fraco resultado.
“Esse cenário é reflexo de uma maior produção de açúcar na safra 2022/23 no Centro-Sul, que se encerrou agora em março, e que teve mais cana e um mix mais açucareiro - tendo mais adoçante na entressafra pra embarque”, explica Marcelo Di Bonifacio Filho, analista em inteligência de mercado da StoneX.
Bonifácio Filho também explica que o basis – que é o diferencial do preço interno sobre o de exportação – está bastante negativo no momento. “Em outras palavras, o açúcar para exportação tem registrado prêmios elevados em relação ao indicador Cepea, que é o que a gente olha para o mercado interno. Mas isso, justamente, reflete preços internacionais nas máximas de 11 anos e prêmios de exportação elevados porque tem poucos players ofertando nas praças físicas”, diz.
“Estimativas de menor produção de açúcar na Índia, Tailândia, China e União Europeia somadas ao atraso na colheita da cana no Brasil – por causa das chuvas – já vinham pressionando as cotações do açúcar no exterior”, explicou o Cepea na nota sobre os preços do açúcar, apontando que o cenário externo contribui para as altas internas.
As atenções do mercado também estarão voltadas a partir de agora para o fenômeno climático El Niño, que deve aumentar as incertezas sobre a produção mundial de açúcar. “No Brasil, o inverno pode ser mais úmido, o que prejudicaria a colheita da cana e reduziria a qualidade da sacarose. Por outro lado, na Índia, o clima pode ser mais seco, com menos chuvas de monção”, informa o centro.
ETANOL TAMBÉM INICIA SAFRA EM ALTA
O etanol também começou o primeiro mês da safra 2023/24 com valorização, tanto para o anidro quanto para o hidratado no mercado do estado de São Paulo. Considerando as quatro semanas completas de abril, a média mensal do índice semanal Cepea/Esalq do etanol hidratado fechou em R$ 2,9377/litro, 8,36% superior à de março. Para o etanol anidro, considerando apenas as vendas no mercado spot, o indicador subiu 7,14%, para R$ 3,3263/litro.
“A demanda por etanol aumentou em abril, elevando o volume negociado no mercado spot. Além disso, os dois feriados do mês (Sexta-feira Santa e Dia de Tiradentes, 14 e 21 de abril) levaram agentes das distribuidoras a comprar mais etanol – até então, as compras eram esporádicas”, destacou o Cepea em nota.
Além disso, os estoques ainda estavam baixos no primeiro mês da nova safra, e as chuvas de abril limitaram a produção. Assim, a quantidade do produto da nova estação no mercado diminuiu.
“Por outro lado, na última semana do mês, a liquidez diminuiu com a saída de compradores do mercado. Alguns desses agentes estavam cientes da previsão de tempo firme nas próximas semanas, o que tende a favorecer o processamento da cana-de-açúcar e a oferta de etanol”, ressalta o centro.
Bonifacio Filho destaca que o mês de abril foi marcado por chuvas até acima da média no Centro-Sul do Brasil. “A safra está correndo, mas com impactos diante dessas chuvas na colheita, mas já estamos vendo, por exemplo, o etanol caindo bem nas usinas, que deve ser reflexo da maior disponibilidade de cana. Maio deve ser um mês que as chuvas podem cessar de forma mais clara e aí sim as usinas vão aumentar essa moagem significativamente”, afirma.
0 comentário
Alta do petróleo evita perda mais expressiva e açúcar fecha 6ª feira (22) com variações mistas
Açúcar recupera perdas em NY, sobe quase 1% e fica quase estável no acumulado semanal
Futuros do açúcar seguem pressionados e abrem novamente em queda nesta 6ª feira (22)
Açúcar cai mais de 1% em NY pressionado por previsão de menor déficit global em 2024/25
Açúcar amplia queda em NY e Londres e cotações trabalham próximas às mínimas deste mês
Açúcar abre novamente em queda e já devolve ganhos acentuados do início da semana