Brasil tem estoques de fertilizantes para 3 meses, diz Anda, que difere de ministra
RIO DE JANEIRO (Reuters) – O Brasil tem atualmente estoques de fertilizantes para os próximos três meses, em níveis acima da média de anos anteriores, afirmou em nota nesta quinta-feira a Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), apesar de dificuldades de suprimento globais diante da guerra na Ucrânia.
A afirmação, “com base em agentes de mercado”, difere de declaração da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, que afirmou na véspera que o Brasil teria “estoque passagem que dá pra chegar até outubro, quando começamos a nossa safra de verão”.
A Anda pontuou, no entanto, que restrições que inibem temporariamente o fluxo de navios na região do conflito estão trazendo dificuldades para transportar os insumos, como o registrado nas operações no Mar Negro.
“Nesse sentido, o mercado está buscando soluções para cenários como os que estamos enfrentando”, afirmou.
O país importa cerca de nove milhões de toneladas por ano de insumos para fertilizantes do Leste Europeu, ou seja, ou 25% das compras externas, segundo a associação.
Na nota, a Anda disse ainda que, embora já existam restrições bancárias que causam insegurança e dificuldades para o fluxo de pagamento, as transações estão sendo realizadas entre empresas privadas.
(Por Marta Nogueira, com reportagem adicional de Ana Mano)
Veja a nota na íntegra da Anda:
A Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA) lamenta o conflito entre a Rússia e a Ucrânia e reforça que é prematuro avaliar em profundidade os possíveis impactos ao agronegócio brasileiro.
A entidade esclarece que o Brasil possui atualmente estoque de fertilizantes para os próximos três meses, de acordo com dados de agentes de mercado.
Destaca-se que o volume atual encontra-se acima da média dos anos anteriores. Registra-se que o País importa cerca de nove milhões de toneladas por ano de insumos para fertilizantes do Leste Europeu, ou seja, em torno de 25% de tudo o que compramos no exterior.
A ANDA segue atenta ao fornecimento de cloreto de potássio, pois mais de dois milhões de toneladas já estavam comprometidas com as sanções anteriores à Bielorrússia. E a atenção justifica-se, dado que três milhões de toneladas de cloreto de potássio têm como origem a Rússia.
Outro ponto de atenção destacado pela ANDA refere-se aos fertilizantes nitrogenados, em especial nitrato de amônio, porque importamos volume expressivo da Rússia. Com relação aos fosfatados, a dependência do Leste Europeu é menor, o que atenua os impactos de abastecimento para a safra atual.
Vale ressaltar que, embora já existam restrições bancárias que causam insegurança e dificuldades para o fluxo de pagamento, as transações estão sendo realizadas entre empresas privadas.
Outra questão acompanhada com cautela pela ANDA é a logística marítima, por conta das restrições que inibem temporariamente o fluxo de navios à região do conflito, acarretando dificuldades para transportar os insumos, como registrado nas operações no Mar Negro. Nesse sentido, o mercado está buscando soluções para cenários como os que estamos enfrentando.
No caso específico da Bielorrússia, deve-se registrar que o setor já encontrava restrições, devido às sanções internacionais relativas ao posicionamento de seu governo, contestado pela maioria das ações. Dentre as sanções, a proibição do transporte de produtos bielorrussos, incluindo o potássio, pelo território da Lituânia impossibilita o acesso aos portos marítimos.
A ANDA reafirma acreditar na diplomacia brasileira e segue seu compromisso em buscar atender à demanda nacional, como acontece até o momento, e continua promovendo diálogos sobre o cenário geopolítico com seus associados, setor agrícola, indústria, sociedade civil e o governo.
0 comentário
Prosa Agro Itaú BBA | Perspectivas para a indústria da soja e a Lei "Combustível do Futuro"
Fertilizantes produzidos com tecnologias sustentáveis reduzem emissões de gases nocivos e integram nova etapa da agricultura regenerativa
FPA leva produção agropecuária do Brasil para a COP-29
Brasil e China estão perto de acordo em miúdos suínos e pescados, dizem fontes
Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Pedidos de recuperação judicial de empresas do setor agro crescem no País