Copom reduz juros básicos para 3,00 %, o menor patamar da história

Publicado em 06/05/2020 18:18 e atualizado em 06/05/2020 19:07

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira, 6, por unanimidade, reduzir a Selic, a taxa básica de juros, em 0,75 ponto porcentual, de 3,75% para 3,00% ao ano.

Esse é o sétimo corte consecutivo da taxa no atual ciclo, após período de 16 meses de estabilidade.

Com isso, a Selic está agora em um novo piso da série histórica do Copom, iniciada em junho de 1996.

O corte era amplamente esperado pelos economistas do mercado financeiro. Isso porque, com a pandemia do novo coronavírus, a atividade econômica despencou no Brasil, assim como a inflação. 

A avaliação era de que o BC seria levado a reduzir novamente a Selic para estimular a economia.

De um total de 58 instituições consultadas pelo Projeções Broadcast, 48 esperavam por um corte de 0,50 ponto, para 3,25% ao ano. Dez casas aguardavam pela redução de 0,75 ponto porcentual, para 3,00% ao ano.

O Copom se reúne a cada 45 dias para definir a Selic, buscando o cumprimento da meta de inflação. A meta é fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão formado pelo Banco Central e Ministério da Economia.

Quando a inflação está alta ou indica que ficará acima da meta, o Copom eleva a Selic. Dessa forma, os juros cobrados pelos bancos tendem a subir, encarecendo o crédito e freando o consumo, assim, reduzindo o dinheiro em circulação na economia. Com isso, a inflação tende a cair.

BC corta Selic acima do esperado, a 3%, e sinaliza nova redução à frente (Reuters)

BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central reduziu nesta quarta-feira a taxa básica de juros acima do esperado pelo mercado, à mínima histórica de 3% ao ano, e sinalizou um último corte à frente, não maior do que o atual, para complementar o estímulo monetário necessário em meio aos impactos da pandemia de coronavírus na economia.

O corte de 0,75 ponto veio após uma redução de 0,5 ponto na taxa básica em março. Pesquisa feita pela Reuters com 26 economistas mostrou que todos esperavam nova redução de 0,50 ponto desta vez.

"O Copom (Comitê de Política Monetária) entende que, neste momento, a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reforça que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional", disse o BC, em seu comunicado.

"O Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, serão decisivas para determinar o prolongamento do estímulo", completou.

Este foi o sétimo corte consecutivo da taxa Selic, em um cenário de paralisação da economia em meio aos impactos econômicos do surto de Covid-19.

BC faz corte mais profundo na Selic e indica nova redução

SÃO PAULO/BRASÍLIA (Reuters) - O Banco Central cortou nesta quarta-feira a taxa básica de juros à mínima histórica de 3% ao ano --redução de 0,75 ponto percentual, mais forte do que a prevista pelo consenso de mercado-- e sinalizou uma última diminuição à frente, não maior do que a atual, para complementar o estímulo monetário necessário em meio aos impactos da pandemia de coronavírus na economia.

Veja comentários de profissionais do mercado financeiro sobre a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom):

MAURICIO ORENG, SUPERINTENDENTE DE PESQUISAS MACROECONÔMICAS, SANTANDER BRASIL

"A decisão do BC hoje mostrou que a instituição se guiou mais por fatores de curto prazo --sobretudo choque de demanda-- do que por elementos estruturais, como a questão fiscal. De forma geral, achamos que a escolha (por um corte de 75 pontos-base) foi correta. Com as ponderações feitas, o Copom ganha tempo para observar e avaliar a próxima decisão nesse ambiente de incerteza muito grande."

PABLO SPYER, DIRETOR DE OPERAÇÕES, MIRAE ASSET

"Vai ter mais um corte na reunião que vem. O Banco Central deixou claro que considera um último ajuste na reunião que vem, e o corte de hoje foi maior que aquele que a maioria esperava. Acho que há uma aposta implícita do BC de que vai ser possível o mercado andar com as reformas. Eu não acredito que se o BC achasse que está muito difícil avançar com as reformas faria um movimento tão agressivo quanto esse. De toda forma, mudei agora a projeção de corte para 25 pontos-base na próxima reunião, de 50 pontos-base antes."

ÉTORE SANCHEZ, ECONOMISTA-CHEFE, ATIVA INVESTIMENTOS

"Os indicadores de alta frequência mostraram uma evolução desastrosa da atividade, e por isso esperávamos esse corte de 75 pontos-base. Acho que virá novo corte de 50 pontos-base em junho, tendo como cenário-base que um alívio nas restrições de mobilidade social e de atividade de empresas possa começar a ser percebido nos indicadores econômicos de junho. No mercado, os juros futuros deverão começar a precificar corte entre 50 pontos-base e 75 pontos-base para a próxima reunião, e a Selic projetada pelo DI janeiro 2021 deverá ficar em torno de 2,50% ou um pouco menos. O dólar pode ter uma pressão na abertura, mas vejo os mercados digerindo a decisão ao longo do dia e a moeda fechando longe das máximas."

Congresso ajuda e coloca juros em queda (Estadão Conteúdo)

Movimentações no Congresso motivaram uma reversão na tendência vista pela manhã no mercado de juros e provocaram queda nos vencimentos intermediários e longos da curva. A aprovação na Câmara, em segundo turno, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra, e, principalmente, a reinclusão de categorias no congelamento de salários como contrapartida do socorro a Estados e municípios deram alívio às taxas. Na parte curta da curva, porém, os investidores aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a Selic - a maioria das apostas (60%) era de redução de 0,50 ponto porcentual.

No fim da sessão regular, enquanto a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 subia a 2,745%, ante 2,710% ontem, os demais vencimentos estavam majoritariamente nas mínimas. O janeiro 2022 terminou com a mesma taxa da véspera - 3,530%. O janeiro 2023 recuava a 4,660%, ante 4,72%, e o janeiro 2027 caía a 7,350%, ante 7,450%.

A reversão no mercado veio a partir das 14h30 e ocorreu de forma gradual. A diminuição dos prêmios teve início nos contratos de 2027 adiante, chegando até os vencimentos intermediários. Operadores pontuaram que o mercado recebeu bem a aprovação do Orçamento de Guerra em segundo turno na Câmara.

O fato de a aprovação da PEC da Guerra vir um dia depois de a própria Câmara ter desfigurado o pacote de socorro a Estados e municípios foi lido de maneira otimista com a pauta legislativa - o temor era de uma nova mudança no texto que amplia o poder fogo do Banco Central durante a crise. "O mercado deu uma melhorada com a PEC da Guerra, saiu o mau humor da manhã", afirmou o gerente da mesa de juros de uma corretora.

Mas o alívio maior veio perto do leilão de fechamento. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), incluiu os professores e os policiais legislativos no grupo de servidores que não poderão ter reajustes até o fim de 2021 no projeto de socorro a Estados e municípios. Ainda que ele tenha poupado do congelamento militares das Forças Armadas, agentes da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal e outras categorias, o profissional acima comentou que aumenta a chance de previsibilidade nos gastos públicos, o que forneceu alívio adicional às taxas.
 

Congresso ajuda e coloca juros em queda

 

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Fonte:
Estadão Conteúdo

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