Pandemia fará café subir por falta de containers para levar grãos do Brasil para o mundo
O mercado do café, que até o momento não enfrentou grande volatilidade por conta do Coronavírus, pode começar a ver o cenário a mudar nos próximos dias, porém com resultados positivos para os preços na Bolsa de Nova York (ICE Future US).
Nesta quarta-feira (11) mesmo dia em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a confirmação de uma pandemia mundial do vírus, Lúcio Dias - Superintendente Comercial da Cooxupé, informa que problemas com logísticas em todos os portos do mundo devem impactar o Brasil nos próximos dias e que navios de containers já começam a ser cancelados, causando desabastecimento na demanda mundial de café.
-- "Não tendo container para encher e mandar café, provavelmente veremos mudanças de preços, que provocará uma reação positiva para o mercado, uma vez que o café do Brasil pode parar de chegar do mundo", afirma Lúcio.
Segundo o Superintendente da Cooxupé, dentro desta nova realidade as tentativas de compras antecipadas será ainda maior porque os estoques tendem a ser consumidos rapidamente, sem reposição. O nervosismo deverá aumentar a necessidade de novas compras, causando corrida por fixação mundial.
Além disso, segundo Lúcio, outra notícia positiva para o setor é o aumento do consumo doméstico da bebida, pois as pessoas de todos os continentes tenderão a ficar em casa por temos do contágio do vírus.
-- "Li num artigo uma estimativa de aumento de quase 20% no consumo doméstico neste período, que pode ser um fator positivo para o nosso negócio", destaca Lucio.
Os reflexos nos preços deverão ser vistos nos proximos 10, 15 dias. A longo prazo o cenário também tende a continuar positivo, mesmo após a normalização da crise com a logística, o que deverá acontecer num prazo entre 45 e 60 dias.
CUSTO DE PRODUÇÃO
O cenário também pode ser positivo para o produtor quando o assunto é custo de produção, setor que, no entender do superindente comercial da Cooxupé, não deve registrar altas expressivas ao longo dos últimos anos. "Agora é a hora de, a cada dia mais, a gente administrar melhor os nossos custos, tomando as melhores decisões", destaca.
Lúcio Dias acredita que o café para 2024 (precificado por R$ 650,00), poderá ser considerado um negócio positivo para o produtor. "Se não acontecer absolutamente nada de acidente climático, nós vamos ter uma safra boa e poderá acontecer pressão sobre as cotações; nessa modalidade de venda antecipada, o produtor estará com o valor do seu café travado", explica o diretor da Cooperativa Cooxupé.
Mas para o próximo dias o mercado deverá manter a volatividade que o produtor vem enfrentando desde o início deste ano. "O mercado de café está no contexto desse desinteresse, podendo cair novamente como aconteceu na semana passada. Mas o produtor sabe que só deve fazer negócio quando o mercado estiver em um momento de alta", finaliza Lúcio Dias.
Veja a entrevista completa acima
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