Com "muita besteira" dólar pode ir a R$ 5, diz Guedes, que fala em erro do IBGE no cálculo do PIB
Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, atribuiu nesta quinta-feira a alta do dólar para os patamares recentes aos efeitos do coronavírus, à desaceleração econômica e à cobertura da imprensa sobre "choques" entre Executivo e Legislativo e rechaçou questionamentos sobre eventual erro do governo ao prever o PIB do ano passado, dizendo que o IBGE comete erros e que a economia pode ter crescido 1,4% em 2019.
Questionado por jornalistas sobre a possibilidade de a cotação do dólar chegar a 5 reais, Guedes disse que caso "muita besteira" seja feita, esse patamar pode ser alcançado.
"Se o presidente pedir para sair, se o presidente do Congresso pedir para sair... se todo mundo pedir para sair... se todo mundo falar que... entende... se tiver... bom, às vezes eu faço algumas brincadeiras de professor e isso vira coisa errada", disse Guedes.
"É um câmbio que flutua. Se fizer muita besteira pode ir para esse nível (5 reais). Se fizer muita coisa certa, ele pode descer", completou, em conversa com jornalistas após participar de evento na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Guedes repetiu que o país mudou seu modelo econômico e usou agora uma nova metáfora: "Agora o modelo é 4x4, tração nas quatro rodas. Juro caiu de 15% para 4%. Câmbio que era R$1,80 subiu para R$4", afirmou.
Perguntado sobre se a alta do dólar para os níveis atuais preocupa, Guedes respondeu: "Quando sobe rápido preocupa, por isso o BC atua", lembrando ainda que as reformas econômicas ainda não foram integralmente implementadas.
Considerando um ambiente "normal" de demanda do investidor por "hedge" no dólar, Guedes disse que quem quiser remeter dinheiro para o exterior pode remeter. "O BC está vendendo, está provendo alguma liquidez e está tudo bem. Não tem nada de errado. É um câmbio flutuante. Por isso o BC vende um pouco (de dólar), para não deixar subir rápido demais."
Guedes citou que a implementação das reformas pode ajudar a baixar o dólar e citou a cobertura da imprensa nesse contexto.
"Como estamos confiantes que o Congresso vai apoiar a reforma, como estamos confiantes que o presidente apoia as reformas e está mandando as reformas, como estamos confiantes que a mídia vai entender que o Brasil está mudando para melhor, é uma questão de tempo, quem sabe se vocês estiverem menos nervosos daqui a um mês e vendo as mudanças econômicas que estão acontecendo quem sabe o dólar acalma", disse o ministro.
IBGE
Guedes rejeitou questionamentos sobre o crescimento da economia em 2019 ter ficado abaixo do previsto no começo do ano passado e disse que, se o IBGE mantiver os "30% de erro que ele faz todo ano", o PIB deverá ter crescido 1,4%, e não 1,1% como divulgado na véspera.
"O que saiu foi uma primeira estimativa para 1,1%. Se o IBGE mantiver os 30% de erro que ele faz todo ano, quem sabe vai subir para 1,4% com essa margem de erro", afirmou.
Perguntado, Guedes disse que estimativas acima de 2% eram da Secretaria de Política Econômica (SPE) --que faz parte do Ministério da Economia.
0 comentário
Nasdaq e S&P fecham em alta conforme investidores aguardam resultados da Nvidia
Ibovespa tem estabilidade com mercado na expectativa por pacote fiscal
Dólar acompanha exterior e fecha em baixa ante o real
Brasil terá acordo com China para exportar miúdos de suínos e bovinos, além de frutas
Busca de Trump por novo secretário do Tesouro se amplia, afirmam fontes
Campos Neto cita temor fiscal e diz que expectativa de inflação elevada não reflete só posição de "malvados da Faria Lima"