Milho: Mercado interno no Brasil já paga melhor do que exportação e preços seguem firmes
Os números das exportações brasileiras de milho em fevereiro pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) chamaram a atenção do mercado, principalmente o doméstico, pelo desempenho bem mais fraco do que o registrado nos meses anteriores. De acordo com os dados, os embarques nacionais foram de apenas 346,4 mil toneladas do grão, contra mais de 2,2 milhões de janeiro.
Para Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, o saldo mais baixo foi resultado de um movimento de novas vendas externas um pouco mais retraído, com os vendedores atentos às oportunidades que o mercado interno tem trazido.
"O fator principal foi o mercado interno, que vem trabalhando com valores maiores do que se liquida na exportação nos portos. Assim, nada de negócios novos têm sido realizados", explica o consultor. "Os valores atuais dos portos estão abaixo dos valores do mercado de Mato Grosso e também das regiões Sul e Sudeste para o grão FOB", completa.
Ainda como relata o analista, depois das exportações recordes do ano passado - que resultaram em estoques extremamente ajustados no país - pouco se restou para que fosse exportado neste começo de 2020. Mais do que isso, há expectativas de que os produtores possam conseguir valores ainda melhores ao comercializar a safra de verão. E Brandalizze complementa dizendo que tal oferta vem "sendo retida pelo setor, que tem negociado 'das mãos para a boca' e conseguido manter cotações mais firmes internamente", acima dos indicativos que ainda variam entre R$ 41,00 e R$ 43,00 por saca.
Como mostra um levantamento da Brandalizze Consulting, há praças do Paraná e do Rio Grande do Sul onde os valores de venda variam entre R$ 48,00 e R$ 51,00 por saca. No Rio Grande do Sul, "as negociações continuam escassas, com ofertas na faixa dos R$ 48 acima para o FOB e os compradores pagando $ 46 e abaixo, e parte dos grandes do setor de ração se retraindo para esperar a safra", explica o consultor. Já em Mato Grosso, "os produtores seguem apontando que tem pouco da safra para negociar", completa.
ESTOQUES SEGUEM APERTADOS E PREÇOS, SUSTENTADOS
Para Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities, esse volume menor exportado de milho - que reflete também uma menor presença do Irã no mercado brasileiro - o pior momento do abastecimento ainda não passou, com os estoques que seguem apertados até a chegada da oferta da safrinha, no final de maio, início de junho.
"E temos previsões de mais chuvas no Centro-Oeste, que pode atrasar o plantio, e outras mais longas mostrando que há possibilidade de geadas para Paraná e Mato Grosso do Sul", diz.
Além disso, Araújo cita ainda as boas margens entre os granjeiros - com produtores de frango, suínos e ovos sendo favorecidos - o que mantém a demanda aquecida internamente. "Temos visto negócios em Goiás entre R$ 47,00 e R$ 48,00 nas regiões de Rio Verde e Jataí, por exemplo, Sorriso/MT entre R$ 40,00 e R$ 41,00. Se trouxermos esse milho até Campinas são R$ 55,00".
Assim, com todos esses fatores juntos, os consumidores sentiram certo "alívio" nas cotações, porém, um alívio que pode ser apenas momentâneo. Afinal, "o Brasil estava com o milho safrinha estava muito caro, fizemos três cargos para exportação e na semana passada - com prêmio de US$ 0,35 cents acima de Chicago - o que garante excelente competitividade para o milho brasileiro", diz.
Dessa forma, os negócios futuros que estavam mais lentos nos últimos dias ganharam certa força na semana passada, também motivados pelo dólar frente ao real, próximo dos R$ 4,50. "E se exportarmos 32 milhões de toneladas de novo esse ano podemos ter a repetição de estoques apertadíssimos para os primeiros meses de 2021", afirma o analista.
Complementando o quadro positivo para os preços, Araújo cita ainda a demanda mais intensa vinda do setor de etanol de milho, com as indústrias processadoras pagando de R$ 4,00 a R$ 5,00 acima das tradings exportadoras.
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