Bunge conversa com operadores para vender 300 mil t de açúcar bruto
SÃO PAULO (Reuters) - A processadora de alimentos norte-americana Bunge está conversando com comerciantes de açúcar procurando os melhores termos para vender cerca de 300 mil toneladas de açúcar bruto a ser fabricado em sua unidade brasileira, como parte da safra 2018/19, disse um executivo da Bunge à Reuters nesta segunda-feira.
A Bunge anunciou no início deste ano que estava fechando sua mesa de negociação de açúcar global. Com a mudança, um volume adicional produzido no Brasil que normalmente seria comercializado pela Bunge terá que ser entregue a outros operadores, como a Alvean e a RAW.
Geovane Dilkin Consul, vice-presidente de açúcar e bioenergia da Bunge da América do Sul, disse à Reuters que no passado a unidade brasileira de açúcar costumava entregar 70 por cento de seu produto para tradings internacionais, com cerca de 30 por cento ficando na mesa de operações da Bunge.
A unidade brasileira da Bunge exporta cerca de 1 milhão de toneladas de açúcar, de modo que as 300 mil toneladas que normalmente seriam entregues ao braço comercial da empresa serão vendidas a partir desta temporada para outros grandes operadores do setor.
"Nós não temos um parceiro preferencial, estamos conversando com todos os grandes traders procurando os melhores termos", disse Consul em um seminário do setor em São Paulo.
A Bunge anunciou na semana passada que estava adiando os planos para uma oferta pública inicial (IPO) de sua unidade de açúcar brasileira, dizendo que as condições adversas do mercado dificultaram o negócio.
O executivo se recusou a comentar a questão, dizendo que esse tipo de operação estava sendo tratado pela alta gerência em White Plains, Nova York, sede da Bunge nos EUA.
Mas a Consul disse que não houve grandes mudanças nas operações diárias da unidade de açúcar até o momento.
A companhia espera moer 20-21 milhões de toneladas de cana na temporada atual (2018/19), em comparação com 19 milhões de toneladas na safra anterior.
Ele disse que o processamento de cana estava avançando rapidamente devido ao clima mais seco do que o normal na região centro-sul do Brasil e que a empresa estava disposta a produzir o máximo de etanol possível para maximizar os retornos.
"Estamos testando nossos limites (para a produção de etanol)", disse ele, acrescentando que a unidade está destinando 39 por cento da cana para a produção de açúcar atualmente e 61 por cento para a produção de etanol.
Consul disse que o tempo seco poderia prejudicar os volumes de cana. A empresa realizará uma avaliação dos campos este mês para verificar se irá manter sua estimativa de esmagamento ou reduzi-la.
(Por Marcelo Teixeira)
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