Chuvas atípicas no ES afetam pouco café robusta e prenunciam boa safra em 2018
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de café robusta do Espírito Santo, que colhe mais da metade dos grãos desta variedade no Brasil, passou praticamente ilesa pelas volumosas e atípicas chuvas registradas em maio, com as precipitações ocorrendo de forma "dosada" e não causando danos à cultura ou à qualidade do produto que está sendo colhido.
As chuvas, na verdade, foram um primeiro indício de que a safra do próximo ano poderá ser boa, recuperando-se de perdas registradas nos últimos anos decorrentes de severas secas, disse um representante de uma importante cooperativa do setor.
Uma produção maior de robusta seria uma notícia positiva para a indústria local, que enfrentou uma situação tão apertada no ano passado que chegou a pedir ao governo liberação de importação de grãos verdes pelo maior exportador global da commodity.
"A chuva veio ajudar bastante, não para esta safra, mas já ajuda um pouco para a safra do ano que vem. As plantas pegaram um desenvolvimento melhor... tivemos um maio diferente, atípico, choveu o dobro da média", disse à Reuters o engenheiro agrônomo Wander Ramos Gomes, coordenador técnico da Cooabriel, principal cooperativa de produtores de robusta do país, com sede em São Gabriel da Palha (ES).
Ele disse que, geralmente, a região recebe cerca de 40 milímetros em maio, mas em algumas localidades as precipitações superaram 100 mm.
"Se continuar assim, se tiver chuva em junho, julho, agosto --maio e junho são os meses em que chove menos--, se junho seguir chovendo, a gente pode ter uma safra boa em 2018. As lavouras agora estão mais encorpadas, vieram de anos ruins...", comentou.
A previsão climática, porém, aponta uma diminuição do volume de chuvas pelo menos na primeira quinzena de junho, com um acumulado de pouco mais de 10 mm no Espírito Santo, segundo informação do Agriculture Weather Dashboard, da Thomson Reuters.
Até o início da semana, o agrônomo da Cooabriel havia estimado a colheita da safra atual entre 30 e 40 por cento do total.
Ele disse que a colheita este ano mostra "um café com peneira melhor, bem graúdo".
Com grãos mais bem formados, acrescentou o agrônomo, o rendimento do café beneficiado está mais de 20 por cento acima do ano passado, quando a safra foi bem prejudicada pela falta de chuva.
"Melhorou o rendimento, mostra que o grão encheu melhor que na safra passada."
A safra de café robusta do Espírito Santo deste ano está estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em 5,9 milhões de sacas, aumento de 17 por cento ante a temporada anterior.
A produção total de robusta do Brasil foi prevista em cerca de 10 milhões de sacas, mas o país já colheu 13 milhões de sacas em 2014. Outros importantes produtores são Bahia e Rondônia.
MINAS GERAIS
Se a chuva "dosada", segundo o agrônomo, foi benéfica às lavouras de robusta do Espírito Santo, nas principais regiões produtoras de café arábica as precipitações foram significativas em um curto período de tempo, causando certa queda de grãos em algumas áreas e afetando a qualidade.
"Interferiu sim a qualidade, mas não tem como mensurar ainda, porque o café não deu entrada na cooperativa", disse o vice-presidente da Cooxupé, maior cooperativa de café do Brasil, Carlos Augusto Rodrigues de Melo.
Ele relatou que as primeiras colheitas de arábica, cujos trabalhos começam um pouco depois das atividades nas lavouras de robusta, mostram peneiras do café menores, com cafés mais miúdos.
Ele explicou que isso ocorre porque de dezembro a janeiro houve alguns veranicos na região de abrangência da cooperativa, como o Sul de Minas Gerais, o que afetou o enchimento dos grãos. Mas, segundo Melo, não é possível dizer se essa será a tendência para o restante da safra.
No início da semana, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) havia relatado que chuvas ocorridas nas regiões produtoras de café, principalmente a partir da segunda quinzena de maio, atrasaram a colheita e derrubaram uma parcela dos grãos dos pés.
A safra total de café do Brasil em 2017 deverá recuar 11,3 por cento na comparação com 2016, para 45,6 milhões de sacas de 60 kg, previu a Conab, devido a uma temporada de baixa do ciclo bianual do arábica.
(Por Roberto Samora)
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