Estoques públicos de milho do Brasil estão abaixo de 1 mi de t; preços são recordes

Publicado em 17/05/2016 13:42

Atualmente, os estoques públicos de milho do Brasil somam 902 mil toneladas, conforme dados oficiais disponíveis no site da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e referentes até o dia 16 de maio. O volume está bem abaixo do consumo mensal do país, que gira ao redor de 4,5 milhões de toneladas, segundo o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes.

Conab - Estoques públicos de milho

Fonte: Conab

O cenário é decorrente das fortes exportações registradas na temporada 2014/15, que ultrapassaram a marca de 30 milhões de tonelada. Os analistas explicam que os embarques enxugaram o excedente de oferta no mercado doméstico e impactaram diretamente nos preços praticados internamente. É preciso ressaltar que as exportações foram maiores devido à desvalorização do real frente ao dólar, o que tornou o produto brasileiro mais competitivo internacionalmente.

No início deste ano, a entidade reportou que os estoques de passagem, da safra 2014/15, eram da ordem de 10,54 milhões de toneladas no final de janeiro. Porém, os embarques do cereal somaram 4,46 milhões de toneladas somente no primeiro mês do ano. Em fevereiro, as exportações de milho ficaram próximas de 5,37 milhões de toneladas e em março, perto de 2,02 milhões de toneladas, ainda de acordo com informações divulgadas pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

O assunto tem sido discutido entre as principais lideranças do setor, principalmente depois que os preços no mercado nacional vieram subindo vertiginosamente e alcançando patamares recordes, afetando de forma severa o dia a dia – com uma forte alta nos custos de produção – de seus maiores consumidores, a agroindústria brasileira de proteína animal. O tema virou polêmica, vem gerando divergências e levantando questionamentos.  Diante disso, o deputado federal, Luis Carlos Heinze (PP/RS), informou que busca a aprovação de um requerimento para uma audiência pública na Comissão Especial de Agricultura na Câmara, juntamente com os técnicos da Conab, do Ministério da Agricultura e outras entidades do setor para apurar a questão dos estoques.

De acordo com levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bitencourt Lopes, as cotações do cereal nas principais praças brasileiras acumularam valorizações de mais de 10% somente no período de 1 de abril a 16 de maio frente a esse desequilíbrio entre oferta e demanda.

Em Sorriso (MT), os preços subiram 20% e passaram de R$ 30,00 para R$ 36,00 a saca. Na região de Itapetininga (SP), o ganho ficou em 19,98%, com a saca a cotada a R$ 46,89. Em Não-Me-Toque (RS), a alta no período foi de 14,10% e a saca subiu de R$ 39,00 para R$ 44,50. Com ganho de 11,11%, os preços passaram de R$ 36,00 para R$ 40,00 a saca em Cascavel. Na localidade de Jataí (GO), a valorização ficou em 14,29%, com a saca de milho a R$ 40,00.

No Porto de Paranaguá, principal canal de escoamento do milho exportado do Brasil, a saca do cereal para entrega setembro deste ano, subiu 9,38%, de R$ 32,00 para R$ 35,00, no mesmo período.

No mercado futuro o cenário não é diferente. Na BM&F Bovespa, o contrato setembro/16, referência para a safrinha brasileira, subiu 20,30% no de 1º janeiro a 16 de maio, fechando em R$ 43,61 a saca. Ainda segundo pesquisa do Notícias Agrícolas, o menor valor para o contrato, em 2016, foi de R$ 34,83.

Gráfico - BM&F - contrato set/16

Movimentação do contrato setembro/16 em 2016 - Fonte: BM&F

Por enquanto, a única solução para os consumidores, que amargam custos elevados, tem sido as importações do cereal. No acumulado de 2016, as compras de países vizinhos por parte do Brasil já totalizam 243,6 mil toneladas de milho, conforme informações reportadas pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex). No período de janeiro a abril, os principais compradores do cereal foram os estados do Paraná, com 110,3 mil toneladas, Santa Catarina, 46,15 mil toneladas, Pernambuco, 36,46 mil toneladas e a Paraíba, com 27,55 mil toneladas. Recentemente, o governo brasileiro aprovou a isenção da tarifa de importação para 1 milhão de toneladas fora do Mercosul.

Associadas a esse quadro estão às preocupações com a segunda safra de milho no país. Com  um mês de abril sem chuvas e com altas temperaturas nas principais regiões produtoras do cereal, há muitas especulações sobre o real tamanho da quebra na safrinha de milho. Por enquanto, não há um número fechado, já que os produtores rurais ainda não iniciaram a colheita do grão. Entretanto, consultorias privadas e analistas já estimam uma queda superior a 10 milhões de toneladas.

Levantamento realizado pela FCStone aponta para uma safrinha próxima de 49,8 milhões de toneladas, uma queda de quase 12% em comparação com a última estimativa, de 56,6 milhões de toneladas. Em seu último boletim, publicado em maio, a Conab revisou para baixo a projeção para a segunda safra do grão de 57,13 milhões de toneladas para 52,90 milhões de toneladas.

Os analistas alertam que o primeiro semestre de 2017 ainda deverá ser de aperto na oferta. Segundo a Conab, a safra 2015/16 de milho deverá somar 79,9 milhões de toneladas, em sua totalidade. O consumo interno para a temporada é estimado em 58,4 milhões de toneladas e as exportações em pouco mais de 28,4 milhões de toneladas, o que resultaria em estoques ao redor de 5,2 milhões de toneladas em fevereiro do ano que vem. Ainda segundo levantamento da entidade, o número representa menos de um mês de consumo e o menor volume desde a safra 2006/07.

“A normalidade de oferta neste mercado irá depender fortemente da exportação deste ano. Caso o país embarque 23 milhões de toneladas ou mais nesta temporada, a crise do milho será ainda mais grave para 2017 do que esse ano entre os meses de fevereiro a maio de 2016”, afirma o analista de mercado da Agrinvest, Marcos Araújo.

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Tags:
Por:
Fernanda Custódio
Fonte:
Notícias Agrícolas

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4 comentários

  • Cácio Ribeiro de Paula Bela Vista de Goiás - GO

    Voce tem razao, RODRIGO. Suas contas estao corretas, meu raciocinio equivocado. Em se tratando de matematica 1 + 1 = 2.

    E ponto final!

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  • Vilson Ambrozi Chapadinha - MA

    Acabei de ler os comentarios do ministro Blairo sobre a burocracia na liberação do milho e outra nota sobre as exportações do agro que salvaram o país. A primeira nos mostra um ministro que sabe das coisas do agro, e a outra nos faz pensar que o Brasil e os empresarios do setor de criação não estão preocupados com os consumidores. Deixaram o mundo limpar nossos silos antes da safra nova chegar. Só vai resolver se as regiões produtoras aumentarem em mais de 50% a safra de verão, retirando área da soja.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Mas é lógico que tem burocracia, de onde você acha que sai o dinheiro que vai parar na mão dos produtores? São tres ou quatro agentes envolvidos, governo, bancos, seguradoras e produtores rurais. Não é um contrasenso esse seu comentário? Se o problema é da indústria e dos granjeiros, por que o ministro está envolvido nisso? Dados da Conab, que muitos dizem aumentar estoques e volumes de produção para prejudicar o produtor, a Conab diz que o estoque público, que é o que o ministro poderia usar é de 900 mil toneladas, estoque público do Brasil não do MT e no MT. Blairo não sabe nem o que está falando.

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    • Osvaldo Caronetti Fontana Palma Sola - SC

      outro problema que vai aparecer logo vai ser o trigo milho a 45 reis trigo p h 78 a 40 reais sabendo que um saco de trigo 60 quilos da 48 quilos de farinha e ainda sobra o farelo que e vendido mais caro que o trigo aqui no brasil a farinha especial esta custando 11 reais cada 5 kilos na argentina onde era mais barato da nossa ja esta a 15 reais se nao incentivarem os produtores com um preço melhor nao tenham duvidas trigo importado vai ser bem mais caro que o brasileiro

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  • Telmo Heinen Formosa - GO

    Vamos e venhamos... Chego a sentir vergonha alheia. Que tipo de administradores há nos grandes consumidores nacionais de milho, que não foram previdentes o suficiente para garantir seu suprimento anual? Comprar da "mão para a boca" qualquer gerente sabe fazer. Agora, é focar na solução. E qual é a solução para os altos preços do milho?

    Fácil, preços mais altos ainda, até a demanda equilibrar-se.

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    • Virgilio Andrade Moreira Guaira - PR

      Verdade Sr Telmo Heinen,, onde anda o planejamento das grandes cooperativas, sadia, perdigão,, seara, frimesa, aurora e etc..... Valha me Deus.. Que falta de administração, ou então o custo de estocagem está impraticável.. Afff.

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    • Paulo Roberto Rensi Bandeirantes - PR

      Sr. Telmo, assisti várias reportagens que os frigoríficos de aves estavam exportando 25-30% a mais r, todos estavam trabalhando em três turnos para cumprirem os contratos. Se aumentou a matança aumentou o número de aves na engorda e, por conseguinte o consumo de milho. Não seria interessante fazer uma analise nas curvas de exportação de suínos e aves no período da última safra de milho (2015) até a data atual. Penso que a quebra da produção por variação climática tem seu peso, mas há outras variáveis que devem ser analisadas.

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    • Osvaldo Caronetti Fontana Palma Sola - SC

      pareçe que as empresas esqueceram que quando entrou o pçano real quebraram todos os agricultores pagando metade do preço minimo do milho e descontando um absurdo de ardidos dai os acricultores passaram a plantar milho so na safrinha e soja para exportar na safra bem na colheita do ano passado ate novembro o milho ainda estava no preço minimo ou seja uns 22 reais a saca em novembro estava a 28 agora ja esta em 45 ou seja as agroindustrias estao colhendo o que plantaram eu planto pouco mas tive de trabalhar durante qinze anos sem credito para pagar as contas em 1993 colhi 2700 sacas de milho e 700 sacas de soja faltou 2000 sacas de milho para pagar o custo da produçao dai fiquei mais de 8 anos so plantando soja ano passado plantei um pouco e este ano quero plantar um pouco mais so gasto pouco nao entro mais em banco para financiar e por isso colho pouco mas o que colho e neu dai espro quando o preço melhora eu vendo ate as agro industrias nao pagarem um preço justo pro milho acrediti que so vai ser plantado na safrinha

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    • Neuri Coldebella Palotina - PR

      A mais pura verdade, estou pagando conta do governo Fernando Henrique Cardoso até hoje!!!!!!!!

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    • Telmo Heinen Formosa - GO

      Este FHC nos chamou de NEFELIBATAS, é anti-capitalista e o pior que fez no Governo foi instituir que os Promotores do Ministério Público Ambiental, Trabalhista etc... não possam ser PUNIDOS pelos seus erros. Quando eles "herram" você tem que gastar economias ou se endividar e muito tempo para simplesmente se livrar de alguma acusação falsa.

      Isto permite que estes crápulas possa "herrar" de propósito, originando perseguições como aquelas de Unaí-MG em que para se verem livres os agricultores se viram obrigados a encomendar a alma de alguns deles...

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  • Cácio Ribeiro de Paula Bela Vista de Goiás - GO

    De duas, uma: ou ha erro de edicao, ou ha informacao equivocada no texto.

    Senao vejamos:

    Se a previsao de safra total(milho) e de 79,90 mi de ton e o consumo domestico previsto e de 58,4 mi de ton, nao pode sobrar pra exportacao 28,4 mi de ton; e muito menos resultar em estoque final de 5,2 mi de ton.

    Certo, caros jornalistas?

    Ou entao nao errei nas minhas contas!!

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    • Telmo Heinen Formosa - GO

      Talvez tinha estoque remanescente do ano anterior. Não é de hoje que para os jornalistas, números são uma "Má Temática"

      Ultimamente juntaram-se a eles outros incomPTentes.

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      É exatamente isso, o texto está corretíssimo, no relatório da Conab o ano 15/16 entrou com estoque de 10 mi ton.

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    • Cácio Ribeiro de Paula Bela Vista de Goiás - GO

      Amigo RODRIGO POLO, estoque de 10,54 mi ton, das quais a propria CONAB informa que o estoque em 16/05 e de 900 mil toneladas

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    • Cácio Ribeiro de Paula Bela Vista de Goiás - GO

      Ou seja, mais 90% do estoque inicial

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    • Rodrigo Polo Pires Balneário Camboriú - SC

      Produção estimada: 79,9

      Consumo estimado: 58,4

      Exportação estimada 28,4

      Total: 86,8 - 86,8-79,9= 6,9

      Importação: 1,5

      Estoque inicial: 10 mi ton

      10 - 6,9 = 3,1 + 1,5 = 4,6 mi de ton em fevereiro de 2017

      A situação vai ficar dificil até maio, conforme a matéria.

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    • Hilário Casonatto Lucas do Rio Verde - MT

      MAL VAI DAR 50 MILHÕES DE TONELADAS NA SAFRINHA DE MILHO ,SOMANDO A SAFRA DE VERÃO NÃO CHEGA À 79 MILHÕES DE TONELADAS

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    • sergio ricardo dos santos Cubatão - SP

      boa tarde! temos varredura contendo NPK, apenas R$350,00 por tonelada contato com sergio 13.988417474 retirada do produto na cidade de Santos teor 06 10 10

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