Alta incidência de broca do café pode ocasionar perdas na safra 2016/17 no cinturão produtivo do Brasil
Cafezais de importantes regiões produtoras do Sudeste do Brasil têm apresentado significativa incidência de broca do café e a situação demanda atenção, é o que alerta representantes da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé) e Expoccacer (Cooperativa dos Cafeicultores do Cerrado). A praga tem ciclo curto e grande capacidade de proliferação, prejudica a qualidade e rendimento dos grãos. O que mais preocupa os produtores é a ausência de defensivos agrícolas eficientes aprovados pelas autoridades brasileiras.
"Durante visitas a propriedades do Sul de Minas, Cerrado e Mogiana percebemos uma significativa incidência de broca nos cafezais e isso nos preocupa porque fica complicado o produtor negociar esse café no mercado", afirma o diretor comercial da Cooxupé, Lúcio Dias. A Cooperativa estima exportar 4,6 milhões de sacas nesta safra, uma alta de 12,5% em relação à temporada passada. No entanto, ainda não tem dados precisos sobre o impacto do inseto nas lavouras dos cooperados.
Broca do café tem ciclo curto e grande capacidade de proliferação | Foto: Epamig
A broca do café é considerada uma das principais pragas da atividade cafeeira no Brasil e ataca do fruto verde ao seco, normalmente, entre novembro e abril. O inseto prejudica a qualidade do café – atrapalhando a competividade do grão, principalmente, no mercado externo – e reduz a produtividade da lavoura. Uma saca de café de 60 quilos infestada com a praga pode ter perda de peso de até 850 gramas.
A ausência de defensivos agrícolas devidamente registrados, acessíveis e eficientes acaba dificultando o combate à praga. Atualmente os produtos mais utilizados tem como princípio ativo a Cyantraniliprole ou Clorantraniliprole. O Endosulfan, tido por muito tempo como o único defensivo eficiente no controle da broca do café foi banido em 2013 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por deixar resíduos tóxicos no grão.
Na safra 2015/16, a Expocaccer, principal cooperativa do Cerrado Mineiro, teve cerca de 9% dos lotes recebidos afetados por conta da broca, um aumento de 2% em relação à temporada anterior. Em 2015, os prejuízos com a praga na região chegaram a R$ 7 milhões, o que reforça os efeitos do inseto na economia agropecuária. De acordo com o trader da Cooperativa, Joel Borges, a maior parte dos lotes afetados por broca são de pequenos produtores rurais que não contam com assistência técnica.
"Na safra que vamos colher agora em 2016, já temos registrado uma grande infestação de broca do café. A porcentagem de lotes com a praga deve ser igual ou superior ao que foi registrado no ano passado. Por isso, é muito importante que sejam feitos trabalhos para disponibilizar novos produtos de combate à broca no mercado. Os atuais são muito caros e pouco eficientes", explica Borges.
O superintendente de desenvolvimento do cooperado da Cooxupé, Eduardo Júnior alerta que os produtores devem realizar os trabalhos de combate à broca do café sempre com ajuda técnica. "O cafeicultor não deve fazer a aplicação por conta, sempre é indicado o auxílio de um técnico da cooperativa ou instituição de extensão rural, só eles conseguem fazer um trabalho direcionado. Do contrário, a situação pode ficar ainda pior", afirma.
O monitoramento da broca do café deve ser feito por talhão e o manejo também, normalmente em uma parte mais baixa, onde a infestação é maior, reduzindo a aplicação do defensivo.
Reprodução: Facebook
Mapa prioriza registro de novos produtos
Na semana passada, o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) publicou no Diário Oficial da União que dois produtos com princípios ativos destinados à broca do café terão prioridade de registro. São eles: Metaflumizone e a combinação dos princípios Bifentrina + Acetamiprido.
O CNC ressaltou em seu informativo semanal que a atitude do Mapa é uma "sequência dos trabalhos empenhados pelo CNC junto ao Governo Federal para a disponibilização de mais princípios ativos e produtos destinados ao combate à broca do café no Brasil".
A Andef (Associação Nacional de Defesa Vegetal) também vê com bons olhos a iniciativa do Mapa, no entanto, ainda deve levar algum tempo para que esses novos produtos estejam no mercado. "Normalmente leva até seis anos para sair a aprovação de venda de um produto. Mesmo com essa prioridade, estimamamos que o prazo seja agora de dois anos, mas também pode ser mais que isso", explica o gerente técnico e de Regulamentação Estadual, Luis Carlos Ribeiro.
A lista dos produtos priorizados para combate a praga agora será entregue para ciência e providência dos demais órgãos anuentes no registro de agrotóxicos e afins no Brasil e o andamento dos registros referentes às prioridades elencadas será monitorado, em conjunto pelo Departamento de Sanidade Vegetal (DSV) e pelo DFIA, a cada três meses.
Neste processo, também precisam dar parecer favorável para que esses princípios ativos sejam registrados e os produtos à sua base possam ser comercializados o MMA (Ministério do Meio Ambiente) e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
1 comentário
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João Carlos remedio São José dos Campos - SP
Num dia, um otimismo sem precedentes em relação à safra 2016/2017; noutro, ataque de broca, fungo, etc. Estou chegando à conclusão que a pior praga da Cafeicultura é a "língua comprida". Nos poupem...!
A verdade é uma só; não existe safra recorde coisa nenhuma, vai faltar café, quem puder mais, vai pagar mais e vai ter!!!
Qual é a "molécula" que está liberada para o controle da broca hoje? Ela é eficiente?
Quando o valor da produção confere renda ao produtor, este faz uma "colheita exigente", pois sabe que grãos deixados para traz são foco de ataque da broca na próxima safra, Quando o custo da colheita "come" todos os seus ganhos ele abre mão de exigências, ou seja, vivenciamos o: SALVE-SE QUEM PUDER !!!