Soja tem manhã de recuperação técnica em Chicago e altas chegam a 10 pts nesta 3ª feira
Em um movimento de recuperação técnica já sinalizado por alguns analistas e consultores de mercado, os futuros da soja operam em campo positivo na sessão desta terça-feira (28) na Bolsa de Chicago. Por volta das 7h50 (horário de Brasília), as posições mais negociadas da oleaginosa subiam entre 9,75 e 10,75 pontos e o vencimento novembro/15 - referência para a safra americana - era negociado a US$ 9,43 por bushel.
O mercado internacional busca retomar alguns patamares após as baixas registradas na sessão anterior, as quais chegaram a 30 pontos em alguns contratos com uma pressão que veio, entre outros fatores, principalmente do mercado financeiro nervoso e avesso ao risco.
Além disso, os traders receberam ainda o novo boletim semanal de acompanhamento de safras divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) na tarde de ontem que manteve inalterado, apesar da recente melhora climática no Meio-Oeste, o índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições em 62%. O número é o mesmo das duas semanas anteriores e ainda se mostra abaixo da média dos últimos cinco anos de mais de 70%.
A volatilidade, entretanto, ainda deve ser marca registrada das próximas sessões, uma vez que os negócios internacionais ainda trabalham com as - constantemente atualizadas - previsões climáticas para os EUA - e demais países produtores do mundo que sofrem com adversidades - e com o humor do financeiro e o andamento o dólar. A moeda americana, no Brasil, renovou as máximas dos últimos 12 anos nesta segunda-feira (27).
Veja como fechou o mercado na sessão de ontem:
Soja fecha com 30 pts de queda em Chicago, dólar forte mantém patamares nos portos
O mercado da soja registrou um início de semana intenso. Na sessão desta segunda-feira (27), as baixas na Bolsa de Chicago passaram dos 30 pontos em alguns vencimentos, como o novembro/15, referência para a safra americana, que fechou o dia valendo US$ 9,33 por bushel. Em relação à segunda-feira passada, o recuo é de 6,63%.
Em contrapartida, o dólar registrou um novo dia de altas frente ao real - e uma cesta de principais moedas ao redor do mundo -, o que acaba amenizando o impacto dessas quedas registradas no mercado futuro americano na formação dos preços no Brasil. Este foi o quarto pregão consecutivo de altas para a divisa, que fechou o dia subindo de 0,51% a R$ 3,3640, maior preço desde 27 de março de 2003, como noticiou a Reuters. Na máxima do dia, o valor foi de R$ 3,386 e, desde a última quarta-feira (22), já é registrado um ganho acumulado de 6,01%.
Com a divisa chegando a tocar nas máximas em 12 anos no mercado interno, os valores da soja nos portos ainda se sustentam em importantes patamares acima dos R$ 70,00 por saca nos principais portos de exportação. Na última semana, mesmo com baixas já sendo registradas na CBOT, os preços da soja no terminal de Rio Grande chegaram a alcançar os R$ 80,00 por saca, o melhor preço do ano. Nesta segunda, porém, a disponível terminou o dia com baixa de 2,58% em R$ 75,50 e a futura em R$ 76,20, com queda de 2,18%. Já em Paranaguá, baixa de 2,61% para a soja disponível, em R$ 74,50, e de 0,53% para R$ 74,90.
Esses repiques nas cotações trouxeram excelentes oportunidades aos produtores brasileiros que, na medida em que as mesmas foram aparecendo, foram sendo aproveitadas, o que fez com que as vendas da safra brasileira 2015/16 pudessem compensar um atraso em relação à temporada anterior que vinha sendo observado. Segundo analistas e consultores, já há cerca de 30% da safra brasileira comercializada. Os prêmios elevados também contribuem e, em Paranaguá, por exemplo, variam de 20 a 90 cents de dólar sobre os valores praticados em Chicago.
Entretanto, como explicou Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, essas boas vendas realizadas nos últimos dias - as quais contribuem para uma pressão sobre os preços dada à maior oferta que chega ao mercado - perderam um pouco de ritmo neste início de semana dada as baixas acentuadas registradas na Bolsa de Chicago. "Os negócios foram fracos nesta segunda-feira, no Brasil e nos Estados Unidos", relatou.
Queda em Chicago
Os preços da soja na Bolsa de Chicago despencaram nesta segunda-feira, bem como seus derivados e os demais grãos negociados por lá. Farelo e óleo de soja perderam, nas posições mais negociadas, mais de 2% e 1%, respectivamente. O dia foi negativo para as commodities, não só agrícolas, de uma forma geral diante dessa nova puxada do dólar. As posições mais negociadas, do dia 20 a 27 de julho perderam, como mostra o gráfico abaixo, de 4,61% a 6,63%.
Ainda segundo explicou Vlamir Brandalizze, os fundos iniciaram a semana pesando sobre o mercado com movimentos de vendas de posições nos futuros de soja e milho, por exemplo, e migrando para ativos mais seguros como o dólar e títulos públicos americanos. A acentuada aversão ao risco pôde ser observada logo no início do dia com os índices acionários recuando nesta sessão, com destaque para a Bolsa de Xangai, que perdeu mais de 8%.
A semana para o mercado financeiro deve ser atribulada e marcada, principalmente, pelas preocupações com a economia da China e pelas expectativas em cima das reuniões do Federal Reserve (o Fed, banco central norte-americano), que acontecem nesta terça (28) e quarta-feira (29). A possibilidade de um aumento da taxa de juros nos Estados Unidos está no radar dos traders.
Paralelamente, houve ainda a divulgação de dados melhores do que o esperado sobre as ecomendas de bens duráveis nos EUA reforçando as expectativas de uma recuperação sustentada da economia americana, informação que motivou um avanço ainda mais forte do dólar neta segunda-feira.
Complementando o cenário de falta de sustentação para os grãos negociados em Chicago, ainda segundo Brandalizze, as preocupações com as condições climáticas sobre a nova safra de grãos dos Estados Unidos foram reduzidas. As próximas semanas não devem trazer ameaças ao Meio-Oeste americano, o que também motiva as vendas por parte dos fundos.
"Sem ameças climáticas nas previsões, os fundos, mais uma vez, se tornaram vendedores presentes depois de momentos marcantes de especulação. Com isso, as trocas de posições foram de, aproximadamente, 500 mil contratos", acredita Bryce Knorr, analista de mercado e editor do site internacional Farm Futures. Em apenas dez sessões, o contrato novembro já perdeu cerca de US$ 1,10.
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