Dólar sobe pelo 3º dia e vai acima de R$3,20, com cenário político conturbado
Por Bruno Federowski e Flavia Bohone
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou com leve alta ante o real nesta segunda-feira, pelo terceiro dia seguido e numa sessão com baixo volume, em que negócios pontuais fizeram com que a moeda norte-americana perdesse força após ter subido 1 por cento mais cedo devido ao quadro político conturbado no Brasil.
A moeda norte-americana subiu 0,21 por cento, a 3,2006 reais na venda, após atingir 3,2256 reais na máxima do dia, ainda refletindo as preocupações vistas na sexta-feira, quando a divisa subiu mais de 1 por cento após o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), romper com o governo.
Com a alta desta sessão, o dólar acumulou valorização de 2,06 por cento desde quinta-feira.
"O mercado está muito estreito, sem grandes negócios. Então, qualquer operação fora do normal faz preço para o dólar", disse o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.
A alta mais intensa vista mais cedo refletiu a pressão do cenário político local, após as declarações de Eduardo Cunha, na sexta-feira, e com os investidores avaliando também os comentários do presidente Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL).
"Com poder suficiente para barrar e dificultar a aprovação das medidas de interesse do governo na Casa, Cunha é figura central de uma batalha que poderá custar à presidente Dilma Rousseff a perda do mandato", escreveu o operador da corretora Correparti Ricardo Gomes da Silva em nota a clientes.
No fim de semana, Renan Calheiros elogiou Cunha e classificou o ajuste fiscal proposto pelo Executivo como "tacanho" e "insuficiente", em vídeo divulgado pela TV Senado.
"Não tem nada que nos leve a acreditar numa melhora no curto prazo (para o câmbio)", disse o especialista em câmbio da Icap Corretora, Italo Abucater.
Nos mercados externos, o dólar também se valorizava e chegou a atingir a máxima em três meses em relação a uma cesta de divisas. A moeda norte-americana tem subido consistentemente nas últimas semanas, em meio a expectativas de que os juros devem subir ainda neste ano nos Estados Unidos, o que pode atrair para a maior economia do mundo recursos atualmente aplicados em países como o Brasil.
"Daqui para frente, a tendência é que o dólar suba em todo o mundo. A dúvida é o ritmo, se isso vai acontecer de pouco em pouco ou de uma vez", disse o operador de uma corretora nacional.
Nesta manhã, o Banco Central vendeu a oferta total no leilão de rolagem de swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Com isso, já rolou o equivalente a 3,924 bilhões de dólares, ou cerca de 37 por cento do lote que vence no início de agosto, que corresponde a 10,675 bilhões de dólares.
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