Milho: Mercado tem forte alta em Chicago e retoma o patamar dos US$ 4,00 por bushel
As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam a sessão desta terça-feira (30) com altas expressivas, em patamares mais altos desde janeiro de 2015. As principais posições da commodity voltaram ao patamar dos US$ 4,00 por bushel e exibiram ganhos entre 28,25 e 30,75 pontos. O vencimento julho/15 era cotado a US$ 4,14 por bushel, depois de iniciar o dia a US$ 3,87 por bushel.
De acordo com o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, o mercado subiu fortemente como reflexo dos números da área cultivada com o grão nesta temporada e os estoques trimestrais nos Estados Unidos. Os números foram reportados nesta 3ª feira pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). "Esse era o fator novo necessário para impulsionar as cotações no mercado internacional e que agora consolidam um novo patamar", destaca o consultor.
A área semeada com o milho na safra 2015/16 ficou em 35,89 milhões de hectares, uma queda de 2% em relação ao número da safra anterior e também abaixo dos 36,072 milhões de hectares estimados pelos investidores. Caso seja confirmada, a área será menor desde 2010 no país.
Já os estoques trimestrais, até 1º de junho, ficaram em 112,928 milhões de toneladas, contra os 115,748 milhões de toneladas esperadas pelos participantes do mercado. Entretanto, em comparação com o volume registrado no mesmo período de 2014, o número é equivalente a uma queda de 15%. No último boletim, divulgado em março, o número dos estoques ficou apontado em 196,723 milhões de toneladas.
Paralelamente, os investidores permanecem atentos ao comportamento do clima nos Estados Unidos. As previsões climáticas ainda indicam chuvas para o Meio-Oeste dos EUA ao longo dos próximos dias. Segundo dados do NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país - nos próximos 6 a 10 dias, a região ainda terá entre 30% até 40% probabilidade de chuvas acima da média.
Em meio a esse cenário, o USDA revisou para baixo o índice de lavouras em boas ou excelentes condições em seu boletim de acompanhamento de safras, divulgado nesta segunda-feira (29). Até o último domingo, a classificação das plantações ficou em 68% frente aos 71% indicados na semana passada. Em igual período de 2014, o percentual de lavouras em boas ou excelentes condições era de 75%.
Chuvas nos EUA nos próximos 6 a 10 dias - Fonte: NOAA
Já as plantações em situação regular subiram de 23% para 24% e as em condições ruins ou muito ruins passaram de 6% para 8%. "Temos perdas em áreas mais próximas aos rios, áreas de baixada nos EUA. E as chuvas já estão diminuindo, teremos que acompanhar o desenvolvimento das lavouras. Acredito que a safra deverá ficar próxima de 330 milhões de toneladas, abaixo dos 361,11 milhões de toneladas da safra passada", disse Brandalizze.
Chuvas nos EUA nos próximos 8 a 14 dias - Fonte: NOAA
Em seu último boletim de oferta e demanda, o departamento norte-americano projetou a safra 2015/16 de milho em 346,22 milhões de toneladas. O órgão atualiza as projeções no início do mês de julho.
Mercado interno
Diante da forte alta observada no mercado internacional a saca do milho para entrega em outubro/15 negociada no Porto de Paranaguá ficou sem referência nesta terça-feira. No dia anterior, a saca do cereal ficou estável em R$ 29,50. "Os ganhos fortes acabaram assustando os compradores, que sumiram do mercado. Em Paranaguá, os vendedores queriam preço ao redor de R$ 32,00 a saca do milho", ressalta Brandalizze.
No Porto de Santos, o preço da saca do milho permaneceu na estabilidade em R$ 30,50. Já o dólar encerrou a terça-feira a R$ 3,10, com queda de 0,34%. Em junho, o câmbio acumula queda de 2,46% e, no segundo trimestre, de 2,57%, conforme dados reportados pela agência Reuters.
No mercado interno, a saca do milho em Ubiratã e Londrina, ambas no Paraná, exibiram ganho de 2,04%, com a saca do milho a R$ 20,00. Em Campo Novo do Parecis (MT), a alta foi de 3,57% e a saca do cereal a R$ 14,50. Em contrapartida, em Luís Eduardo Magalhães (BA), a terça-feira foi de queda para as cotações, de 4,76%, e a saca a R$ 20,00.
"E com essa alta no mercado internacional, viabilizamos a próxima safrinha de milho no Brasil. Nesse momento, ainda estamos caminhando com a colheita, que segue em ritmo mais lento devido ao atraso na semeadura devemos colher até o mês de agosto. E o mercado não pode ficar esperando, pois grande parte da safrinha já foi comprometida para a exportação", acredita o consultor.
Na região de Tapurah (MT), a colheita da safrinha está próxima de 30% e os preços estão próximos de R$ 13,00 a R$ 14,00/saca. “Ainda não é um preço que remunera, mas dá uma base mínima para a comercialização. Mas 50% do milho de Tapurah já foi negociado antecipadamente, com valores entre R$ 15,00 a R$ 16,00 a saca. E, ainda assim, com os níveis mais baixos, temos produtores negociando o produto para saldar dívidas”, diz o presidente do Sindicato Rural do município, Silvésio de Oliveira.
Confira como fecharam os preços nesta terça-feira:
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