Na Veja: Brasil quer negociar acordo de livre comércio com EUA
A negociação de um acordo de livre comércio com os EUA é uma "aspiração" do governo brasileiro, ainda que não faça parte da agenda que a presidente Dilma Rousseff iniciou neste domingo no país, afirmou o ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro. A obtenção de um tratado desse tipo foi uma das principais reivindicações apresentadas à presidente por representantes de 25 empresas brasileiras com investimentos no mercado americano. Confirmando a mudança de posição do governo nessa área, Monteiro disse que o Brasil quer se integrar de maneira "mais efetiva" à rede de acordos internacionais. "O canal do comércio exterior é muito importante nesse momento. É uma prioridade irrecusável."
No primeiro mandato de Dilma, o País ficou à margem da movimento de formação de novos blocos econômicos, dando preferência ao Mercosul. Com o fim do boom das commodities, o esgotamento fiscal e a paralisia da economia doméstica, o governo agora olha para o restante do mundo em busca denovas fontes de crescimento. Com o maior PIB do mundo e uma forte demanda por produtos industrializados, os Estados Unidos seriam um candidato natural nesse processo.
Outra demanda do setor privado apresentada hoje à presidente foi um acordo de bitributação com os EUA, que evitaria a duplicação no pagamento de impostos por empresas americanas com investimentos no Brasil e vice-versa. O interesse em um tratado do tipo aumentou nos últimos anos em razão da expansão da presença de companhias brasileiras nos EUA. "Começar a conversa sobre livre comércio entre Brasil e Estados Unidos e bitributação foram os temas apresentados (à presidente)", disse Wesley Batista, presidente da JBS, a maior processadora de carnes do mundo, com forte presença no mercado americano. "Isso interessa a todo mundo."
Segundo o ministro do Desenvolvimento, "enquanto não constrói um acordo amplo" com os EUA, o Brasil dará prioridade a medidas de facilitação do comércio, o que abrange harmonização de regras, redução de barreiras não-tarifárias e padronização de procedimentos alfandegários.
Na estimativa do governo brasileiro, essas mudanças poderiam aumentar em 10% o comércio bilateral, que somou 62 bilhões de dólares no ano passado. O valor é bem inferior aos embarques de 534 bilhões de dólares entre os EUA e o México, parceiros no Acordo de Livre Comércio da América do Norte.
"O acordo é uma aspiração, é o que se coloca no horizonte", disse Monteiro, em relação a uma eventual negociação com os Estados Unidos. "Mas não temos ainda essa perspectiva no curto prazo." O ministro ressaltou que 75% das vendas brasileiras para o mercado americano são de bens industrializados, com maior valor agregado.
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