Milho: Enfezamento é ocasionado pelas cigarrinhas e temperaturas mais altas favorecem o aparecimento da doença
Nesta safra, os produtores rurais estão preocupados com o aparecimento do enfezamento nas lavouras de milho safrinha. A doença é transmitida pela cigarrinha, inseto que migra de plantações adultas e doentes, para plantas mais jovens e recém-emergidas. Nessa temporada, o problema ficou mais evidente devido aos plantios realizados tardiamente e o clima, com temperaturas mais elevadas, o que favorece o surgimento da doença.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Milho e Sorgo, Elizabeth de Oliveira Sabato, há dois tipos de agentes causais da doença, o fitoplasma e espiroplasma. "Mas é impossível distinguir os sintomas de ambos. Tratamos como enfezamento as doenças disseminadas pela cigarrinha. As plantas infectadas se desenvolvem com problemas, tem a nutrição prejudicada, assim como o balanço hormonal", explica.
Além disso, os sintomas da doença aparecem quando as plantas estão em fase reprodutiva e precisa encher os grãos, conforme destaca a pesquisadora. "Temos uma força do dreno, que serve para drenar os açúcares do colmo e das folhas acima da espiga. Porém, quando ela é exercida, a planta seca na parte superior, enfraquece o colmo e acaba quebrando ou tombando, o que prejudica a colheita. Em lavouras muito atacadas, com incidência acima de 70%, a produção pode ficar completamente comprometida", afirma Elizabeth.
Sintomas da doença
Entre os principais sintomas da doença, a pesquisadora destaca a descoloração foliar. Algumas plantas podem apresentar folhas avermelhadas ou amareladas. "Isso fica associado a espigas pequenas, chochas, com poucos grãos. Em algumas plantas podemos ter a proliferação de espigas ou espigas mal formadas. Também podemos ter o encurtamento do internódio, enfezamento significa que a planta está baixa", diz. Paralelamente, as temperaturas mais elevadas também podem contribuir para o aparecimento da doença.
Recomendações
A pesquisadora ainda sinaliza que, os produtores rurais podem amenizar os prejuízos com a doença com a adoção de algumas medidas. A primeira é evitar o plantio de milho, sobre o milho. "Em determinadas regiões temos pivôs em fase de colheita e pivôs com plantas recém-germinadas. Com isso, a cigarrinha irá migrar das plantas adultas para as jovens, então é preciso sincronizar a época de plantio", ressalta.
Outra recomendação é plantar mais de uma cultivar na safra. "Mesmo que a planta seja resistente, ela exerce uma pressão de seleção na população de patógeno e passa a ter problemas. Também é preciso que haja a eliminação de plantas tiguera, que serve para multiplicar os insetos. Os produtos para tratamento de sementes também deve ser utilizado, mas não eliminam o problema, especialmente sobre uma pressão alta de cigarrinhas. Os produtores devem conversar os técnicos e ter acesso a essas informações e fazer o planejamento para minimizar o risco de ocorrência da doença", orienta Elizabeth.
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