Café: Comercialização de arábica já chega a 75% da safra 2014/15
Cepea, 22 – A recuperação dos preços do café em 2014 e a diminuição da colheita devido principalmente à estiagem nas regiões produtoras de arábica aceleraram a negociação dos grãos da safra 2014/15 – colhida entre maio e setembro/14. Com base em informações de seus colaboradores (agentes de mercado), o Centro de Estudo Avançado em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, estima que de 70% a 75% da produção nacional de arábica já tenha sido comercializada até meados deste mês.
No mesmo período do ano passado, cerca de 60% da temporada 2013/14 tinha sido vendida. “Os produtores aproveitaram os bons preços em vários momentos do segundo semestre do ano passado para recuperar parte das perdas de 2013. O dólar mais valorizado também favoreceu as exportações e, com isso, o interesse dos compradores”, explica Renato Garcia Ribeiro, analista de mercado do Cepea.
Nos últimos dias, especificamente, a liquidez tem sido baixa por conta das quedas recentes dos preços internos e externos. A indefinição quanto ao clima no Brasil ora impulsiona os preços, ora faz com que caiam com força. O Indicador CEPEA/ESALQ do arábica tipo 6 bebida dura para melhor, posto na capital paulista, fechou a R$ 447,34/saca de 60 kg nessa quarta-feira, 21, expressivo recuo de 9,5% em relação à quarta anterior. Diferentemente, até o dia 12 de janeiro, havia subido 9,95%; no mês acumula queda de 1,5%.
No Cerrado Mineiro, as negociações da temporada 2014/15 já correspondem a aproximadamente 65% de toda a produção, em média 10 pontos percentuais a mais que no mesmo período de 2014, de acordo com levantamento do Cepea.
Na Zona da Mata Mineira e no Noroeste do Paraná, a comercialização chega a 85%. Na praça de Minas Gerais, agentes consultados pelo Cepea relatam que os negócios são realizados especialmente em dias de alta no mercado externo; com as quedas recentes, o ritmo diminuiu – cafeicultores aguardam novas valorizações. No Noroeste do Paraná, onde deve ser pequena a produção neste ano, a diferença percentual em relação às vendas do ano passado é ainda maior, de 60 para 85%.
No Sul de Minas e em Garça (SP), as negociações são estimadas em 80% do total; nestes casos, em boa parte puxadas pelos preços altos do início de janeiro. Apesar de já ser elevado o percentual, produtores aguardam novos aumentos para voltar a negociar. Em Garça, a tendência é que cafeicultores intensifiquem as vendas mais perto da colheita da temporada 2015/16.
Na Mogiana Paulista, a parcela comercializada está ao redor de 70%. Segundo agentes consultados pelo Cepea, a região tem problemas quanto ao padrão dos lotes, já que as lavouras sofreram bastante com a seca do início de 2014, período de desenvolvimento dos grãos. Com menos café de qualidade disponível, os negócios locais estão retraídos.
Segundo a Conab, a produção total de café (arábica e robusta) na temporada 2014/15 foi de 45,34 milhões de sacas, e a 2015/16, deve oscilar entre 44,11 e 46,61 milhões de sacas, o que representaria redução de até 2,7% ou aumento de até 2,8% em relação à safra anterior, que já foi reduzida pela seca. Além do estresse hídrico sofrido pelas plantas de arábica, houve inversão de bienalidade em algumas regiões e expectativa de menor produção de robusta no Espírito Santo.
Nas principais regiões produtoras de robusta (Espírito Santo e Rondônia), o volume vendido também é expressivo. Em Rondônia, o total comercializado da safra 2014/15 já é de 95%. Na região capixaba, as vendas se limitam a 60%, com destaque para as exportações. Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (CeCafé), o volume exportado da variedade entre julho e dezembro/14 foi de 2,25 milhões de sacas de 60 kg, gerando faturamento de US$ 271 milhões, três vezes superior ao recebido no mesmo período da temporada 2013/14.
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