Fala Produtor - Mensagem

  • Eduardo Medeiros Gomes Castro - PR 17/05/2007 00:00

    Representantes do setor agropecuário reúnem-se para dar um alerta à comunidade dos campos gerais. “A safra é boa, mas não resolve”. Avaliando que o setor agropecuário continua fragilizado a ponto de por em risco a economia, a estabilidade e empregos em nossa região, lideranças do setor e da comunidade se reúnem, na sede da associação dos engenheiros agrônomos de Ponta Grossa, para uma avaliação do atual momento e buscar alternativas para o futuro. Presenças do Núcleo dos Sindicatos Rurais dos Campos Gerais (14 sindicatos rurais - Arapoti, Jaguariaiva, Piraí do Sul, Castro, Carambeí, Tibagi, Telemaco Borba, Ortigueira, Ipiranga, Ivaí, Imbituva, Reserva, Palmeira, Ponta Grossa e Teixeira Soares), Sociedade Rural dos Campos Gerais, representantes das cooperativa e da comunidade. Dia 16.05.07 faz um ano que os produtores rurais fizeram forte manifestação chegando ao fechamento de diversas estradas nos principais estados produtores. O diagnóstico para a crise em 2006 foi dado: queda de preços dos principais produtos agrícolas induzida por uma política de estabilização de preços via elevação de taxas de juros que derrubou o dólar e conteve a inflação mediante a depressão dos preços agropecuários (embora no mercado internacional os preços continuassem em seus patamares históricos). Neste cenário o setor agropecuário paga sozinho pela estabilização da economia brasileira. Na ocasião, a situação foi agravada por problemas climáticos em diversas regiões do país. Em maio de 2006 as principais reivindicações que visavam prevenir futuras crises, dar estabilidade ao setor e amenizar as conseqüências do desastre ocorrido eram as seguintes: Recomposição de um sistema de garantia de preços, previsto em lei, que já existiu e, no entanto tem sido negligenciado pelo governo; Desenvolvimento de seguro contra riscos climáticos com acesso a todos os produtores; Desenvolvimento de medidas que permitisse o acesso dos produtores ao sistema de Crédito Rural reduzindo seus custos de produção, livrando-os da agiotagem dos chamados juros de mercado; Solução para o endividamento crescente e sem solução expulsa os produtores do campo e provoca concentração da produção; Estabelecimento de uma política agrícola de longo prazo que desse previsibilidade e horizonte ao setor e seus parceiros. Em junho de 2006, após a pressão do setor, por meio de manifestações de âmbito nacional e apoio do Congresso Nacional, o governo divulgou, por meio de um estrondoso plano marketing, as seguintes providências: Intervenções pontuais no mercado defendendo os preços de milho e soja, de forma tardia e que levou a maioria dos produtores (justamente os mais necessitados) a venderem seus estoques a preços vil com expressivos prejuízos. Prorrogação de parte dos débitos dos produtores por prazo incompatível com a necessidade deixando a maioria em situação de extrema vulnerabilidade. Observa-se que a maior parte dos produtores não pode usufruir de prorrogações simplesmente porque não tinham acesso diretamente ao sistema de crédito rural, este tipo de solução favorece sempre os mais fortes com mais poder de barganha excluindo justamente que mais precisa de apoio. Um ano após os protestos, nada foi feito de concreto para assegurar um mínimo de estabilidade no campo, ou seja: Não há seguro contra riscos climáticos. Cerca de 48 milhões de ha., de lavouras de grãos, foram plantadas com baixíssima cobertura contra risco climático; Não há garantia de efetiva aplicação da política de preços mínimos (os quais continuam abaixo dos custos de produção em grande parte do país); Continuam as dificuldades de acesso ao crédito rural pelos produtores; O endividamento crescente e sem solução expulsa os produtores do campo e provoca concentração da produção. Na prática apenas São Pedro atendeu os apelos dos produtores oferecendo um excelente clima que propiciou uma boa safra. O programa americano para o etanol também contribuiu para a melhora dos preços. Fora isso o setor continua vulnerável e sem perspectiva de estabilidade. Os problemas sociais continuam com redução do número de produtores que se deslocam para as cidades já que não conseguem sobreviver no campo. A falta de política agrícola põe em risco, não somente o produtor rural mas a economia de nossa região a qual, tem sua é altamente dependente de boas safras. O que está em jogo além a renda do produtor são empregos urbanos, em grande parte, vinculados à produção rural, indústria de rações, laticínios, embalagens, processamento de soja, cooperativas, transportes, etc. A conclusão é que muito foi discutido e nada foi feito para se evitar um novo desastre no setor. A incerteza e insegurança predominam. Apesar das diversas crises já passadas, planejamento de longo prazo, visão estratégica, estabilidade e previsibilidade são produtos que não dão frutos na agropecuária nacional. A reunião visa definir atitudes e estratégias que levem a mudança do atual quadro. Temos 120 deputados na Bancada ruralista, Federações e Confederação, Sociedade Rural, Associações e nada conseguimos. Qual é a estratégia que devemos adotar?

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