Fala Produtor - Mensagem

  • Tedaldo Buratti Jr. São Paulo - SP 15/03/2007 00:00

    Pra dar entender como está a situação dos agricultores, é preciso lembrar que existem vários tipos de produtores: Uma coisa é produtor de soja do sul, com solo de terra roxa estruturada e com o clima colaborando e assistência técnica, produzindo a sua própria semente. No solo de terra roxa estruturada muitas vezes, a produção até deprime (diminui) com adubação química. Se o produtor for integrado (tem a sua produção pré vendida à agroindústria) e verticalizado (usa o subproduto de uma atividade como insumo para outra) esse realmente nunca vai estar em situação ruim. Até porque tem tudo perto e fácil escoamento da produção. Esse só faz a perpetuação da espécie pela natureza. E está corretíssimo. Outra coisa é o agricultor que produz no centro-oeste, sem assistência técnica, sem estrada, sem armazéns, com preços até 20% mais baixos, como disse um entrevistado depois, aí no Mercado & Cia. E o que é pior. Sem governo. Ou melhor, com governo só para cobrar até 100% de juro em uma colhedeira. Só para lembrar, para plantar no serrado, gasta-se no mínimo 1 tonelada de calcário(para a correção do solo) e no mínimo 300 kg de adubo em solo já corrigido. Isso se não for necessária uma cobertura de k (cloreto de potássio), para solos com teor de argila abaixo de 10%. É que o solo arenoso não segura a matéria orgânica e adubo. (lixiviação) Além disso, no centro-oeste, o regime de chuva é definido. Não há chuvas no inverno, apesar de chover bem no verão. Pelo menos onde eu trabalhei em Águas Claras-MS. Ou seja, não há cultura de inverno e renda para o produtor, tendo o agricultor uma oportunidade só de ganho no ano. Se nessas condições, se o produtor tiver 20 dias de estiagem na floração da soja de verão, sem seguro rural, ele perde tudo o que juntou trabalhando a vida inteira. Isso é o que mais tem no Brasil. Quem é da área rural, facilmente acha um parente que perdeu tudo que tinha na agricultura. Outra questão do etanol que precisa ser debatida, é que eu não conheço cortador de cana, com mais de 10anos de trabalho. E segundo eles, com a coluna travada. Estão todos eles pendurados na Previdência Social. É gente com 30 anos, aposentada, que os políticos vão mandar a conta para o contribuinte pagar. Se não adotarem o corte de cana mecanizado, aumentarem a verba para pesquisa, para produzir a cana transgênica, para resistência à broca, que está quase incontrolável, para resistência a herbicidas e bactérias nitrificantes como na soja, para aumentar a eficiência nutricional da planta, a sociedade vai pagar caro, e muito caro. Obs. João entrei no teu site e achei excelente. È só eu ter um tempo, marcarei um horário com o Daniel, para colaborar de alguma forma, já que vocês têm prestado um serviço brilhante ao Brasil, em especial aos agricultores. Muito obrigado

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