Fala Produtor - Mensagem

  • Clayton Arantes Sinop - MT 06/03/2007 00:00

    A Crise Separou o Joio do Trigo; S&oacute; V&atilde;o Ficar os Bons.<br />A revista de circula&ccedil;&atilde;o nacional sobre agroeconomia &ndash; Dinheiro Rural Editora Tr&ecirc;s - Edi&ccedil;&atilde;o n&ordm;. 28 &ndash; Fevereiro de 2007 traz estampada em sua capa a foto do sorridente empres&aacute;rio e mega-produtor rural-Erai Scheffer Maggi (primo do Governador Blairo Maggi) dentro de uma lavoura de soja. A mat&eacute;ria interna, al&eacute;m do decantado sucesso do empres&aacute;rio Erai Maggi, que cultiva 225.000 hectares em MT e prepara-se para colher nesta safra cerca de US$200(duzentos milh&otilde;es de d&oacute;lares) ou R$ 420.000.000,00 (quatrocentos e vinte milh&otilde;es de reais) mostra tamb&eacute;m o exemplo de outros produtores rurais, principalmente da regi&atilde;o sul do estado (Rondon&oacute;polis), as dificuldades e as perspectivas do setor neste in&iacute;cio de ano. At&eacute; a&iacute; tudo bem. <br /> <br /> O problema da reportagem est&aacute; a meu ver &eacute; na capa da revista, mais precisamente em duas frases que aparecem colocadas entre aspas, ao lado da foto do Erai. As mesmas que d&atilde;o t&iacute;tulo a este artigo. <br /> <br /> Eu gostaria de saber do senhor Erai Maggi se foi ele mesmo quem as disse ou se foram colocadas ali pelo editor, para ilustrar a mat&eacute;ria? Acho importante esta oportunidade para esclarecer a situa&ccedil;&atilde;o que tem causado mal estar entre a classe produtora que teve acesso a esta revista, tendo em vista poder tratar-se de um mal entendido pass&iacute;vel de ocorrer. Erai Maggi, al&eacute;m do peso do sobrenome que carrega &eacute; uma lideran&ccedil;a, alimenta tamb&eacute;m pretens&otilde;es pol&iacute;ticas, como fez o primo, Governador Blairo Maggi, e tem o direito ao benef&iacute;cio da d&uacute;vida. <br /> <br /> Mas se ele realmente fez tais afirma&ccedil;&otilde;es, foi extremamente infeliz. <br /> <br /> Todo homem e mulher do campo, propriet&aacute;rio ou arrendat&aacute;rio que com seu trabalho cumprem a fun&ccedil;&atilde;o social da terra e garantem a seguran&ccedil;a alimentar, o bem estar e a paz social de seu povo, &eacute; merecedor de considera&ccedil;&atilde;o e respeito por parte de todos os demais cidad&atilde;os. Isto &eacute; assim em todos os pa&iacute;ses desenvolvidos, educados e civilizados. Por aqui n&atilde;o deveria ser diferente, pois o desenvolvimento do nosso pa&iacute;s ao longo de sua hist&oacute;ria, tem sido alcan&ccedil;ado gra&ccedil;as principalmente ao setor prim&aacute;rio, assim como o vertiginoso desenvolvimento experimentado por Mato Grosso nas tr&ecirc;s ultimas d&eacute;cadas. E neste aspecto,n&atilde;o importam o tamanho de sua propriedade, a extens&atilde;o de suas lavouras, ou os n&uacute;meros de seu faturamento. <br /> <br /> Infelizmente, mesmo entre n&oacute;s, agricultores, esta percep&ccedil;&atilde;o n&atilde;o parece ser consenso. <br /> <br /> Neste momento dif&iacute;cil porque passa o agroneg&oacute;cio de Mato Grosso dever&iacute;amos agir com uni&atilde;o, trabalho e bom senso, para superarmos a crise. &Eacute; preciso acima de tudo, sermos solid&aacute;rios com os companheiros que est&atilde;o tombando pelos campos, nesta batalha injusta que nos foi imposta. Abatidos por diferen&ccedil;as de for&ccedil;as e poderio econ&ocirc;mico para enfrentar a crise, mas nunca tombando por covardia, sem lutar at&eacute; as &uacute;ltimas energias e recursos. Sermos solid&aacute;rios por educa&ccedil;&atilde;o, por consci&ecirc;ncia e por respeito &agrave; hist&oacute;ria de vida de cada um desses her&oacute;is an&ocirc;nimos que n&atilde;o aparecem nas capas das grandes revistas. Mas solidariedade neste caso, penso eu, &eacute; para quem j&aacute; fez tamb&eacute;m desde cedo o aprendizado da necessidade e do trabalho. <br /> <br /> Para quem conhece a &aacute;rdua luta pelo p&atilde;o cotidiano arrancado a duras penas do solo agreste destes chapad&otilde;es. Solidariedade para entendermos e respeitarmos o estado de esp&iacute;rito atual destes homens e mulheres que por estarem sucumbindo diante desta crise, n&atilde;o merecem de forma alguma serem atingidos pelo rolo compressor do marketing da insensatez comparados ao joio, a erva daninha das lavouras, como se fossem uma praga. <br /> Para termos a real no&ccedil;&atilde;o do valor desses homens e mulheres do campo, dentro do contexto social de cada munic&iacute;pio agr&iacute;cola de nosso estado, dever&iacute;amos come&ccedil;ar perguntando aos prefeitos destas cidades: Qual o n&iacute;vel de renda aplicado de volta em benef&iacute;cio de sua comunidade pelos mega-produtores? E pelos grandes-m&eacute;dios e pequenos produtores rurais?Quantos pais de fam&iacute;lia do munic&iacute;pio eles empregam? &Eacute; preciso irmos no com&eacute;rcio destas cidades e perguntarmos aos donos de postos de combust&iacute;veis: Quem s&atilde;o seus clientes? Irmos nas revendedoras de m&aacute;quinas, ve&iacute;culos e pe&ccedil;as, nas oficinas mec&acirc;nicas, nos supermercados, nas farm&aacute;cias, nas borracharias, nas escolas particulares, nos prestadores de servi&ccedil;os etc... E fazermos a mesma pergunta: Quem s&atilde;o os principais respons&aacute;veis pelo seu faturamento? Irmos ao vig&aacute;rio da par&oacute;quia e nas entidades beneficentes de nossas cidades e perguntarmos: Qual a origem dos recursos que mant&eacute;m as atividades desta institui&ccedil;&atilde;o funcionando? <br /> <br /> As respostas a todas estas perguntas n&atilde;o ser&atilde;o diferentes de uma cidade para outra com certeza, e ajudar&atilde;o a sociedade Mato Grossense a perceber as diferen&ccedil;as existentes e a import&acirc;ncia do homem do campo, de uma maneira geral, passando ent&atilde;o saber discernir e por si mesma.<br /> <br /> &quot;Separar o joio do trigo&rdquo;, Compreender&aacute; enfim a nossa luta pela supera&ccedil;&atilde;o da crise da agricultura no Estado, e solid&aacute;ria entender&aacute; que: &ldquo;Os bons, merecem ficar&rdquo;, e ficar&atilde;o... Apesar de tudo...

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