Fala Produtor - Mensagem

  • César Bulhões Martins Aquidauana - SP 14/02/2007 23:00

    Ubatuba, 14 de fevereiro 2007. João Batista ocorreu um fato muito interessante comigo. Trabalhava numa fazenda chamada “Brazil” que era uma coisa de louco; pensa numa terra boa, de primeira qualidade, pH próximo a 7.0, uma saturação de base de 92%, terra roxa, enfim, uma barbaridade de bom. Eu era subordinado, fazia de tudo e tinha como meus superiores o capataz L. Inácio, o “Barbudinho”; o gerente da fazenda: Guido, que era chamado de“Manteguinha”; e o patrão “Jorge Bucha”. Sempre pagavam no dia certo, mas toda vez descontava aproximadamente 45% do meu salário. Um dia cheguei até a perguntar ao Barbudinho, mas ele não sabia o porquê, e dizia que era o Manteguinha que mandava e sempre a mando do Jorge Bucha. Bom, mas deixa pra lá, isso não vem ao caso agora. Um certo dia eu tive uma extraordinária idéia, agregar valor à fazenda do patrão. Fui expor meus planos ao Barbudinho, mas ele disse que não sabia o que era “agregar valor” e mandou eu falar com Manteguinha; este por sua vez consultou o Jorge Bucha e juntos disseram para eu por em ação minha grande idéia. Consistia no seguinte: tirar da carceragem três presidiários e levar para fazenda; era uma medida sócioeducativa e eu acreditava que teria grande êxito. Pois bem, não estava errado, consegui trazer os três e entre eles trouxe também o Pedrinho, que era um menino que estava há dois meses na Febem. Construí um quarto para cada um, grandes e confortáveis, colchões ortopédicos e mantinha os lençóis sempre bem limpinhos. Eles trabalhavam oito horas/ dia, produziam tranqüilamente 68 sc/ há de soja da melhor qualidade, nem ferrugem aparecia; além de porcos, aves, ovos, enfim, muita fartura e se alimentavam muito bem. Durante a semana uma professora da cidade próxima vinha no período noturno ensiná-los, dessa forma aprenderam a ler e escrever. Um belo dia a “casa caiu” João Batista, chegou na fazenda o Conselho Tutelar; como Manteguinha nunca estava e o Bucha só tinha aparecido por lá uma única vez, a turma do Conselho foi direto no Barbudinho, este como não era bobo, disse que não sabia de nada e jogou toda a culpa em cima de mim. O problema era que o Pedrinho tinha 15 anos e eu acabei sendo preso em flagrante por incentivo ao trabalho do menor. Não precisa dizer mais nada, né? Fiquei preso e todo meu trabalho jogado fora, sendo que nada aconteceu aos meus superiores. Fiquei sabendo após alguns dias que Pedrinho estava fazendo barbáries pelas ruas, tinha voltado ao crime e dessa vez bem pior, pois agora ele era letrado e extorquia novos “Pedrinhos”. Num certo domingo, eu recebi uma única visita em minha sela, entrou pelo corredor escuro e foi se aproximando de mim, quando chegou bem pertinho consegui identificá-lo...Era Pedrinho...Meus Deus do Céu!!! Sem compaixão nenhuma puxou do bolso uma pistola e descarregou em mim. Gritei desesperadamente! Me matou?...?...? Que nada!!! O danado deu risada e me molhou todo. Também o que ele poderia fazer? É só uma criancinha de 15 anos brincando com uma pistola d’ água. Afinal, está no estatuto: toda criança tem direito de brincar! Por sorte acordei deste pesadelo todo suado e assustado em minha cama. Tudo na vida é um aprendizado. Aí eu pergunto: será que daria certo levar a sério essa minha idéia do sonho? Mas por favor, heim?! Sem crianças!!! Grande Abraço! César Bulhões Martins

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