Fala Produtor - Mensagem

  • Climaco Cézar de Souza Taguatinga - DF 18/06/2008 00:00

    Amigos do Notícias Agrícolas.

    Ontem o BB lançou na FEICORTE o seu programa de Opções em Bolsas e que pode contribuir para solucionar cerca de 70% dos problemas históricos do agronegócio brasileiro (seqüentes quedas da renda agrícola e ampliação do endividamento). Há 1 ano – quando eu ainda era funcionário da Diretoria de Agronegócios – tive a honra de contribuir para tal fato e quando iniciavam os testes para proteção dos preços futuros do boi (lançado ontem), da soja, do milho e do café. Na verdade, trata-se de um “ponto de honra” para o BB e que mais uma vez muito contribuirá para modernizar e desenvolver o segmento rural.

    CONCEITOS SIMPLES DAS OPERAÇÕES:

    Chama-se de “hedge” as proteções contra as oscilações de preços das mercadorias agrícolas nas Bolsas e uma boa proteção permite o que é desejo de todos “vender para plantar” e não o que vem acontecendo “plantar para vender”, pois quando os preços caem os produtores perdem renda. As operações são muito comuns e praticadas há muitos anos nos EUA e U.E., sendo que na famosa Bolsa de Chicago os negócios são tantos que giram anualmente 9 vezes a safra mundial de soja e 12 vezes a de milho. Também, as operações na Bolsa de Nova Iorque são em volumes elevados e crescentes. Assim, lá, o agronegócio trabalha totalmente protegido contra as oscilações de preços e isto faz muito tempo. Na Argentina, a maior parte dos produtores rurais também se protege, comprando “Opções” principalmente na Bolsa de Rosário.

    Há duas formas usuais de “hedge” nas Bolsas: as operações em Mercados Futuros e as operações em Mercados de Opções. Como os produtores rurais têm riscos de os preços futuros caírem, para se protegerem, vendem contratos futuros na BM&F (operações em Mercados Futuros). Já as agroindústrias, cooperativas e tradings – que têm riscos de os preços subirem – compram contratos futuros. No caso das operações com Opções, as operações são bem mais modernas, fáceis e efetivas (e por isto são as que mais ampliam), mas a diferença é que tanto os produtores como as agroindústrias compram do BB seus direitos de proteções (Opções), pagando para isto - de uma só vez ou de forma parcelada - um Prêmio, com valor combinado (em geral, entre 2% e 7% do valor a proteger, segundo o período e o valor de interesse) e cuja operação se assemelha à compra de um seguro para um carro e em que também se paga um Prêmio. Para se proteger contra as quedas dos preços futuros, em geral, os produtores compram do BB uma Opção de Venda, também chamada de “put” (um direito de proteção contra quedas) e, para se proteger contra as quedas dos preços futuros, em geral, as agroindústrias e tradings compram do BB uma Opção de Compra, também chamada de “call” (um direito de proteção contra altas).

    POR QUE AS OPÇÕES PODEM REVOLUCIONAR A RENDA AGRÍCOLA E O SUCESSO DOS AGRONEGÓCIOS ?

    Por 3 principais razões, a saber:

    a) ao possibilitar a proteção total e segura contra as quedas dos preços, sobretudo protegendo os recursos financiados com Crédito Rural, de custeios e mesmo de investimentos. Ao tomar o seu financiamento de custeio em agosto ou setembro, por exemplo, o produtor rural comprará um ou diversos contratos de “put” para proteger-se contra as quedas dos preços até março a julho do ano seguinte, sendo o prêmio também financiável e até contando com um sobre-limite de crédito (como já ocorre nas operações de proteções das produções com seguro agrícola);

    b) ao criar um ótimo “seguro de receita”, ao tempo que ampliará muito os recursos disponíveis para financiamento do agronegócio. Na prática funcionará assim: 1) os produtores venderão o máximo possível de grãos, ou de outros produtos rurais, de forma antecipada para as trading, cooperativas ou farão trocas por insumos etc.. e desde março do ano anterior (neste caso, o crédito rural do “item b” ficaria para as operações de preparo do solo e colheita e por juros mais baratos); 2) em todas as operações de venda antecipada e/ou de troca seria obrigatória a compra de uma “call” pelos produtores (numa situação inversa, vez que ao fazerem a compra antecipada as trading, cooperativas e agroindústrias precisaram inverter a sua proteção – colocando-se no lugar do produtor - e compraram uma “put”). Como a “call” protegerá o produtor contra as altas futuras (o que mais tem acontecido nos últimos anos), criou-se um “seguro de receita”, pois se o preço baixar o produtor já recebeu bem antes o seu valor adiantadamente ou na forma de insumos e se, ao contrário, o preço subir, ele exercerá o seu direito da “call”, recebendo toda a diferença da elevação dos preços do BB. Neste caso, minha sugestão é que, inicialmente, o valor do prêmio da “call”, além de poder ser financiado junto com tais custeios, possa ser dividido entre as principais partes interessadas, sendo 1/3 do prêmio a ser pago pelas trading, cooperativas ou empresas de insumos mais 1/3 pelos governos na forma de ajudas e subsídios e 1/3 pelos próprios produtores rurais.

    c) ao incrementar-se a cultura e as proteções contra variações de preços pelos produtores rurais e trading, cooperativas e agroindústrias, logo teremos muitos mais negócios (maior liquidez na BM&F) e totais condições de acoplarmos as proteções de preços em Bolsas (Mercados Futuros ou Mercado de Opções) com as já conhecidas e utilizadas proteções contra variações das produções (Seguros Agrícolas), criando então o famoso e ambicionado “Seguro de Renda”, aliás, muito mais barato e efetivo do que as proteções isoladas de preços e de produções. Na Espanha e Canadá, ele já é tão eficiente e efetivo que é adotado por quase 100% dos cultivos e em 100% dos locais e serve, inclusive, como fundo privado de amparo a aposentadoria rural e até como Plano de Saúde Rural (obs: tenho ante projeto de seguro de renda há 4 anos).

    Prof. Clímaco Cezar de Souza

    INAESP- Brasília - e-mail: [email protected]

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