Fala Produtor - Mensagem

  • Climaco Cézar de Souza Taguatinga - DF 16/06/2008 00:00

    Amigos.

    Envio, a seguir, excelente estudo atualizado comparando o sucesso da agricultura empresarial com as dificuldades da reforma agrária. Sem entrar no mérito, o Brambilla, realmente, tem coragem, mas o prof. Graziano da UNICAMP também já mostrou estudo acerca apontando as mesmas dificuldades e que precisam ser sanadas, URGENTE, talvez criando, ao meu ver, um modelo mais de colonização via fomento (sempre com uma agroindustria processadora, e de capacitação, à frente) e menos de reforma agrária.

    Prof. Clímaco Cézar de Souza

    AGROVISION - Brasilia

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    Sucesso da agropecuária nacional X Miséria da Reforma Agrária

    A situação objetiva do campo no Brasil cabe no título acima. Ela só não é reconhecida pela esquerda –– a laica e a católica –– devido ao seu inveterado estrabismo ideológico.

    Hélio Brambilla

    Imagine o leitor a seguinte situação: sair de São Paulo, com os indicadores do serviço de trânsito apontando a marca histórica de 200 km de congestionamento, para mergulhar no interior paulista, em plena safra de grãos; e passar a ver, não mais carros e poluição, mas colheitadeiras que trabalham; atrás delas, plantadeiras que semeiam a nova safra de inverno, denominada safrinha.

    Quem não gosta de observar a natureza na sua calma e placidez, no riacho que murmura, no pássaro que canta, no mar grandioso que rumoreja no vai-e-vem de suas águas? Em outras ocasiões, é bom sentir a dinâmica do homem, rei da criação, preparando a terra, dominando a natureza bruta e plantando. Tudo contribuindo para comprovar a existência de um Deus criador, que nada deixa entregue à própria sorte.

    Santo Tomás de Aquino, o maior teólogo católico, diz que Deus não só criou todas as coisas, mas continuamente às sustenta através das leis que regem a ordem do Universo, e o faz pelo ministério dos anjos.

    Em algumas tarefas, o homem participa da obra da criação. Foi o que levou Dante Alighieri a afirmar que as obras dos homens são “netas de Deus”. Também participa dessa obra no ato de semear e colher: planta-se a semente, que se multiplica; enquanto uma parte vai para a alimentação, a outra volta para o replantio, que perpetua o ciclo da vida.

    Visto nesta perspectiva, é nobre o trabalho do campo, em que a força empreendedora do destemido agropecuarista suplanta as adversidades do clima, as ervas daninhas, os animais nocivos. Invicto, ele enfrenta a batalha da vida e traz a vitória em suas mãos: o fruto.

    Fossem apenas contrariedades da natureza! A exemplo dos senhores feudais da Idade Média, obrigados a enfrentar os animais selvagens, e, sobretudo o bárbaro invasor que tudo destruía à sua passagem, nosso guerreiro rural, além de trabalhar, é compelido também a lutar. É o que vem fazendo contra conspiradores revolucionários que, disfarçados em participantes de “movimentos sociais” e gozando de ampla proteção oficial, tentam atravancar o progresso da agropecuária brasileira.

    Espadas de Dâmocles sobre os produtores rurais

    Sobre a cabeça de Dâmocles, o legendário personagem grego, pendia uma espada amarrada por um fio de linha muito fino; sobre a de nosso herói, o produtor rural brasileiro, pende uma porção de espadas: ambientalismo sectário; Movimento dos Sem-Terra; movimento indigenista; movimento quilombola; impostos altíssimos; falta de seguro agrícola; carência de infra-estrutura; ameaças de fixação de índices de produtividade inatingíveis; acusações de trabalho escravo; limitação do tamanho das propriedades, etc.

    Apesar da conspiração dos utópicos do miserabilismo, que o consideram um “crime hediondo” pelo fato de se basear no direito natural da propriedade privada, o agronegócio tem dado mostras de um vigor extraordinário. E vem produzindo comida farta e de boa qualidade a preços baixos: cerca de 40% do PIB nacional; mais de 50 bilhões de dólares de superávit nas exportações; 40% dos empregos do País. O aumento do PIB, tão festejado pelo governo do PT, deveu-se principalmente ao agronegócio, que aumentou 7,9% (cfr. “Valor Econômico”, São Paulo, 20 a 23 de março de 2008, p. B16).

    Diversos especialistas avaliam em 90 bilhões de dólares o montante de dinheiro injetado no mercado pela safra. Para se avaliar quanto isso significa, o “pacote” lançado pelo presidente Bush no intuito de sanar a economia americana, na primeira fase da crise imobiliária que afetou os Estados Unidos, foi de US$ 150 bilhões. Quantia considerada significativa até para a maior economia do planeta, com um PIB de US$ 12 trilhões.

    Os êxitos espetaculares do agronegócio

    As conseqüências benéficas desse grande feito do agronegócio brasileiro aí estão: aumento na geração de empregos e no consumo. Só no segmento de camionetes, caminhões e máquinas agrícolas, a espera na fila é de seis meses a um ano, pois as fábricas não conseguem produzir o suficiente para atender o mercado.

    As exposições agropecuárias e os agrishows da temporada 2008 estão batendo todos os recordes de público e de negócio. Por exemplo, o show rural de Cascavel, populosa cidade paranaense com menos de meio século de existência, recebeu mais de 180 mil pessoas e teve recorde em negócios, transformando-se no maior da América Latina e um dos primeiros do mundo.

    Eis, a título de exemplo, outros feitos de nosso agronegócio:

    ? A safra de grãos ultrapassou 140 milhões de toneladas.

    ? Somos o segundo maior produtor de soja do mundo.

    ? Somos o maior exportador de soja.

    ? No setor de açúcar e álcool, teremos produção recorde de 30 milhões de toneladas de açúcar e 23 bilhões de litros de álcool (equivalentes a 400 mil barris de petróleo/dia).

    ? No setor dos cítricos, embora tenha havido diminuição na área plantada de laranja, sua produção cresceu 30% devido à renovação dos laranjais. Em cada dez copos de suco de laranja bebidos no mundo, oito são do Brasil.

    ? Maior produtor mundial de café: em cada dez xícaras tomadas no mundo, quatro são do Brasil.

    ? Segundo produtor mundial de milho, com 50 milhões de toneladas (a Europa produz 48 milhões de toneladas).

    ? Rebanho bovino com mais de 200 milhões de cabeças, o dobro do americano. O País tornou-se o maior produtor e exportador de carne bovina.

    ? Segundo maior produtor e exportador de carne de frango do mundo.

    ? No segmento de madeira e celulose, já estamos entre os cinco primeiros em escala mundial. Pela primeira vez, a área de florestas plantadas ultrapassou a das abatidas. Com novas tecnologias de clonagem de mudas, em 2014 teremos a maior área de florestas plantadas do mundo, com a vantagem de produzirmos uma planta para corte em prazo médio de cinco a oito anos, ao passo que nos países nórdicos o prazo para corte é de mais de 20 anos. Também no quesito produtividade, nos Estados Unidos a média por hectare/ano é de 10m³, enquanto no Brasil é de 40m³/ano.

    Progressos quanto à cana de açúcar

    Alguns detalhes quanto aos avanços obtidos no setor de cana-de-açúcar, no qual somos líderes.

    No mês de fevereiro, o consumo de álcool (anidro/hidratado) ultrapassou o da gasolina. Nossa frota, que no início da produção de álcool, na década de 80, era de três milhões de veículos, ultrapassa hoje 30 milhões (fora os movidos a diesel).

    As usinas estão se aparelhando para produzir energia elétrica a partir do bagaço de cana queimado nas caldeiras. Se todas elas gerassem essa energia, saltaríamos de uma produção de 5 a 6.000 Mw/h para 32.000 Mw/h, equivalentes à produção de duas usinas de Itaipu. Apenas 50 das quase 400 usinas existentes estão gerando energia, o que em grande parte se deve ao centralismo estatal brasileiro.

    Os usineiros perderam o estímulo, porque nos leilões de energia o governo ofereceu menos de 100 reais por Mw/h. Como conseqüência, o risco do apagão colocou-o na contingência de acionar as termoelétricas a gás, que custam mais de 400 reais o Mw/h. Além disso, por causa do apagão do gás decorrente do boicote da Bolívia, em alguns casos o governo teve de acionar as termoelétricas a diesel, a um custo de mais de 800 reais o Mw/h. Estrabismo governamental em prejuízo da economia.

    O centro de tecnologia da Braskem, o maior grupo petroquímico da América Latina, pertencente ao Brasil, já desenvolveu o primeiro sistema de produção de polietileno a partir do álcool de cana. O produto já foi certificado internacionalmente, e até o final de 2009 iniciará a produção de 200 mil toneladas/ano. Será usado na indústria automobilística, em embalagens, cosméticos etc., com a vantagem de ser biodegradável (Anuário da cana-de-açúcar 2007, p. 82).

    Está em fase final de experiência a chamada “segunda geração de combustível da cana”. O sistema busca a viabilização do álcool celulósico por hidrólise e gaseificação, a partir da biomassa dos restos do bagaço e da palha da cana.

    Centros de pesquisas do governo paulista, com apoio da iniciativa privada, já estão com estudos muito avançados para iniciar em curto espaço de tempo a produção de álcool, ácido acético e dimetil éter (DME). Trata-se de um substituto para o diesel e o gás liquefeito de petróleo (GLP), comumente chamado gás de cozinha (“Jornal Cana”, fevereiro de 2008, pp. 84 e 85).

    Em vista disso, podemos vislumbrar o que se pode abrir de perspectivas para o setor.

    Política acertada: dar precedência à agropecuária

    Plinio Corrêa de Oliveira sempre disse que o Brasil deveria dedicar-se primordialmente à produção agropecuária e à conseqüente transformação de seus produtos. Subsidiariamente deveria desenvolver seu parque industrial, e mesmo assim dando precedência a produtos para a agricultura e as indústrias processadoras, e secundariamente a outros segmentos industriais.

    Foi o contrário do que fizeram certos governos de tendência socializante. A partir da década de 50 do século passado, foi criado um parque industrial mantido à base de subsídios estatais, gerando empresas paquidérmicas da iniciativa privada e estatal que, por falta de lastro e de tecnologias competitivas, sucumbiram ao menor sopro dos ventos da globalização.

    Exemplo disso foram as célebres “carroças brasileiras”, como se exprimiu o ex-presidente Collor para se referir aos deficientes veículos produzidos então no Brasil, comparados com a alta performance dos modelos importados.

    A abertura para o mercado internacional colocou-nos em pé de igualdade com os fabricantes em escala mundial. Se os políticos do século passado tivessem dado o suficiente apoio ao setor do agronegócio, através das pesquisas, do seguro agrícola, de garantias de preços mínimos, certamente hoje estaríamos entre as primeiras nações do mundo.

    Aqui vale o dito: “É só o governo não atrapalhar, que o agronegócio deslancha”. Deixemos o homem do campo trabalhar em paz, e teremos comida farta e barata, grandes excedentes para exportação, aumento das reservas cambiais, geração de empregos, combustível ecologicamente correto, etc.

    Convém ressaltar que, nos últimos tempos, a esquerda internacional vem levantando o espantalho da escassez de alimentos, tendo como um dos vilões o biocombustível e pondo em foco principalmente o Brasil, pela produção da cana-de-açúcar.

    A este propósito, cumpre esclarecer que menos de 1% das terras brasileiras são utilizadas na produção de cana. De outro lado, contestar a esquerda internacional ao tachar de “crime” o fato de o Brasil estar produzindo cana, segundo eles em detrimento dos alimentos. A criminosa, neste caso, seria a própria esquerda, por conta da propaganda e pressão descabidas e insistentes que exerce sobre o campo brasileiro, martelando slogans marxistas cuja aplicação só gerou miséria pelo mundo afora.

    Ideal: área da Reforma Agrária para a produção de grãos

    A esquerda brasileira, ávida de ser cortejada pela intelligentsia internacional, aplicou no Brasil uma Reforma Agrária tão absurda, que é impossível não reconhecer má fé em seus fautores. Hoje existem mais de 50 milhões de hectares em mãos de assentados nas áreas agro-reformadas. Nada produzem, e ainda dependem de cestas básicas com produtos oriundos do agronegócio para subsistir.

    Se desse total fossem retirados 45 milhões de hectares para a produção de grãos, pura e simplesmente a dobraríamos. Utilizando-se outros 7 milhões para a produção de álcool, chegaríamos praticamente à auto-suficiência em matéria de combustível “ecologicamente correto”.

    Com isso, milhões de novos empregos seriam gerados, devolvendo a dignidade a tantas famílias que vegetam de forma sub-humana em barracas de lona ou em autênticas favelas rurais, nas quais se converteram os assentamentos. É na situação delas que devemos pensar — e nos vastos espaços ociosos que elas ocupam, sobre os quais inexiste, da parte do governo, qualquer exigência de “índice de produtividade” — toda vez que ouvirmos algum alto dirigente se vangloriar dos “feitos” da Reforma Agrária...

    Como para Deus nada é impossível, possam os inveterados fanáticos da esquerda brasileira trocar as trevas da Teologia da Libertação, em que jazem, pela luz da graça divina, de modo a um dia compreenderem que o futuro brilhante do Brasil está na observância da Lei natural e da Lei de Deus, e não nos absurdos e utopias de Marx e de Lenine.

    E-mail do autor: [email protected]

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