Fala Produtor - Mensagem

  • Ricardo Arioli Silva Cuiabá - MT 24/09/2010 00:00

    UMA REVOLUÇÃO SEMPRE ATUAL

    A passagem da Semana Farroupilha, data mais importante do tradicionalismo gaúcho, foi comemorada com bastante entusiasmo na maioria dos estados brasileiros. A presença de gaúchos e sulistas, dispersos pelos mais longínquos rincões do Brasil, confere à data de 20 de Setembro como sendo o grande momento de reflexão e respeito à epopéia farroupilha.

    Em momentos de rara beleza, a comunidade gaúcha expressa sua mais pura cultura, através de versos, músicas, danças e da gastronomia típicas da querência sempre amada e reverenciada. Festa bonita, sadia, respeitosa e cada vez mais importante nestes tempos de memórias curtas e virtudes escassas.

    Os dez anos da revolução iniciada em 1835 e terminada em 1845 foram marcados por batalhas ferrenhas e heróicas, onde o povo gaúcho demonstrou personalidade e bravura, apesar da incontestável superioridade numérica e econômica do exército imperial. A Paz selada em Ponche Verde, extremamente honrosa, diga-se de passagem, transformou em heróis os combatentes de ambos os lados da Revolução.

    Mas analisando os motivos que levaram os revolucionários a pegarem nas armas, conclui-se que os mesmos continuam muito atuais. Foram estas as principais causas que desencadearam a Revolução: Impostos progressivos ao charque, principal produto de exportação rio-grandense; concorrência comercial desleal dos produtos oriundos da região do Prata; descaso do governo central aos prejuízos dos fazendeiros.

    Quase duzentos anos após, os motivos que culminaram naquela revolução ainda persistem, logicamente atingindo outros produtos e de formas mais sofisticadas, porém com as mesmas raízes. A ganância tributária federal na sua sanha arrecadatória inviabiliza estados e municípios, tornando-os inadimplentes contumazes e presas fáceis do clientelismo corrupto instaurado em todas as esferas de poder. Não importa se o empresário, o comerciante, o pequeno industrial estão sendo inviabilizados pela tributação obscena. Importa sim que os números da arrecadação melhorem e passem a imagem de que o país está sendo bem administrado. Ao Governo não importa quem está produzindo ou deixando de produzir, nesta rotatividade imensa que ocorre na economia. Importa sim, quanto está “entrando” para saciar o apetite do estado glutão.

    Pensava assim o Governo Imperial à época dos Farroupilhas. Continua pensando da mesma forma, porém com mais eficiência na sua estrutura arrecadatória. Antes era o “quinto do Império”, hoje talvez o quarto ou o terço, dependendo do que os computadores de última geração, instalados por todo lado, conseguem farejar.

    Parabéns aos heróis farrapos que se levantaram contra o Império naquela época remota. Parabéns aos que continuam tentando produzir, gerando empregos e, de maneira digna, contribuindo para o crescimento deste país continente.

    A atual conjuntura não permite mais que se pegue em armas para combater injustiças, mas ainda se pode demonstrar indignação através da única arma que sobrou: o voto popular!

    Rogério Arioli Siva

    Produtor Rural

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