Como fica o balanço de oferta e demanda dos EUA após as intenções de plantio? , por hEDGEpoint Global Markets
Na semana passada foi divulgado um dos relatórios mais relevantes do ano, as Intenções de Plantio do USDA. Depois de muita especulação, os agricultores americanos finalmente se pronunciaram e a mensagem foi que eles pretendem plantar muito milho em detrimento da soja -- pelo menos em relação às expectativas anteriores ao relatório.
A questão que resta agora ao mercado é: como isso afeta o balanço de oferta e demanda dos EUA?
Produção
O lugar óbvio para começar é a produção. É claro que ainda teremos o verão inteiro pela frente e o clima mudará tudo, mas por enquanto vamos nos ater à produtividade e proporção de hectares colhidos/plantados do Fórum de Perspectivas do USDA (fev). Com isso, tem-se praticamente o mesmo volume de soja, mas cerca de 200M bu a mais de milho do que o previsto anteriormente.
Seguindo com a mesma metodologia para demanda, ou seja, mantendo os números do Fórum de Perspectivas Agrícolas do USDA (Agricultural Outlook Forum), também podemos calcular os estoques e a relação estoque/uso.
Estoques e estoque/uso
Como os números da produção de soja mudaram muito pouco, os estoques também. A diferença é que agora o estoque de passagem de 22/23 é esperado um pouco menor do que em fevereiro, quando foi divulgado o Outlook. Portanto, estoques e E/U também são projetados menores.
Agora, o fato de os estoques terem permanecido próximos aos números anteriores não significa que o relatório não tenha sido altista para a soja, ele foi. Isso se deve ao fato de que os agentes esperavam uma área maior de soja e, portanto, projetavam o estoque/uso do próximo ciclo em um nível mais confortável.
O oposto é verdadeiro quando se trata de milho. A intenção de área veio maior tanto em relação aos números de fevereiro do USDA quanto à estimativa média do mercado. Para completar, o estoque de passagem de 22/23 também foi revisado para cima no último WASDE em relação aos números de fevereiro, o que só aumenta a oferta já maior em 23/24.
Considerando nosso cenário teórico onde a demanda permanece a mesma projetada no Outlook Forum, estaríamos olhando para uma recuperação agressiva de um dos níveis de E/U mais baixos da década (entre 21/20 e 22/23) para um dos mais altos no final de 23/24. No entanto, a maior oferta agora prevista pode “incentivar” uma demanda também maior, o que mudaria esse cenário aqui apresentado. Por isso o estamos chamando de teórico.
Ok, mas o que tudo isso indica em termos de preços? E o que acontece caso a demanda realmente cresça “em resposta” a uma maior produção?
Preços
Olhando a relação histórica entre preços e estoque/uso (Figura 5), os contratos futuros de soja de novembro parecem estar refletindo muito bem o balanço pós-Intenções de Plantio.
Os de milho dezembro, no entanto, não. A Figura 6 mostra que eles estão negociando acima do que “deveriam” com base no E/U estimado anteriormente, o que seria um sinal baixista. Agora, como apontado, a demanda “tende” a crescer com o aumento da oferta, isso não deveria diminuir o estoque/uso e, portanto, justificar esses preços mais altos? Sim, mas em partes.
O ponto é que o mecanismo pelo qual o aumento da oferta desencadeia maior demanda é a queda dos preços. Assim, o mais provável é um pouco dos dois: os preços devem cair um pouco, incentivando a demanda a crescer, o que, por sua vez, faria o E/U cair também.
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