Mercado de café: NOVA IORQUE SUSTENTA E LONDRES CEDE
O parlamento Grego aprovou medidas de ajuste (mais duras do que o povo tinha votado em não concordar) abrindo o caminho para novos tranches de financiamento ao país e a reabertura dos bancos. O FMI continua pressionando para um “desconto” no valor das dívidas da Grécia e muitos analistas acham difícil o país atender a todas as exigências do ECB, o que deve fazer o problema ressurgir em alguns anos.
A presidente do banco central americano em sua apresentação ao congresso deu fortes sinais de que os juros aumentarão ainda este ano fazendo com que o dólar fortalecesse. A fraqueza do Euro se acentuou com o discurso do BCE (banco central europeu) garantindo a continuação do plano de compra de títulos, ajudando inclusive o carry-trade que faz investidores venderem (tomar emprestado) o Euro para aplicar em países que pagam taxas de juros atrativas.
O mercado acionário mundial teve um desempenho forte frente às notícias positivas, entretanto os índices de commodities não conseguiram sustentar, caindo com a valorização da moeda americana. Dentre os componentes do CRB apenas o suco de laranja, o cacau, o café, o algodão, e o gás natural conseguiram subir algo.
O contrato de arábica de Nova Iorque teve uma reação positiva no começo da semana em função do exercício de 620 lotes de opções compra fora do dinheiro (strike de 127.50) e do COT que mostrou os fundos mais vendidos do que o esperado. Na sequência uma “leve” queda de pouco mais de US$ 3 centavos limpou um pouco dos novos comprados, em sessões de volumes módicos. O robusta por outro lado despencou por ser um mercado que tem um fundamento mais fraco, como tenho defendido neste espaço. A formação técnica do contrato de Londres, inclusive, aponta para mais baixas, considerando entre outras coisas os estoques no Vietnã, certificados na bolsa, demanda mais lenta, etc.
No físico aparece algum interesse para a safra nova Vietnamita com diferenciais mais descontados, enquanto no arábica o spot tem atraído alguma atenção, mas o FOB não tem encaixado os interesses de venda. Algumas origens se beneficiaram como, por exemplo, o Brasil onde o Real voltou a negociar a R$ 3.20 e na Colômbia com o peso negociando no mais baixo patamar desde 21 de maio de 2004!
Outro torrador americano grande diminuiu o preço do torrado e moído na gondola, motivo que poderia ter pressionado as cotações, assim como o aumento dos estoques nos Estados Unidos que em Junho subiram 220,664 sacas – totalizando 5,51 milhões de sacas – outro fato usado pelos baixistas para comprovar que a demanda por aqui está caindo.
O comportamento do mercado mais uma vez sinaliza que o potencial de baixa, por ora, está limitado, parcialmente ajudado pela percepção de que o produtor brasileiro não vai entregar os pontos e vender seus cafés nos atuais patamares. Esta percepção tem uma contribuição da safra ter atraso, com o clima também contribuindo para um aparecimento menor de grãos no mercado doméstico. Vale salientar que muitos produtores têm dado prioridade para honrar seus contratos a termo, de certa forma balanceando o fraco interesse de compra normal durante o verão no hemisfério norte.
Um rompimento do nível de 132.50 do contrato de Setembro do “C” e, mais importante, de 137.80 deve acelerar uma cobertura da posição vendida dos fundos, que não mudou muito. Trabalhar acima de 140 cents/pound é o que espera quem precisa vender mais café, o que parece provável acontecer, mas não sei se o mercado está pronto para se manter por muito tempo acima do nível com o Real enfraquecendo. Na dúvida é melhor aproveitar os rallies para vender café.
Uma excelente semana e muito bons negócios a todos,
Rodrigo Costa*
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