Cana: Safra 22/23 será de alta produção e bons preços para açúcar e etanol, projeta Pecege
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Entrevista com Haroldo Torres - Gestor do Pecege sobre a safra 22/23 de cana
As expectativas para safra 22/23 de cana-de-açúcar são bastante positivas, devido a um cenário duplamente favorecido, com preços elevados e aumento de produtividade em relação à safra anterior. Essa é a projeção feita por Haroldo Torres, gestor do Pecege (Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresas), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP).
Em primeiro lugar, Torres citou a recuperação da produtividade para os canaviais na safra 22/23, fruto das chuvas que ocorreram a partir de outubro. Ele citou que em 2021, o setor foi “golpeado” por três eventos adversos: seca severa, geadas e incêndios.
Com um clima mais favorável a partir do último trimestre do ano passado, haverá um aumento de produção em relação à safra 21/22, que não será ainda melhor, pois os canaviais continuam sendo castigados por esses eventos, principalmente os incêndios e geadas, que provocaram falhas em algumas lavouras, as quais estão atrasadas.
Mesmo com um aumento de produção previsto, os preços devem continuam favoráveis, segundo Torres. As projeções são ainda mais otimistas para a safra 23/24, pois ele acredita que os bons preços levarão os produtores a investirem mais em suas propriedades, aumentado a taxa de renovação, o que deve gerar novos ganhos de produtividade nos próximos ciclos, caso o clima permita.
Entretanto, o gestor alerta que os ganhos não serão generalizados no Brasil, pois alguns locais, sobretudo o Mato Grosso do Sul e Paraná, estão sendo bastante prejudicados pela falta de chuvas, por isso a recuperação prevista não será homogênea.
Mix das usinas
Na safra 22/22, o mix das usinas esteve quase 55% voltado para o etanol, mesmo com bons níveis de preço do açúcar, como apontou Torres. Para 22/23, ele acredita que o mix irá aumentar para em torno de 57,5% para o combustível. “Vamos ter ligeiro incremento para produção de etanol. Quando olhamos para paridade da safra toda, o retorno esperado proporcionado pelo etanol será superior ao do açúcar”, declarou.
Segundo Torres, 50% do açúcar já está fixado nas usinas brasileiras, para serem embarcados a partir do início da safra. Esse percentual é inferior ao 70% fixado no mesmo período de 2021. Dessa forma, com uma potencial valorização do etanol durante este ano, o combustível terá margem maior de rentabilidade.
PEC dos combustíveis
Um importante fator de interferência no preço do etanol é o petróleo. Como avaliou Torres, o petróleo está atingindo as máximas de 8 anos devido a dois fatores: os conflitos entre Rússia e Ucrânia e no Oriente médio e a valorização do dólar em relação ao real, que, de acordo com a projeção do gestor do Pecege, não vai arrefecer neste ano.
Esse cenário mantém o preço da gasolina valorizado, o que abre oportunidade para alta do preço do etanol. Porém, com destacou o gestor, um ponto pode mudar essa condição, que é a PEC dos combustíveis, a qual tem o intuído de cortar impostos da gasolina, com objetivo de reduzir a inflação.
Com a aprovação da PEC, a gasolina ficará mais barata, o que reduzirá a paridade de preços entre o etanol e a gasolina. De acordo com Torres, neste ano etanol anidro pode chegar a R$ 3,98/l recebidos pelas usinas e o hidratado a R$ 3,43, mas isso ainda vai depender da paridade entre etanol e gasolina.
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