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Embrapa Agroenergia desenvolve duas variedades que respondem principais desafios do setor

Publicado em 03/01/2022 15:15 e atualizado em 03/01/2022 16:43
Hugo Molinari - Pesquisador da Embrapa Agroenergia
Variedades Cana Flex I e a Cana Flex II, apresentam, respectivamente, maior digestibilidade da parede celular e maior concentração de sacarose nos tecidos vegetais

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Entrevista com Hugo Molinari - Pesquisador da Embrapa Agroenergia sobre a 1ª cana editada não-transgênica no mundo

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Cientistas da Embrapa Agroenergia desenvolveram as primeiras canas-de-açúcar editadas consideradas não-transgênicas do mundo. São as variedades Cana Flex I, que apresenta maior digestibilidade da parede celular, e Cana Flex II, com maior concentração de sacarose nos tecidos vegetais. Para falar sobre esse assunto, o Notícias Agrícolas conversou com o pesquisador Hugo Molinari, que participou dos estudos.

Conforme destacou Molinari, as variedades foram desenvolvidas ao longo de 12 anos de pesquisa. A primeira delas, a Cana Flex I, é fruto do silenciamento do gene responsável pela rigidez da parede celular da planta. Essa estrutura foi modificada e apresentou maior “digestibilidade”, ou seja, maior acesso ao ataque de enzimas durante a etapa da hidrólise enzimática, processo químico que extrai os compostos da biomassa vegetal.

Já a segunda variedade foi gerada por meio do silenciamento de um gene nos tecidos da planta, o que ocasionou um incremento considerável na produção de sacarose. Como vantagens da Cana Flex II, ocorre o aumento da eficiência na produção de bioetanol, a descoberta de uma variedade mais adequada ao processamento industrial e a obtenção de um bagaço com maior digestibilidade.

 

Técnica de desenvolvimento

O principal diferencial das canas editadas não-transgênicas é a técnica utilizada para o desenvolvimento. As pesquisas utilizaram a edição genômica Crispr (do inglês clustered regularly interspaced short palindromic repeats), técnica revolucionária de manipulação de genes descoberta em 2012.

A tecnologia utiliza a enzima Cas9 para cortar o DNA em pontos determinados, modificando regiões específicas. A descoberta rendeu o Prêmio Nobel de Química em 2020 às pesquisadoras que publicaram o primeiro artigo sobre o tema: Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna.

Como contou o entrevistado, as variedades foram desenvolvidas ao longo de 12 anos de pesquisa, e a técnica utilizada possibilitou editar genes específicos, sem incorporar material transgênico. Assim, o genoma da cana-de-açúcar foi editado sem nenhuma inserção de DNA exógeno.

 

Disponibilização para o mercado

Em relação a quando as novas variedades estarão disponíveis para a comercialização, Molinari afirmou que a Embrapa já está recebendo muitos contatos de usinas e produtores, porém os pedidos estão sendo colocados em uma lista de espera, pois a pesquisa ainda precisa ser finalizada. Em dezembro houve a aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) para que o material pudesse sair da casa de vegetação e ser levado para o campo.

A partir de agora, serão finalizados alguns ensaios experimentais, que devem ser concluídos em até 12 meses. Assim, a projeção do pesquisador é de que a partir de 2023 será possível contatar os produtores e usinas para fazer as primeiras conversações de transferência ou licenciamento dos materiais.

 

Benefícios da nova técnica

Segundo Molinari, a nova ferramenta vai colocar instituições como a Embrapa em uma nova era de desenvolvimento de materiais. A técnica utilizada permite democratizar o uso da tecnologia, pois abrevia o tempo para gerar novas variedades em até metade do tempo e ainda reduz o custo de produção de 30% a 60%, dependendo do produtor, por não precisar passar por processos regulamentários que passam os transgênicos, para serem liberados em outros países para onde são exportados.

O pesquisador ressaltou que a pesquisa foi realizada com recursos da Embrapa e em breve deve ser anunciada a primeira soja editada não-transgênica, obtida com a aplicação da mesma técnica. “Vale a pena investir em pesquisa, investir em ciência, investir em projeto que realmente sejam disruptivos”, finalizou o Molinari.

 

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Por:
Jhonatas Simião e Igor Batista
Fonte:
Notícias Agrícolas

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