Açúcar: Mercados têm dia de pânico com nova variante da Covid-19 e atenção deve continuar nos próximos dias
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Entrevista com Arnaldo Luiz Corrêa - Diretor da Archer Consulting sobre o Mercado do Açúcar e Etanol
O cenário foi de pânico desde a manhã desta sexta-feira (26) no mercado financeiro. Foi assim que Arnaldo Luiz Corrêa, diretor da Archer Consulting, definiu as movimentações nas bolsas de valores, depois de ser detectada uma nova variante da Covid-19 na África do Sul. Após o petróleo começar a registrar uma queda acentuada, que ultrapassou 13% ao fim do dia, todas as outras commodities reagiram em um efeito dominó.
Aliado à desvalorização do dólar em relação a real de quase 1% durante a semana, isso representou para o açúcar uma queda R$ 100/t no contrato de março. “Uma lição a gente tem que aprender: temos que aproveitar quando temos situação de preços altos em dólares e real fraco, porque assim o exportador consegue fixar preços em níveis muito maiores”, frisou Corrêa.
Mas mesmo assim, com a grande desvalorização do petróleo – e da gasolina em consequência –podem ocorrer mudanças significativas na maneira como as usinas poderão tratar a produção no próximo ano, dando mais ênfase à produção de açúcar no lugar do etanol. “Se os preços do petróleo continuarem caindo, a arbitragem entre açúcar e etanol fica mais fraca em relação ao etanol e a usinas teriam, em tese, que dar preferência à produção do açúcar”. Entretanto, esse cenário ainda é muito prematuro e toda essa situação ainda vai depender bastante de fatores climáticos.
Para o diretor, será necessário observar como será a questão da nova variante. Se acontecer um recrudescimento da pandemia, retornará o ciclo de lockdowns. “Quero crer que esse não será o fato, mas se tiver restrição de viagens e de turismo, isso refletirá no mercado de energia, pois serão menos viagens de avião e internas”. Como destacou, algumas das ações que mais caíram na bolsa nesta sexta foram de aviação e turismo. “Os ativos afetados de maneira mais visíveis são os ativos que representam locomoção, viagens e consumo de energia”, completou.
Conforme disse Corrêa, agora é prudente, antes de fazer uma análise sobre 2022, esperar algumas semanas para saber o real significado dessa nova cepa. Se o cenário for o mesmo do ano passado, as commodities entrarão queda, porque os investidores vão sair dos ativos de risco e buscarão mercados que dão mais segurança.
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Mix das usinas
Em relação ao mix das usinas, Corrêa acredita que este mês fechará com um número próximo de 50%. “O que notamos é uma desaceleração por parte das usinas na fixação de preços, muito mais em função da percepção de que os custos de produção de açúcar subiram muito mais do que era esperado”, afirmou o diretor.
Como ele apontou, os custos de produção nas usinas cresceram 40%. Isso se deve, em grande parte, à desvalorização do real em frente ao dólar, pois muitos insumos têm ligação estreita com a moeda americana. “As usinas temem que preços, antes excelentes, empatem com custo de produção”.Para ele, o mix de 50% irá permanecer até que a nova safra comece a ser colhida e moída.
Etanol
Em relação ao preço do etanol, o diretor afirmou que o combustível ficará em função do valor da gasolina internamente, que por sua vez vai depender da combinação do petróleo e real. “Com o real ligeiramente mais forte em relação ao dólar nesta semana e com a gasolina despencando lá fora, a tendência é de que a hoje Petrobras possa ter preços mais baratos. O cálculo que vi hoje dava conta que a Petrobras hoje tem condições de abaixar o preço da gasolina na refinaria em mais de 20 centavos. Hoje o mercado está apontando o preço na refinaria para 2,99 a Petrobras está cobrando 3,20”, afirmou. Segundo Corrêa, a queda do petróleo será refletida ao consumidor. Isso acontecendo, o hidratado terá de ser ajustado no mesmo rumo e, consequentemente, haverá queda de preço nas bombas.
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